Diário da Covid-19: O pior ano da pior década perdida no Brasil

A imagem das covas abertas no cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus, correram o mundo como símbolo do drama da covid-19 no Brasil. Foto Michael Dantas/AFP

País termina 2020 com oito milhões de infectados, 200 mil mortos, sem vacina e com um desemprego recorde

Por José Eustáquio Diniz Alves | ODS 3 • Publicada em 3 de janeiro de 2021 - 11:47 • Atualizada em 7 de janeiro de 2021 - 11:35

A imagem das covas abertas no cemitério Nossa Senhora Aparecida, em Manaus, correram o mundo como símbolo do drama da covid-19 no Brasil. Foto Michael Dantas/AFP

O ano de 2020 teve de tudo, menos monotonia e previsibilidade, pois conseguiu ser pior do que todos os demais anos, desde 2011, fazendo também do último decênio a pior década perdida entre todas as décadas já perdidas no país. O Brasil que era um país emergente na maior parte do século XX, virou um país submergente no século XXI e tem apresentado desempenho econômico abaixo da média mundial e, por conseguinte, muito abaixo da média dos países considerados em desenvolvimento. Finalizadas as tradicionais retrospectivas da virada do ano, que também coincidiram com a mudança de uma década, a realidade se impões aos brasileiros que já começam a avaliar o passado e a reavaliar os caminhos futuros, pois não são pequenos os desafios que se avizinham no horizonte.

Em termos de saúde, o ano de 2020 foi terrível, com cerca de 8 milhões de brasileiros contaminados pelo novo coronavírus e o registro de quase 200 mil vidas perdidas. Mas o quadro do aumento da mortalidade é ainda mais grave do que mostram os registros oficiais, pois existe muita subnotificação da covid-19, assim como uma elevação súbita das mortes por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG). Ainda não há dados definitivos, mas o IBGE deve divulgar a Tábua de Vida em 2021 e o resultado provavelmente irá revelar uma estatística que não se via em mais de um século, que é a diminuição da esperança de vida ao nascer da população brasileira em 2020.

O gráfico abaixo, do Our World in Data, mostra a esperança de vida ao nascer no Brasil, na China e no Mundo. Nota-se que a esperança de vida estava em torno de 30 anos em 1900 e passou para mais de 66 anos no ano 2000, dobrando, de forma inédita, em um século. O crescimento, em geral, foi contínuo entre 1900 e 2019. Até meados do século XX, a esperança de vida ao nascer no Brasil e na China estava abaixo da média mundial, mas o Brasil ultrapassou a média global da esperança de vida a partir de 1950. Durante 119 anos o Brasil apresentou ganhos contínuos na esperança de vida, mas, pela primeira vez na história da República, deve registrar uma redução no tempo médio de vida da população brasileira em 2020.

A China apresentou ganhos na esperança de vida de 32 anos em 1930 para 44,4 anos em 1955, mas uma redução para 43,7 anos em 1960 em decorrência da grande mortandade ocorrida durante a fracassada política do “Grande Salto para a Frente”, implementada por Mao Tsé-Tung. Mas a partir da década de 1960 os chineses iniciaram uma fase de ganhos constantes e significativos de longevidade, chegando a ultrapassar a esperança de vida média do Brasil e do mundo. O gigante asiático deve apresentar ganhos na média de vida da sua população também em 2020 mesmo com a covid-19, embora o mundo possa ter uma estagnação e diversos países devem registrar queda da esperança de vida, em função da pandemia.

O panorama da covid-19 no Brasil

Segundo o Ministério da Saúde o Brasil fechou o ano de 2020 com 7,67 milhões pessoas infectadas e 194,9 mil vidas perdidas, com uma taxa de letalidade de 2,5%. No dia 02 de janeiro os números já tinham passado para 7.716.405 casos e 195.725 mortes. Na semana de 27/12/2020 a 02/01/2001 o registro médio de pessoas infectadas ficou em 35,8 mil casos e o registro médio de mortes ficou em 704 óbitos a cada 24 horas. Após os feriados do final do ano, a tendência é que haja um aumento dos registros da covid-19 em janeiro.

