Cacique Raoni homenageado no mês do Meio Ambiente

Artistas ativistas lançam murais em 50 cidades brasileiras para reverenciar líder indígena pioneiro na defesa dos povos tradicionais e das florestas

Por #Colabora | ODS 14ODS 15 • Publicada em 1 de junho de 2022 - 18:00 • Atualizada em 29 de outubro de 2022 - 12:17

Painel em homenagem ao Cacique Raoni em Goiânia: líder indígena homenageado em 50 cidades no mês do Meio Ambiente (Foto: Muquifu Cultural)

O cacique Raoni Metuktire, símbolo da defesa das florestas e dos povos indígenas, será homenageado por organizações da sociedade civil brasileira, a maioria ligadas a movimentos culturais, na semana em que se comemoram cinco décadas da Conferência da ONU, em Estocolmo, onde, pela primeira vez, o Meio Ambiente entrou na pauta de debates dos líderes mundiais. Em 50 cidades brasileiras, incluindo 24 capitais, serão exibidos lambes – cartazes urbanos, com pinturas e colagens – de 6 metros quadrados com artes mostrando o líder mebêngôkre. “Vamos ‘raonizar’ as cidades na semana do meio ambiente porque Raoni é um exemplo vivo de paz e uma inspiração para todos que defendem a natureza”, explica Jonaya de Castro, do laboratório experimental Megafone e uma das organizadoras da ação.

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A homenagem, que vai do dia 2/6 até o Dia do Meio Ambiente (5/6), inclui projeções em oito localidades em quatro diferentes cidades: São Paulo (SP), Recife (PE), Tefé (AM) e Belo Horizonte(MG) e um mural em Manaus (AM).  “Além de ser um guardião da vida e um dos principais defensores dos direitos indígenas, Raoni Metuktire destaca-se pela forma como fez isso: sempre por meio dodiálogo”, afirma  Megaron Txucarramãe, sobrinho de Raoni que o acompanhou na campanha da demarcação da terra Indígena Mēbēngokre-Kayapó e da criação do Instituto Raoni. “Homenagear Raoni nos 50 anos do Dia do Meio Ambiente é uma forma de fazer com que as novas gerações conheçam este símbolo vivo da paz e do diálogo. Em tempos de tanta intolerância e radicalismo, a lembrança de Raoni é sopro de esperança para todos nós”, acrescentou Megaron.

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Informado pelo sobrinho da homenagem e perguntado sobre a mensagem que gostaria de mandar aos outros brasileiros, o cacique Raoni, de 91 anos, reiterou antigas preocupações. “Todos nós devemos nos preocupar com a floresta. Nos comprometermos com ademarcação de todas as terras indígenas do Brasil e com o fortalecimento da Funai. E que esse compromisso se transforme em amizade e em tempos de paz”, disse.

Grafiteiros pintam mural em homenagem a Raoni em Manaus: jovens artistas ativistas se mobilizaram para celebrar símbolo da luta em defesa dos indígenas e da floresta (Foto: Janderson Manauara)
Grafiteiros pintam mural em homenagem a Raoni em Manaus: jovens artistas ativistas se mobilizaram para celebrar símbolo da luta em defesa dos indígenas e da floresta (Foto: Janderson Manauara)

A criação dos lambes foi um processo coletivo que teve início durante a residência artivista – ativistas das artes – no CondôCultural, realizado em São Paulo, em março deste ano. Os artivistas Matsi (neto de Raoni) e Raul Zito fizeram algumas artes e uma delas, com uma foto do cacique tirada por Todd Southgate, recebeu a frase “O futuro é indígena” – para resumir a necessidade de preservarmos a natureza se quisermos solucionar as crises do clima e de biodiversidade que colocam nossa sobrevivência em risco – diagramada como se saísse de um megafone.

A arte inclui também uma fala de Raoni na língua falada pelos mebengokre: “Amej bê 1954 kam ne kubē mēbêngôkre krõ. Kam ne bēnjadjwyry Ropni abatàj nyre kam pyka kunikôt myjja mari mokraj. Kam ne ari kubê Villas Boas kôt kubē kabēn ma ne kam kubē kukràdjà ma.Nhym kam Ropni arym mēbêngôkre kadjy kubē kangõj mokraj” (Em português: “Em 1954, quando o povo Mẽbêngôkre estabeleceu contato definitivo com os brancos, Cacique Raoni tinha aproximadamente 24 anos e teve um papel fundamental no processo de pacificação e uniãodas diversas aldeias dos povos indígenas. Nesta época, conheceu os irmãos Villas Boas, com quem aprendeu a falar a língua portuguesa e a tomar consciência do mundo não-indígena”.

O mural em Manaus, por sua vez, foi concebido por Raiz Campos, grafiteiro e muralista criado na floresta amazônica e cujo trabalho se notabiliza por retratar a cultura da região.Para que a homenagem esteja completa no dia 2, as instalações terão início no próximo dia 1 e 50 cidades do Brasil vão amanhecer no dia seguinte com a figura imponente do cacique Raoni estampada nos muros da cidade .

#Colabora

Texto produzido pelos jornalistas da redação do #Colabora, um portal de notícias independente que aposta numa visão de sustentabilidade muito além do meio ambiente.

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