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Veja o que já enviamosA praia ainda invisível, aos pés do Pão de Açúcar, onde a cidade nasceu
Iphan tomba Conjunto Arquitetônico, Histórico e Paisagístico da Fortaleza de São João, complexo militar instalado no local do desembarque do fundador do Rio de Janeiro
No Porto da Barra, famosa praia de Salvador, há um estrutura vertical, esculpida em pedra de lioz portuguesa, com o símbolo da Coroa Portuguesa e a Cruz de Cristo, que é o marco de fundação, por Tomé de Souza, da primeira capital do Brasil. A maior parte dos moradores da cidade já passou por ali e muitos sabem que Salvador foi fundada naquela praia. Como muitos paulistanos reconhecem no Pátio do Colégio o local de fundação da, hoje, maior metrópole do país. Entretanto, os cariocas, em geral, nunca sequer viram a praia onde o Rio de Janeiro foi fundado por Estácio de Sá há quase 460 anos – ela está localizada dentro de uma fortaleza militar, coalhada de construções históricas, um conjunto que foi finalmente tombado pelo Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) agora em setembro.
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Essa praia praticamente invisível para os cariocas do século 21 foi escolhida pelo português Estácio de Sá, em 1565, exatamente por ser quase invisível para os cariocas do século 16 – os indígenas tupinambás, moradores das terras no entorno da Baía de Guanabara. Os tupinambás estavam aliados aos franceses que haviam se estabelecido ali e a missão do capitão Estácio era exatamente expulsar aqueles, que, para a Coroa Portuguesa, estavam ocupando indevidamente seus territórios neste lado do Atlântico. Comandando uma frota de quatro navios, reforçados por veleiros e canoas, Estácio desembarcou na praia – escondida atrás do Pão de Açúcar, em frente ao morro Cara de Cão e sem acesso por terra – e fundou a vila de São Sebastião do Rio de Janeiro, batizada em homenagem ao futuro rei de Portugal, ainda com 11 anos em 1565.
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Veja o que já enviamosFoi deste local estratégico, na entrada da Baía de Guanabara, que o fundador do Rio de Janeiro organizou as tropas lideradas pelos portugueses – e engrossadas por indígenas temiminós, inimigos dos tupinambás – para enfrentar e, depois de dois anos, expulsar os franceses; Estácio de Sá morreu na batalha de Uruçumirim. O governador geral Mem de Sá, primo do fundador, levou a administração da nova cidade para o Morro do Castelo, mais seguro. Mas o local de fundação do Rio de Janeiro permaneceu ocupado por tropas portuguesas, exatamente pela localização estratégica para vigiar a entrada da baía e evitar novas invasões.
Os portugueses instalaram ali a Guarda de Defesa da Baía de Guanabara, que recebeu oficialmente o nome de Fortaleza de São João em 24 de junho (dia do santo) de 1618, constituída de quatro baterias ou redutos: São Martinho (a primeira, instalada por Estácio de Sá ao chegar em 1565), São Teodósio (1572), São José (1578) e São Diogo (1618). São, portanto, ainda do século 17 as muralhas remanescentes do Forte-Reduto São Diogo, a parte mais antiga registrada no processo de tombamento do Conjunto Arquitetônico, Histórico e Paisagístico da Fortaleza de São João no Iphan. O Reduto São Teodósio também faz parte do processo de tombamento; a estrutura atual substitui a do século 16 para já integrava a defesa da entrada da Baía de Guanabara no começo do século 18, quando uma frota francesa invadiu a cidade.
Também do século 18 é a Bateria do Pau da Bandeira que, após reforma em 1874, chegou a conter o maior canhão usado no Brasil no período do Império. Na época imperial, também foi erguido, entre 1863 e 1875 o Forte São José (no local do antigo Reduto São José), para ser o mais importante do conjunto de fortificações da Fortaleza de São João. As baterias Marques Porto e Maillet, também tombadas, são do começo do século 20. Também fazem parte do conjunto tombado a Praia de Fora, onde Estácio de Sá e sua frota desembarcaram, e a Praia de Dentro, principal acesso à fortaleza até o início do século 20, e sua ponte. Só em 1908, quando foi criado o bairro da Urca com um aterro na Baía de Guanabara usando material da primeira parte do desmonte do Morro do Castelo. Na orla da Praia de Fora, há uma reprodução do marco de fundação da cidade; o original está na Igreja dos Capuchinhos, na Tijuca, ao lado dos restos mortais de Estácio de Sá (mas essa é outra história).
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A Praia de Fora segue um tanto invisível porque o Exército só abre a Fortaleza de São João, no trecho final do bairro da Urca, para visitação de sexta a domingo (se não chover): são apenas duas visitas por dia, ambas guiadas, às 9h e às 14h – o agendamento é apenas por email. Na visita de duas horas, é possível visitar as antigas instalações militares – há um museu da fortaleza no Forte São José – e aproveitar a vista da Baía de Guanabara já que o caminho contorna o Cara de Cão, o que inclui a ilhota do Forte da Laje, desativado desde 1997, e o conjunto de fortificações de Santa Cruz, em Niterói, também tombado agora pelo Iphan.
Na Fortaleza de São João, ainda funcionam o Centro de Capacitação Física do Exército, a Escola de Educação Física do Exército e a Escola Superior de Guerra. Responsável por guardar essa parte da história do Rio de Janeiro, o Exército pode aproveitar o tombamento para ampliar a visitação e facilitar o acesso. Os militares já assinaram um contrato para a estruturação de um projeto para valorização e exploração econômica do Museu Histórico do Exército e Forte de Copacabana – área igualmente histórica e com apelo turístico, que já recebe 35 mil visitantes por ano. Devem pensar em alguma iniciativa semelhante para abrir a mais cariocas esse passeio pelo seu passado.
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Amei a matéria. Já conhecia o forte, mas desconhecia a história
Muito bom. Parabéns.
Sou carioca, amo o Rio de Janeiro, e que tem muitos monumentos histórico, a memória do Rio de Janeiro, linda muito linda.
Para visitar, é preciso agendar: e só por este email – sitiohistorico.fsj@gmail.com
Fiquei interessada em fazer a visitação
Adorei!
Parabéns pela reportagem! Amei essa historia e todo o ocorrido!
O Rio de Janeiro é lindo por naturaleza!
a impressão que setem é de que, tudo esta a venda nesse pais até o patrimônio histórico é especulado,
Sou paulistano que adora historia e achei incrível a matéria! Principalmente num país onde se pouco cultiva o nosso passado histórico.