O gráfico abaixo mostra os valores diários dos casos da covid-19 no Brasil nas 20 quinzenas de 01 de março a 31 de dezembro. Nota-se que, na quinzena de 01 a 15 de março, houve uma média diária de apenas 13 casos, passou para 8.856 casos na primeira quinzena de maio e deu um salto para 43.641 casos na primeira quinzena de agosto. Nas quinzenas seguintes, os números caíram até 21,8 mil casos de 01 a 15 de novembro. Mas a 2ª onda ganhou força e os números voltaram a subir e bateram o recorde de 44.121 na última quinzena de dezembro.

O gráfico abaixo mostra os valores diários dos casos da covid-19 no Brasil nos 10 meses de 2020. Nota-se que no mês de março houve apenas 184 casos diários em média, passando para 2.655 casos diários em abril e saltando para o pico da 1ª onda em julho com 40,7 mil casos diários. Houve queda nos meses de agosto, setembro e outubro. Porém, uma 2ª onda começou em novembro, apresentando um pico de 43.229 casos diários em dezembro de 2020. Os números de dezembro foram semelhantes ao montante de casos de todo o primeiro semestre de 2020.

O gráfico abaixo mostra os valores diários do número de óbitos no Brasil nas 19 quinzenas de 16 de março a 31 de dezembro. Nota-se que, na quinzena de 16 a 31 de março, houve uma média diária de apenas 13 óbitos. Na segunda quinzena de maio o número médio diário de mortes pulou para 906 óbitos e continuou aumentando até o pico de 1.069 óbitos na segunda quinzena de julho. A partir de agosto o número de mortes diminuiu até o mínimo de uma média diária de 394 óbitos na primeira quinzena de novembro. Porém, as cifras voltaram a subir nas três últimas quinzenas do ano até 759 óbitos diários de 16 a 31 de dezembro.

O gráfico abaixo mostra os valores diários dos óbitos da covid-19 no Brasil nos 10 meses de 2020. Nota-se que no mês de março houve apenas 6 vítimas fatais diárias em média, passando para 190 óbitos diários em abril e saltando para o pico da 1ª onda em julho com 1.061 óbitos diários. Houve queda nos meses de agosto a novembro, mas um novo aumento em dezembro, com média de 704 mortes. A média diária de vidas perdidas foi de 490 óbitos no 1º semestre e saltou para 731 óbitos no segundo semestre de 2020.

O gráfico abaixo mostra os valores diários dos números de casos e de mortes da covid-19 no Brasil, de 29 de março a 02 de janeiro de 2021. As curvas epidemiológicas estavam subindo no primeiro semestre, atingiram um pico em julho e iniciaram um período de redução até o início de novembro. Mas houve uma reversão das curvas que passaram a apresentar uma tendência de alta. O pico da média móvel de casos da 2ª onda superou o pico da 1ª onda na semana de 13 a 19 de dezembro de 2020. A média móvel de mortes também apresenta tendência de alta, sendo que o ajuste polinomial indica que as curvas epidemiológicas iniciam o ano de 2021 com tendência de alta.

O panorama global da pandemia

O mundo fechou o ano de 2020 com o registro de 83,4 milhões de pessoas infectadas e de 1,83 milhão de vidas perdidas para a covid-19, com taxa de letalidade de 2,2%, segundo a Universidade Johns Hopkins. Nos últimos 3 dias de 2020 houve cerca de 700 mil casos e 15 mil mortes diárias. O ano terminou com números recordes da pandemia, sendo que o novo coronavírus já infectou pouco mais de 1% da população global. Na última semana do ano (27/12 a 02/01), mesmo com o feriado de réveillon, houve uma média diária de 585 mil casos e 10,9 mil mortes.

O gráfico abaixo mostra a evolução da média diária dos casos da covid-19 no mundo, nas 22 quinzenas de 01 de fevereiro a 31 de dezembro de 2020. Nota-se que, na quinzena de 01 a 15 de fevereiro, houve uma média diária de 3,9 mil casos. Na quinzena 16 a 31 de março, o número de casos deu um salto para 44,2 mil e continuou subindo até 272,5 mil casos na quinzena de 01 a 15 de setembro. Nas quinzenas seguintes houve uma aceleração com a média diária ultrapassando 600 mil casos em dezembro de 2020.

