Vá de bike, é saudável e econômico

Pista exclusiva para bicicletas na Avenida Paulista, em São Paulo. Foto Vanessa Carvalho/Brazil Photo via AFP

Calculadora mostra que uso de bicicletas compartilhadas pode ser até 90% mais econômico do que outros meios de transporte

Por Agostinho Vieira | ArtigoODS 11 • Publicada em 2 de agosto de 2022 - 10:04 • Atualizada em 30 de janeiro de 2024 - 14:59

Pista exclusiva para bicicletas na Avenida Paulista, em São Paulo. Foto Vanessa Carvalho/Brazil Photo via AFP

Muita gente ainda acredita que ser sustentável é um sonho elitista, uma moda criada para uns poucos que têm tempo e dinheiro para investir nessa empreitada. No entanto, plantar legumes e verduras em casa, transformar aquele vestido velho numa peça estilosa, deixar o material escolar de herança para os irmãos caçulas e usar o transporte público são todos hábitos sustentáveis e muito antigos. Pergunte para a sua avó. Andar de bicicleta, seja ela própria ou emprestada, também é um item dessa lista vintage. A diferença é que hoje existem ferramentas, disponíveis na palma da mão, que podem mostrar, por exemplo, que é possível economizar mais de R$ 1.000,00 por mês se uma pessoa deixar o carro na garagem e optar por usar uma bicicleta compartilhada para fazer um trajeto de 8 km.

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Uma dessas ferramentas é a Calculadora de Trajetos da Tembici, uma das muitas empresas que administram sistemas de bikes compartilhadas na América Latina: “Um percurso diário de 20 km, por exemplo, sai por mais de R$ 1.300,00 no mês quando feito de carro, enquanto no transporte público o gasto é, em média, de R$ 230,00 e com a bike compartilhada fica em torno de R$ 29,90, a depender da cidade”, explica Gabriel Reginato, diretor de negócios da empresa.

A calculadora já considera os custos aproximados de combustível, preço de passagem e outros gastos, como tarifas e seguros obrigatórios. A ferramenta é gratuita e pode ser acessada pelo celular. O uso de bicicletas compartilhadas no Brasil cresceu mais de 400% nos últimos dez anos. A América Latina conta com mais de 45 mil bicicletas e 75 sistemas de bikes compartilhadas. Entretanto, ainda são muitos os desafios de infraestrutura nas grandes cidades, que vão desde o aumento no número de ciclovias e ciclofaixas até um investimento maior em segurança. Hoje, a proporção de quilômetros de ciclovias ou ciclofaixas na região não chega a 6%.

Uma pesquisa feita no Rio de Janeiro pelo ITDP (Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento) reforçou a importância de algumas medidas para garantir a segurança dos ciclistas. Entre elas, estão a redução dos limites de velocidade dos veículos motorizados, a criação de ciclovias nos dois sentidos das ruas, uma melhor sinalização, a instalação de novos bicicletários e uma ligação mais clara e simples entre as ciclovias e o transporte de massa.

O levantamento do ITDP tem como objetivo apoiar a criação do novo Plano Cicloviário da cidade. A ideia é viabilizar a realização de viagens de até cinco ou oito quilômetros por bicicletas para reduzir os impactos negativos do uso de excessivo de carros e motos, além de aumentar a saúde e a qualidade de vida da população. Para que isso aconteça, contudo, é fundamental que a mobilidade por bicicleta seja atrativa e, principalmente, segura. O ITDP defende a necessidade se implementar uma abordagem sistêmica de segurança, também conhecida como Sistemas Seguros, que consideram a vulnerabilidade do corpo humano e buscam minimizar o impacto e a gravidade dos erros que levam aos acidentes de trânsito. De acordo com o Plano Global de Segurança Viária da ONU (2021-2030), essas ações devem seguir cinco frentes de atuação:

  • Incentivar o transporte multimodal e o planejamento de uso do solo;
  • Melhorar a segurança da infraestrutura das vias;
  • Garantir a segurança do veículo;
  • Estabelecer e fiscalizar a legislação de segurança no trânsito;
  • Melhorar a resposta após o sinistro.

Agostinho Vieira

Formado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ. Foi repórter de Cidade e de Política, editor, editor-executivo e diretor executivo do jornal O Globo. Também foi diretor do Sistema Globo de Rádio e da Rádio CBN. Ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, em 1994, e dois prêmios da Society of Newspaper Design, em 1998 e 1999. Tem pós-graduação em Gestão de Negócios pelo Insead (Instituto Europeu de Administração de Negócios) e em Gestão Ambiental pela Coppe/UFRJ. É um dos criadores do Projeto #Colabora.

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