ODS 1
Acabar com a pobreza em todas as suas formas, em todos os lugares. Conheça as reportagens do Projeto Colabora guiadas pelo ODS 1.
Veja mais de ODS 1O repertório eclético da Orquestra Voadora rima folião com inclusão no plano de voo para o carnaval de rua pós-pandemia. O bloco costuma levar dezenas de milhares de pessoas ao Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro, na terça-feira de carnaval, e desfila também em São Paulo. Mas em um fevereiro atípico a orquestra aproveita para lançar um programa de incentivo à participação de pessoas com deficiência na festa popular. Quando aglomerar deixar de ser atividade de risco, claro.
A Orquestra Voadora produziu uma série de vídeos para o programa Acessibilifolia, parte do projeto Um Novo Olhar, uma parceria da Fundação Nacional de Arte (Funarte) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). A série Inclusão e Folia aborda o tema a partir de relatos e análises da participação de pessoas com deficiência no bloco, que surgiu em 2008, e na oficina de instrumentos de sopro e percussão, desde 2013 com aulas o ano inteiro no Circo Voador (atualmente a oficina é virtual).
Os integrantes da orquestra discutem estratégicas de acessibilidade desde 2018. No ano seguinte criaram uma ala inclusiva no desfile. É especialmente tocante o episódio “Desfilar para o povo e como povo”, no qual pais contam (e as imagens mostram) a alegria dos filhos desfilando na ala para pessoas com deficiência. Faz pensar, e muito, sobre o quanto ainda temos de fazer para que o carnaval de rua carioca após a pandemia seja realmente inclusivo.
O lançamento de Inclusão e Folia foi em uma live no dia 10 de fevereiro que pode ser vista no canal no YouTube Arte de Toda a Gente, da Funarte e da UFRJ. Os sete episódios sobre acessibilidade, com menos de dez minutos cada, reúnem entrevistas, depoimentos e imagens do bloco em carnavais passados. A série de vídeos marca a estreia na direção do saxofonista André Ramos, arranjador, compositor, professor de música, organizador e integrante do grupo de acessibilidade da Orquestra Voadora. André conta que o bloco sempre teve a participação espontânea de pessoas com deficiência:
“Na hora fazemos o que dá para a experiência ser a melhor possível. Mas em 2018 criamos um grupo para estruturar as ações de inclusão e para pensar nas questões logísticas dos desfiles e pedagógicas das oficinas. Reunimos profissionais da área de acessibilidade e da produção da orquestra, professores da oficina e pessoas com deficiência”.
As primeiras entrevistas do grupo foram com pessoas que já participavam dos desfiles e muitas delas estão nos vídeos da série Inclusão e Folia. As conversas se expandiram para incluir pessoas com deficiência em todas as etapas da produção do carnaval depois da pandemia e da oficina:
“Existe uma vontade grande das pessoas com deficiência de participar do carnaval de rua em geral, e não apenas da Orquestra Voadora”, diz André. “Queremos trazer a público o que estamos pesquisando para que as ações possam ser adotadas, discutidas e melhoradas por outros blocos e espaços de educação artística. A orquestra, como todo o carnaval, é a possibilidade do encontro de pessoas diferentes.”
“O poder do carnaval é possibilitar o encontro” é o título do primeiro episódio da série Inclusão e Folia, no qual André apresenta o projeto. Partindo do princípio de que o carnaval pós-pandemia deve ser mais inclusivo, a Orquestra Voadora quer envolver organizadores de outros blocos, inclusive os que são voltados para pessoas com deficiência. A ideia é continuar com a série de conversas e entrevistas em vídeo sobre inclusão com quem participa, ou quer participar, da festa de rua e com quem a organiza.
A Orquestra Voadora começou reunindo músicos que tocavam em diferentes blocos do carnaval carioca. Outro grupo de artistas formou a banda de metais e percussão para apresentações em casas de show. O bloco cresceu e, além de atrair milhares de foliões no Rio, desfila também no carnaval de São Paulo.
A live de lançamento da série Inclusão e Folia teve a participação do diretor da série, André Ramos, de Heitor Luz (músico, cadeirante e participante da Orquestra Voadora), Marcelo Jardim (diretor artístico e vice-diretor da Escola de Música da UFRJ e coordenador do Um Novo Olhar) e Patrícia Dorneles (coordenadora do Curso de Especialização em Acessibilidade Cultural da UFRJ e coordenadora das ações de acessibilidade do projeto Um Novo Olhar). Os episódios serão postados ao longo de três semanas, sempre às quartas-feiras, às 18h, e ficarão disponíveis no site do projeto Um Novo Olhar, que tem curadoria da Escola de Música da UFRJ. A série tem legendas, interpretação em libras e audiodescrição.
Jornalista formada pela Universidade Federal Fluminense (UFF), trabalhou por mais de 20 anos no jornal O Globo nas áreas de cultura, comportamento, educação e turismo. Editou a revista e o site Boa Viagem O Globo por uma década e anda pelo mundo em busca de boas histórias desde sempre. Especializada em turismo, tem vários prêmios no setor e é colunista do portal Panrotas. Escreve como freelance para diversas publicações, entre elas #Colabora, desde a criação do projeto em 2015, e O Globo. É carioca de samba, mar e bar. Gosta de dias nublados. Está no Instagram e no Twitter em @CarlaLencastre