ODS 1
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Veja o que já enviamosQuem não é de esquerda está vivendo errado
É sobre construir o bem ou compactuar com o mal; sobre verdade ou mentiras; sobre liberdade ou opressão; sobre construir ou destruir
Cessem as delongas, porque o momento não recomenda tergiversar: quem não é de esquerda está vivendo errado. Sem compartilhar, valorizar as soluções coletivas, buscar a redução da desigualdade (no mínimo!), equilibrar oportunidades, reduzir diferenças, debelar a pobreza, proteger o meio ambiente, inexiste mundo possível. Não tem jeito: a saída é pela esquerda.
LEU ESSA? No capitalismo, não tem solução
É, sim, sobre certo ou errado; sobre construir o bem comum ou compactuar com o mal generalizado; sobre verdade ou mentiras; sobre liberdade ou opressão; sobre construir ou destruir; sobre defender a própria espécie ou desprezar demandas, urgências, tragédias. Há dois lados – mas somente um vale a pena.

Revogadas as disposições em contrário: no mundo que padece em desequilíbrio endêmico, precisa ninguém soltar a mão de ninguém. Sem a alternativa, a humanidade – de todos os matizes ideológicos – avança na direção do precipício. Enquanto vigorar o individualismo, não haverá saída. Ponto de partida, aliás, da ciranda virtuosa que a esquerda professa e pratica. Priorizar a coletividade significa respeitar as diferenças, exaltar a diversidade, proteger minorias, defender a liberdade e a democracia, batalhar contra a miséria e a exclusão…
Jamais por acaso, à esquerda estão os progressistas. Repare na palavra, que remete a progresso, avanço, evolução, melhora. Se tem o lado certo, existe o errado – a direita. Nenhum dos preceitos conservadores (o outro nome dessa súcia) visa ao bem comum – ao contrário, grita pela manutenção de privilégios e desigualdades, sufoca vozes dissonantes e batalha sem ética pelo lucro de uns poucos.
Em qualquer aspecto do cotidiano, a direita rema para o lado perverso. Nos costumes, tenta eliminar a diversidade sexual e gênero. Mulheres devem continuar submissas nas relações e subjugadas no mercado de trabalho. Pessoas LGBTQIAP+ sequer são para existir. Machismo, para os conservadores, é lei, não mazela.
Na economia, vigora o salve-se quem puder. Regulação? Nenhuma. Políticas sociais? Ofensa. Racismo? Tenho até amigos que são. Concentração de riqueza? Quanto mais melhor, bilionário é superbacana. Ação do estado? Zero. Proteção aos trabalhadores? Esquece. Segurança? Senta o dedo! Educação e saúde? Só para os meus, abaixo o SUS! Exploração? Agora! Oligopólios? Sempre! Ganância? Toda! Empresários? Ó, glória!
Na política, eles têm alergia à alternância de poder. Se for preciso, eliminam opositores sem piedade. Não guardam qualquer apreço à democracia. Eventuais divergências devem ser sufocadas com força. Não há outra doutrina possível. E qualquer bandalheira será válida para manter as coisas do mesmo jeito. O tal do status quo.
Ótimo exemplo do vale tudo conservador ocorre tragicamente em lugares tão diferentes como El Salvador de Nayib Bukele; a Itália da primeira-ministra Giorgia Meloni; a Hungria do premiê Viktor Orbán; as Filipinas de Bongbong Marcos (filho do ditador Ferdinand Marcos!); a Argentina de Javier Milei; e, mais do que qualquer outro, os Estados Unidos – de novo! – com Donald Trump. Os extremistas contam, todos, com o apoio despudorado da direita dita “civilizada” – algo tão real quando uma nota de R$ 4.
O Brasil também mergulhou no pesadelo, entre 2019 e 2022. Todo mundo se lembra que os conservadores embarcaram resolutos, de mala e cuia, na aventura assassina de Jair Bolsonaro. Em dois pares de anos, o futuro presidiário destruiu o país com a eficiência de uma infestação de cupins. Vai para a cadeia por articular um golpe de estado (olha o descompromisso com a democracia aí, gente!), mas ficou impune pela morte de, na mais camarada das estimativas, 400 mil pessoas, vítimas da dolosa omissão durante a pandemia de covid-19.
Mas… se um lado é tão melhor do que o outro, como a direita ganha em tanto lugar, ó colunista cheio das respostas? Moleza: à base de mentiras. Em sua sanha destruidora, os conservadores inventam, falseiam, distorcem, fraudam, negam, escondem, silenciam, fogem.
Os exemplos se multiplicam. Eles repetem que o Estado, o ente público, é ineficiente, corrupto, criminoso, enquanto o setor privado jorra leite e mel, de tanta qualidade e perícia. Quando acontecem tragédias como o rompimento da barragem em Brumadinho – obra da privatizada Vale – ou a bizarra incompetência da multinacional Enel para cumprir a obrigação como concessionária de energia em São Paulo, ninguém bota a cara. Só reaparecem na hora do lobby.
Como as evidências não colaboram, os conservadores decidiram criminalizar a esquerda. Transformaram o adjetivo “comunista” em crime e, sem qualquer base real, sabotam o debate ideológico. Defendem o capitalismo com unhas, dentes e berros, mesmo com todas as tragédias do mundo atual. Deveriam ser apenas doutrinas – mas um lado aponta o dedo para o outro e vocifera bestialidades, numa gritaria incessante. A mesma mentirada de sempre, porque o comunismo sequer existe na vida real do século 21.
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Veja o que já enviamosO aforismo lá do alto, do Verissimo, gênio que nos deixou outro dia (mas sua obra está aí, em mais de 80 livros; leia, leia e leia, você aí!), explica à perfeição, pela espetacular simplicidade. Quem carrega na alma um pouquinho de empatia jamais será de direita. Ser de esquerda, para os seres humanos que valem a pena, é mera consequência.
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