Diário da Covid-19: Diminui a média de casos, mas aumenta a média de mortes

Já chega a 50 o número de países que registraram mais de um milhão de casos. Ainda não é possível prever o fim da pandemia

Por José Eustáquio Diniz Alves | ODS 3 • Publicada em 6 de fevereiro de 2022 - 08:47 • Atualizada em 1 de dezembro de 2023 - 18:34

No Parque Dona Lindu, na zona sul de Recife, pacientes formam files imensas para fazer o teste da covid-19. Número de casos teve uma leve queda, mas registros de mortes sobem (Foto Rafael Vieira/Agif via AFP)

A média de pessoas infectadas pela covid-19 diminuiu na primeira semana de fevereiro de 2022, enquanto a média de mortes aumentou, tanto no Brasil quanto no mundo.  Em grande parte, este padrão já era esperado, pois, em geral, o aumento dos óbitos acontece com uma certa defasagem temporal após o surto de contaminação.

O pico dos casos no mundo ocorreu no dia 25 de janeiro com média móvel de 3,43 milhões de pessoas infectadas (valor 4 vezes mais alto do que o maior pico anterior de abril de 2021). No dia 04 de fevereiro, mesmo com valores ainda elevados, a média móvel caiu para 2,9 milhões de casos. No Brasil, a média móvel atingiu o máximo de 189,2 mil casos no dia 29/01 e caiu ligeiramente para 182,3 mil casos no dia 04/02. Em termos de coeficiente de incidência, o Brasil apresenta cerca de 800 casos por milhão de habitantes e o mundo, cerca de 400 casos por milhão, conforme mostra o painel superior do gráfico abaixo do site Our World in Data, com dados da Universidade Johns Hopkins.

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O painel inferior do gráfico abaixo mostra que as curvas epidemiológicas de mortalidade subiram em 2022, mas em valores abaixo dos patamares de 2021. No mundo, até o dia 04 de fevereiro, o número de vidas perdidas ultrapassou a média de 10 mil óbitos diários (1,3 óbitos por milhão) e, no Brasil, ultrapassou 700 vítimas fatais (3,4 óbitos por milhão).

Segundo dados do Ministério da Saúde, em 05 de fevereiro de 2022, o Brasil registrou 26.473.273 pessoas infectadas e 631.802 vidas perdidas, com média móvel de 7 dias de 199,8 mil casos e 754 mortes (o que dá 1 morte a cada 2 minutos, todos os dias de 30 de janeiro a 05 de fevereiro de 2022). No dia 05/02 foram registradas 1.308 mortes em 24 horas.

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A covid-19 já atingiu mais de 220 países e territórios nos últimos 2 anos e, ao invés de diminuir, vem apresentando números inesperados em 2022. No dia 01 de março de 2020, havia somente 1 país com mais de 10 mil casos confirmados de Covid-19 (a China) e havia 6 países com valores entre 1 mil e 10 mil casos (Irã, Coreia do Sul, França, Espanha, Alemanha e Estados Unidos). No dia 01/05/2020 havia apenas um país com o registro de 1 milhão de pessoas infectadas. No dia 01 de janeiro de 2021 já eram 18 países com mais de 1 milhão de casos da covid-19. Um ano depois passou para 42 países com mais de 1 milhão de casos. Mas somente no mês de janeiro o salto foi grande e o mundo chegou a 50 países com mais de 1 milhão de casos em 01/02/2022. Os destaques ficam para os EUA, que já registram quase 80 milhões de casos acumulados, e a Índia, com mais de 40 milhões de casos.

A lista dos 50 primeiros colocados do ranking, com a data em que chegaram à marca de 1 milhão, são: EUA (27/04/20), Índia (16/07), Brasil (19/06), Rússia (01/09), Espanha (15/10), Argentina (19/10), França (23/10), Colômbia (24/10), Turquia (28/10), Reino Unido (31/10), Itália (11/11), México (15/11), Alemanha (26/11), Polônia (02/12), Irã (03/12), Peru (22/12), Ucrânia (24/12), África do Sul (26/12), Indonésia (26/01/21), República Tcheca (01/02), Holanda (06/02), Chile (01/04), Canadá (05/4), Romênia (09/04), Iraque (21/04), Filipinas (26/04), Suécia (05/05), Bélgica (06/05), Bangladesh (10/07), Paquistão (23/07), Malásia (25/07), Japão (07/08), Portugal (15/08), Tailândia (20/08), Israel (24/08), Sérvia (09/10), Vietnã (11/11), Áustria (18/11), Hungria (21/11), Suíça (30/11), Jordânia (10/12), Grécia (12/12), Marrocos (09/01/2022), Austrália (10/01), Irlanda (11/01), Dinamarca (13/01), Cazaquistão (16/01), Cuba (17/01), Georgia (17/01) e Eslováquia (30/01).

Analisando a situação regional, o gráfico abaixo do Our World in Data mostra as curvas epidemiológicas da covid-19 no Brasil, no mundo e nos continentes, de 01 de setembro do ano passado a 04 de fevereiro do corrente ano. Nota-se uma tendência recente de queda do número de casos em todos os continentes, podendo indicar um arrefecimento do atual surto pandêmico. Por exemplo, a Oceania registrou 2.540 casos por milhão no dia 13/01 e caiu para 647 casos por milhão no dia 04/02. A América do Norte também apresentou grande queda do coeficiente de incidência e, no dia 04/02, apresentou 653 casos por milhão, abaixo da América do Sul com 750 casos por milhão de habitantes.

Em relação ao coeficiente de mortalidade, o gráfico abaixo mostra as curvas epidemiológicas do Brasil, do mundo e dos continentes no mesmo período do gráfico anterior. Com exceção da Oceania, todos os demais continentes apresentam tendência de alta do número de mortes para a covid-19. A África registra uma certa estabilidade em patamar baixo e a Europa uma certa estabilidade em patamar alto. A América do Sul tinha 0,57 óbitos por milhão no dia 01/01 e passou para 3,8 óbitos por milhão de habitantes no dia 04/02, a maior aceleração no ano de 2022.

Desde 2020, diversas projeções foram feitas antevendo o fim da covid-19. Porém, todas as previsões falharam e a pandemia tem se mostrado muito mais resiliente do que se imaginava. Ao longo do tempo, a tendência é que a ampliação da proporção de pessoas contaminadas e o aumento da quantidade de pessoas plenamente vacinadas possam contribuir para o controle da doença. Contudo, o surgimento de novas variantes do SARS-CoV-2, a persistência de um movimento antivacina e a difusão de posturas negacionistas são elementos que dificultam o controle da pandemia e tornam as perspectivas futuras bastante incertas.

Frase do dia 06 de fevereiro de 2022

“Entre nós tudo é inconsistente, provisório, não dura”

Lima Barreto (1881-1922) 

José Eustáquio Diniz Alves

José Eustáquio Diniz Alves é sociólogo, mestre em economia, doutor em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar/UFMG), pesquisador aposentado do IBGE, colaborador do Projeto #Colabora e autor do livro "ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século" (com a colaboração de F. Galiza), editado pela Escola de Negócios e Seguro, Rio de Janeiro, 2022.

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