Média diária dos casos da covid-19 no Mundo: quinzenas de 01/02 a 31/12/2020

Fonte dos dados: Our World in Data https://ourworldindata.org/how-to-embed-charts

O gráfico abaixo mostra os valores diários dos casos da covid-19 no mundo nos 12 meses de 2020. Nota-se que no mês de janeiro houve menos de 1 mil casos diários em média (quase todos na China), passando para 2,6 mil casos diários em fevereiro, 25 mil casos em março e 283 mil casos em setembro. No primeiro semestre a média diária de pessoas infectadas foi de 57 mil casos e passou para 394 mil casos no segundo semestre de 2020. Nos últimos 3 meses do ano houve uma aceleração da pandemia com 391 mil casos diários em outubro, 574 mil casos em novembro e 622 mil casos diários em dezembro de 2020.

O gráfico abaixo mostra a evolução do número diário de óbitos no mundo nas 22 quinzenas de 01 de fevereiro a 31 de dezembro de 2020. Na quinzena de 01 a 15 de fevereiro, houve uma média diária de apenas 97 vidas perdidas, dando um salto para 2,4 mil óbitos na segunda quinzena de março e para o pico da 1ª onda com 6.572 óbitos na primeira quinzena de abril. Este pico não foi superado até a segunda quinzena de outubro. Mas a 2ª onda trouxe números elevados em novembro e dezembro, com 11.123 óbitos diários na primeira quinzena de dezembro e o pico de mortes diárias do ano sendo atingido entre 16 e 31/12 com 11.419 óbitos.

O gráfico abaixo mostra os valores diários dos casos da covid-19 no mundo nos 12 meses de 2020. Nota-se que nos meses de janeiro e fevereiro houve menos de 50 mortes diárias em média (quase todos na China), passando para 1,3 mil óbitos diários em março e chegando ao pico de 6,4 mil mortes diárias em abril. Entre maio e outubro os números foram menores. Mas em novembro a média diária de vidas perdidas passou para 9,1 mil óbitos diários e para 11,3 mil óbitos diários em dezembro de 2020. No primeiro semestre do ano houve uma média de 2,8 mil mortes diárias, passando para 7,1 mil no segundo semestre.

Os números internacionais da pandemia são realmente preocupantes, pois a covid-19 já atingiu 218 países e territórios. Provavelmente, até o final de janeiro de 2021, o mundo atingirá 100 milhões de casos e 2 milhões de vítimas fatais. O ano de 2021 começa com números muito superiores do que os de janeiro de 2020. No dia 01 de março, havia somente 1 país com mais de 10 mil casos confirmados de Covid-19 (a China) e havia 5 países com valores entre 1 mil e 10 mil casos (Irã, Coreia do Sul, França, Espanha, Alemanha e EUA). No dia 01 de abril já havia 50 países com mais de 1 mil casos, sendo 36 países com montantes entre 1 mil e 10 mil casos, 11 países com números entre 10 mil e 100 mil e 3 países com mais de 100 mil casos. No dia 01 de dezembro já havia 172 países com mais de 1 mil casos e 12 países com mais de 1 milhão de casos.

Os números continuaram aumentando e no 01 dia de janeiro de 2021 já havia 175 países com mais de 1 mil casos, sendo 48 entre 1 mil e 10 mil casos, 50 países entre 10 e 100 mil casos, 59 países entre 100 mil e 1 milhão de casos e 18 países com mais de 1 milhão de casos. A lista dos 18 primeiros colocados do ranking, com a data em que chegaram à marca de 1 milhão, são: EUA (27/04), Brasil (19/06), Índia (16/07), Rússia (01/09), Espanha (15/10), Argentina (19/10), França (23/10), Colômbia (24/10), Turquia (28/10), Reino Unido (31/10), Itália (11/11); México (15/11),  Alemanha (26/11), Polônia (02/12), Irã (03/12), Peru (22/12), Ucrânia (24/12) e África do Sul (26/12). Os 4 países do topo do ranking internacional – EUA, Índia, Brasil e Rússia – que possuem 26% da população mundial, somam cerca da metade dos casos mundiais e 41% das mortes pela covid-19.

