Brasil teve redução de 70% na área queimada no primeiro trimestre de 2025

Monitor do Fogo do MapBiomas mostra queda significativa (72%) na Amazônia, mas aumento no Cerrado (12%)

Por #Colabora | ODS 15 • Publicada em 16 de abril de 2025 - 08:40 • Atualizada em 18 de abril de 2025 - 09:54

Fogo na floresta às margens do Rio Xingu, na Amazônia: área queimada no bioma registrou redução de 72% no primeiro trimestre de 2025 na comparação com 2024 (Foto: Marizilda Cruppe / Greenpeace – 11/09/2024)

Entre janeiro e março de 2025, o Brasil registrou 912,9 mil hectares queimados, mostra a nova atualização do Monitor do Fogo, iniciativa do MapBiomas que utiliza imagens de satélite para mapear e quantificar a extensão das áreas queimadas em todo o território nacional. O número representa uma redução de 70% em relação ao mesmo período de 2024, o que equivale a 2,1 milhões de hectares a menos queimados. Segundo o levantamento, 78% da área queimada entre janeiro e março foi em vegetação nativa, com destaque para as formações campestres, que responderam por 43% da área total atingida pelo fogo. Entre as áreas de uso agropecuário, as pastagens concentraram 137 mil hectares queimados no trimestre.

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A Amazônia foi o bioma com maior área queimada no período, com 774,5 mil hectares, ou 84% do total registrado no país. Apesar do total parecer assustador, ele representa queda de 72% em relação ao primeiro trimestre de 2024. “A redução expressiva da área queimada na Amazônia é uma boa notícia. Entretanto, é importante entendermos que a estação seca de 2025 que se aproxima possivelmente ainda será forte, o que pode reverter essa condição de redução” alerta Ane Alencar, diretora de Ciência do Ipam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia) e coordenadora do Mapbiomas Fogo.

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O estado de Roraima liderou o ranking estadual, com 415,7 mil hectares queimados. “O estado de Roraima concentrou a maior parte das áreas queimadas no Brasil. Esse padrão se deve ao fato de que Roraima apresenta um regime climático distinto: enquanto a maior parte do território nacional enfrenta o período chuvoso neste trimestre, Roraima vivencia sua estação seca no início do ano, o que torna o estado particularmente vulnerável às queimadas nesse período”, explica Felipe Martenexen, pesquisador do Ipam e do MapBiomas Fogo. Dois municípios de Roraima – Pacaraima, com 121,5 mil hectares atingidos pelas queimadas, e Normandia, com 119,1 mil hectares – lideraram o ranking de fogo no trimestre.

Na Amazônia, depois de Roraima, os estados com maior superfície atingida pelo fogo foram o Pará (208,6 mil hectares) e o Maranhão (123,8 mil hectares – juntos, esses três estados concentraram 81% de toda a área queimada no país no primeiro trimestre. Entretanto, os dois estados tiveram redução da área queimada em relação ao ano passado. As chuvas no maior bioma do país neste primeiro trimestre ajudaram na redução registrada, além das ações desenvolvidas pelo governo federal e pelos estados. “Os dados do primeiro trimestre de 2025 refletem a sazonalidade climática nos biomas brasileiros, com o período de chuvas na maior parte dos biomas resultando em um uma redução geral das áreas queimadas”, aponta a engenheira florestal Vera Arruda, pesquisadora do IPAM e do MapBiomas Fogo.

Se a queda na Amazônia, pela superfície do bioma, quase a metade do território nacional, impacta nos números gerais do Brasil, os dados do Monitor do Fogo no Cerrado assustam: foram 91,7 mil hectares queimados no primeiro trimestre, aumento de 12% em relação ao mesmo período do ano anterior. O número também é 106% superior à média histórica desde 2019. “O Cerrado apresentou a maior área queimada no primeiro trimestre em comparação aos últimos anos, o que reforça a necessidade de estratégias específicas de prevenção e combate ao fogo de cada bioma”, alerta a pesquisadora Vera Arruda.

O Pantanal foi outro bioma a registrar queda significativa no primeiro trimestre: 10,9 mil hectares queimados, um redução de 86% em relação a 2024, com 70,4 mil hectares a menos. Também houve diminuição da superfície atingida pelo fogo na Caatinga: foram 10 mil hectares queimados, uma queda de 8% em relação ao mesmo período de 2024. Além do Cerrado, o primeiro trimestre de 2025 registrou pequenos aumentos das áreas queimadas na Mata Atlântica e no Pampa.

No mês de março especificamente, Monitor do Fogo do MapBiomas indica que foram queimados 106,6 mil hectares, o equivalente a 10% da área total queimada no ano até o momento. O número representa uma queda de 86% em relação a março de 2024, com 674,9 mil hectares a menos queimados. A vegetação nativa representou 68,6% da área atingida em março, sendo as formações campestres o tipo mais afetado, com 37% do total. Nas áreas agropecuárias, os cultivos agrícolas responderam por 12,8% da área queimada.

A Amazônia concentrou 51% da área queimada em março (55,1 mil hectares), seguida pelo Cerrado (37,8 mil hectares). Roraima, Minas Gerais e Pará foram os estados que mais queimaram no mês. Novamente, Normandia e Pacaraima lideraram o ranking dos municípios mais atingidos pelo fogo, seguido por Mateiros, no Tocantins.

#Colabora

Texto produzido pelos jornalistas da redação do #Colabora, um portal de notícias independente que aposta numa visão de sustentabilidade muito além do meio ambiente.

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