A primeira plataforma online de combate à desinformação ambiental no Brasil foi lançada nesta segunda-feira (8/6): o site Fakebook.eco traz esclarecimentos sobre os principais mitos em meio ambiente, verifica o discurso de autoridades públicas e notícias falsas que circulam pelas redes. O Fakebook.eco é uma iniciativa do Observatório do Clima e tem parcerias com #Colabora e outros portais de notícias ambientais e científicas: InfoAmazônia, Direto da Ciência, Oeco, , além do blog O que Você Faria se Soubesse o que eu Sei?, do climatologista Alexandre Araújo Costa.
A plataforma surge para sistematizar, de maneira didática, o conhecimento essencial sobre os principais mitos, as distorções e os mal-entendidos que rondam o debate ambiental no Brasil. Por um lado, o site funciona como um repositório onde mitos comuns (as “falácias frequentes”) são desfeitos. Por outro, fará verificações rápidas (“verificamos”) de declarações de autoridades ou fake news diversas sobre meio ambiente. O site contém ainda um canal pelo qual o público pode enviar notícias suspeitas para averiguação.
No lançamento, o Fakebook.eco verifica afirmações do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, sobre o programa Floresta+, do governo federal, anunciado no Dia Mundial do Meio Ambiente. Salles, no lançamento classificou o Floresta+ pelo ministro como o “maior programa do mundo” de pagamento por serviços ambientais, com previsão de US$ 96,5 milhões (cerca de R$ 500 milhões). O Fakebook.eco verificou: não é o maior do mundo. A cidade de Nova York, por exemplo, iniciou em 1997 um programa para garantir o abastecimento de água potável que já resultou em U$ 1,5 bilhão (cerca de R$ 7,5 bilhões) em investimentos. O programa Floresta+ foi elaborado pelo ministério do Meio Ambiente em 2018– na gestão Michel Temer (PMDB) – e submetido em agosto daquele ano ao Fundo Verde do Clima (GCF, na sigla em inglês), um dos fundos multilaterais vinculados à Organização das Nações Unidas (ONU) para financiamento de projetos que gerem benefícios ambientais globais relacionados à mudança do clima.
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Veja o que já enviamosA plataforma traz um artigo exclusivo do físico Ricardo Galvão, eleito pela revista Nature uma das dez pessoas que fizeram a diferença para a ciência em 2019, que analisa a criação do Conselho Nacional da Amazônia Legal, agora presidido pelo vice-presidente “O conselho obviamente é caracterizado por seu caráter “chapa-branca”, com forte predominância da visão militar sobre a região”, escreve Galvão, professor da USP e diretor do Inpe até julho do ano passado, quando foi demitido por Jair Bolsonaro, que tentou desacreditar os dados de monitoramento de desmatamento do instituto. No texto, o físico também apresenta as perspectivas para a Amazônia diante da operação do Exército de controle do desmate que considera “uma bem-vinda intenção do governo em combater as atividades extrativistas ilegais na Amazônia. Galvão alerta, entretanto, que “essa é praticamente sua única ação no sentido correto, muito aquém do necessário, e com o aspecto negativo de reduzir o protagonismo do Ibama, submetendo-o à governança militar”
O site também traz a estreia do segundo vídeo da série “Fatos Florestais”, do Observatório do Clima. Produzido por Fernando Meirelles e com direção de Gisela Moreau, apresenta uma conversa entre o engenheiro florestal Tasso Azevedo e a atriz Marisa Orth sobre licenciamento ambiental, desfazendo uma série de mal-entendidos comuns sobre o tema.
A plataforma recém-lançada é a junção de dois outros projetos: o Fakebook, produzido em conjunto pelo OC, o Greenpeace e o ClimaInfo em 2019, e o Agromitômetro, a iniciativa de checagem de informações ambientais do OC, existente desde 2018.