Ainda durante o mês de janeiro de 2021, mesmo com vários países iniciando a vacinação em massa, o mundo deve atingir a marca de 100 milhões de pessoas infectadas pela covid-19 e o número de vidas perdidas para o SARS-CoV-2 deve ultrapassar o limiar de 2 milhões de óbitos globais. O Produto Interno Bruto mundial deve cair cerca de 5% em 2020, com queda da renda per capita e o aumento da desigualdade, do desemprego, da pobreza e da fome. O impacto da recessão econômica será diferenciado, sendo que alguns países vão sofrer muito mais do que outros. O Brasil, por conta do passado recente e das decisões equivocadas tomadas internamente, está no grupo das nações mais impactadas pela emergência sanitária e pelo pandemônio econômico.

Brasil: potência submergente com agravamento dos problemas sociais

Nas 4 últimas décadas houve uma desindustrialização precoce do Brasil e um processo de “especialização regressiva”, com a reprimarização da economia e uma enorme dependência da exportação de produtos básicos da agropecuária e da mineração. Desta forma, o Brasil perdeu a capacidade de atender às demandas de produtos minimamente elaborados, como ficou claro durante a propagação do novo coronavírus, pois o Brasil não conseguiu, suficientemente, produzir máscaras hospitalares e EPIs (Equipamentos de proteção individual) para garantir a segurança do pessoal de saúde durante a pandemia da covid-19. Agora que a população requer uma vacinação e proteção em massa, o Brasil não consegue produzir sequer seringas e agulhas para imunizar seus habitantes.

O Brasil era um país emergente durante as primeiras oito décadas do século XX, pois mantinha um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima do ritmo médio de crescimento do PIB mundial. Todavia, a partir dos anos de 1980, passou a manter um crescimento abaixo da média mundial. Os decênios de 1981-90 e 2011-20 são considerados décadas perdidas, pois tiveram decréscimo da renda per capita, sendo que o desempenho da década passada foi pior do que o da década de 1980 e a queda do PIB de 2020 foi a maior de todo o período em questão. A perda de competitividade fica evidente quando as exportações brasileiras que foram de US$ 256 bilhões em 2011, caíram para US$ 207 bilhões em 2020. Com base nestas estatísticas é que se diz que 2020 foi pior ano perdido desde 1900 e o ciclo 2011-20 a pior década já perdida no Brasil, conforme mostra o gráfico abaixo.

O decênio de maior crescimento do PIB, em toda a história brasileira, ocorreu no período 1971-80, quando a economia nacional, em “marcha forçada”, utilizou a disponibilidade internacional dos petrodólares para aumentar as taxas de investimento. O capital externo serviu para aumentar a produção de insumos básicos, bens de capital, alimentos e energia, mas este processo desaguou na crise da dívida externa do início dos anos 80, dando início à estagflação da década de 1980.

O Brasil conviveu com quase 14 anos de inflação muito alta (beirando à hiperinflação), com baixa geração de renda e alto desemprego. Com o Plano Real, o país trocou o gerenciamento macroeconômico da inflação pelo aumento dos juros, elevação da dívida interna, aumento da carga tributária e o “populismo cambial” que durou mais de 20 anos. Atualmente, o Brasil tem baixas taxas de juros e um câmbio desvalorizado, mas também a maior recessão da história, com piora das condições de vida da população, alta subutilização da força de trabalho e desrespeito ao direito ao emprego.

O Art. 23º da Declaração Universal, de 1948, diz: “Toda a pessoa tem direito ao trabalho, à livre escolha do trabalho, a condições equitativas e satisfatórias de trabalho e à proteção contra o desemprego. Todos têm direito, sem discriminação alguma, a salário igual por trabalho igual”. Assim, o desemprego em massa é um fenômeno que agride os direitos humanos e também compromete o desenvolvimento das nações. Como mostrou Adam Smith, na primeira frase do seu famoso livro “A Riqueza das Nações”, de 1776: “O trabalho anual de cada nação constitui o fundo que originalmente lhe fornece todos os bens necessários e os confortos materiais que consome anualmente”. Ou seja, o trabalho é um direito e também a fonte de toda a riqueza nacional e mundial.

