(Manaus, AM) – O presidente Jair Bolsonaro atacou ambientalistas, ONGs e a imprensa na manhã desta quarta-feira. Não haveria nenhuma novidade não fosse a ocasião. Os ataques presidenciais ocorreram durante a abertura da 1ª Feira de Sustentabilidade do Polo Industrial de Manaus (Fespim), na capital amazonense. Durante seu discurso, Bolsonaro fez menção a seu decreto que liberou a plantação de cana-de-açúcar no estado do Amazonas e ironizou as críticas de ambientalistas.
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Veja o que já enviamos“Na hora de assinar o decreto tinha gente do meu lado preocupado com meu nome: ‘Você vai ser massacrado pelos ambientalistas’. Opa! Se os ambientalistas atuais vão me criticar, é sinal de que estou no caminho certo”, disse Bolsonaro, aplaudido por uma plateia composta, em sua maioria, por empresários. “E mais: um sinal de que esse estado quer sair desse jugo ambiental”.
Na sequência, o presidente voltou a acusar as ONGs de patrocinarem as queimadas na Amazônia ao se referir aos quatro integrantes da Brigada de Incêndio de Alter do Chão que foram presos nesta terça-feira pela Polícia Civil do Pará por suspeita de incêndio criminoso em uma Área de Proteção Ambiental (APA):
“Aos poucos, a verdade aparece. Na época, há dois meses, falei que a questão das queimadas eram patrocinadas, sim, por ONGs. Conheço essa raça! Tirando as exceções, conheço esse pessoal. Agora, a Polícia Civil do Pará concluiu um inquérito apontando para uma ONG [a responsabilidade sobre] queimadas na Região Amazônica”.
Bolsonaro também defendeu novamente a possibilidade de garimpo em terras indígenas e insinuou que, entre os 760kg de ouro roubados no terminal de carga do Aeroporto de Guarulhos, houvesse pedras preciosas oriundas de terras indígenas.
“No que depender de mim e do nosso parlamento, queremos o índio fazendo dentro da sua terra exatamente o que o fazendeiro faz do lado. [Que] possa inclusive garimpar. Eu, como presidente da república, estou tendo dificuldade de saber naquele roubo dos 700kg de ouro em São Paulo, de onde vieram um quarto de saco de pedras preciosas. Talvez de terras indígenas. De lá, tirado a preço de que?”, insinuou o presidente, sem apontar provas ou indícios. “Queremos, que nossos irmãos índios, caso desejem, garimpem sua terra, usem sua riqueza em causa de sua comunidade. Esse é o Brasil que queremos”.
Durante a coletiva de imprensa, a reportagem do #Colabora questionou Bolsonaro se havia provas, indícios ou alguma investigação em curso que apontasse que as pedras preciosas tivessem vindo de terras indígenas, mas o presidente tergiversou e atacou o jornalista. Veja no vídeo acima.
[g1_quote author_name=”Jair Bolsonaro” author_description=”Presidente” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Aos poucos, a verdade aparece. Na época, há dois meses, falei que a questão das queimadas eram patrocinadas, sim, por ONGs. Conheço essa raça! Tirando as exceções, conheço esse pessoal
[/g1_quote]“Eu falei possivelmente. Não tenho provas. Se eu tivesse provas, ia falar veio de tal local. O que é indício de um crime? Se o senhor não sabe, volta pra faculdade! Próxima pergunta”.
O #Colabora solicitou esclarecimentos à Secretaria Geral da Presidência sobre a quais indícios Bolsonaro se referira, mas a assessoria de comunicação, informou por e-mail que “o Planalto não comentará”.
Em sua fala, Bolsonaro atacou também a Folha de S. Paulo e a revista Veja. No discurso de abertura, ele já havia deixado claro seu incômodo com críticas feitas pela imprensa, insinuando que a mídia brasileira não fala a verdade:
“Na ONU, deixei bem claro que era o Brasil. E como fui criticado pela mídia do Brasil. Eu dei graças a Deus porque era sinal de que estava no caminho certo. Quero imprensa livre e independente. Mas uma imprensa voltada para a verdade”.
*O repórter viajou a convite da Feira de Sustentabilidade do Polo Industrial de Manaus (Fespim)