Mas os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE, mostram que, no trimestre jul-ago-set de 2020, a população ocupada (PO) foi de somente 82,5 milhões de trabalhadores, representando menos da metade da população em idade ativa (PIA) e representando somente 39% da população total (PT), conforme a tabela abaixo. Ou seja, o Brasil tem mais de 60% dos seus habitantes sem uma ocupação efetiva. Para efeito de comparação, a China e o Vietnã avançaram na qualidade de vida de seus cidadãos na medida em que conseguiram manter um índice perto de 60% da população total ocupada.

Desta forma, o Brasil está desperdiçando os melhores momentos do “bônus demográfico”, que é uma janela de oportunidade única para a decolagem do desenvolvimento socioeconômico de qualquer país. Não existe nenhuma nação com altíssimo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que não tenha aproveitado as oportunidades de uma baixa razão de dependência demográfica, antes do envelhecimento da estrutura etária. O Brasil pode estar jogando fora o seu futuro, pois a taxa composta de subutilização da força de trabalho (que mede o percentual de pessoas desocupadas, subocupadas por insuficiência de horas trabalhadas e na força de trabalho potencial) ficou em 30% no ano de 2020, o que significa mais de 30 milhões de pessoas desempregadas ou subutilizadas. Para complicar a situação e a sobrevivência dos mais necessitados, cerca de 65 milhões de pessoas deverão ficar sem o Auxílio Emergencial e 10 milhões de trabalhadores sem o seguro-desemprego em 2021. E a vacinação em massa contra a covid-19 ainda vai demorar para surtir efeito.

Embora o ano 2021 comece com muitos desafios pela frente, indubitavelmente, os brasileiros têm motivos de sobra para dar tchau ao ano velho e adeus à década de 2011-20. Estamos iniciando um novo ano e um outro decênio e sempre há a esperança de um tempo melhor, com felicidade e prosperidade. Há 80 anos, em 1941, o jornalista austríaco Stefan Zweig publicou o livro “Brasil, País do Futuro”. Nos primeiros 40 anos da obra de Zweig, parecia que o futuro estava cada vez mais perto, pois o Brasil crescia acima da media mundial e avançava de maneira célere no ranking dos indicadores sociais. Contudo, nos últimos 40 anos, a partir da crise de 1981, o fluxo da evolução e da fortuna se transformou em refluxo e desventura e o futuro foi ficando cada vez mais distante.

Todavia existem exemplos de países que deram uma reviravolta na história e se levantaram das cinzas. O Japão saiu arrasado após a Segunda Guerra Mundial, sofreu o ataque de duas bombas atômicas, mas deu a volta por cima e se transformou em uma potência global. A Coreia do Sul saiu destroçada depois de anos de colonialismo e da guerra entre as duas Coreias entre 1950-53, mas superou as dificuldades e hoje exibe alto padrão de vida. A Costa Rica acabou com o exército, investiu no bem-estar da população e reverteu a degradação ambiental, sendo, atualmente, o país com a maior esperança de vida ao nascer da América Latina.

O Brasil também pode reverter sua trajetória submergente, sonhar com um futuro melhor e respirar novos ares. Não será fácil, mas até 2022, quando se comemora os 200 anos da Independência, o Brasil pode passar por um ponto de mutação, desarmando a “armadilha da renda média”, recuperando a energia da sociedade civil e planejando um destino fulgente.

Frase do dia 03 de janeiro de 2021

“A única função da previsão econômica é fazer com que a astrologia pareça respeitável”

John Kenneth Galbraith (1908-2006), economista e escritor norte-americano

José Eustáquio Diniz Alves

José Eustáquio Diniz Alves é sociólogo, mestre em economia, doutor em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar/UFMG), pesquisador aposentado do IBGE, colaborador do Projeto #Colabora e autor do livro "ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século" (com a colaboração de F. Galiza), editado pela Escola de Negócios e Seguro, Rio de Janeiro, 2022.

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