ODS 1
O poder do Twitter no Egito e o desprezo pelo #foracunha
Ativistas estão usando as redes sociais para saber paradeiro de presos e, em alguns casos, libertá-los do regime do general Sissi; por aqui protestos virtuais são ignorados
“A segunda revolução do Egito no Twitter”. Foi assim que o Daily Beast anunciou na última sexta-feira, 11/12, o movimento dos ativistas do país para libertar presos políticos e encontrar pessoas desaparecidas por confrontos com a ditadura. Em 2011, durante a Primavera Árabe, as redes sociais foram protagonistas na derrubada do ditador Hosni Mubarak.
Agora está no Twitter e no Facebook a esperança de liberdade de muitos. O estudante de engenharia Ayman Moussa, condenado a 15 anos de prisão por participar de um protesto considerado ilegal pelo governo do presidente Abdel Fatah el-Sissi, por exemplo sonhava estar presente no enterro de seu pai. Seus amigos fizeram pressão “virtual” e, no dia seguinte, o rapaz foi liberado para homenagear o parente morto. “As mídias sociais são a única coisa que os assusta”, disse, ao Beast, um amigo de Moussa e um dos criadores da hashtag #letAymanburyhisfather (Deixem Ayman enterrar seu pai). Nos últimos seis meses, segundo o site, dezenas de campanhas como essas foram criadas no Egito, ajudando a encontrar presos e até evitando tortura. Em um país sem imprensa livre e onde protestos nas ruas são proibidos, o respeito do governo parece vir do medo de algo como o que ocorreu na Primavera Árabe.
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Veja o que já enviamosNem sempre os protestos trazem alívio. Foi após uma campanha que foi descoberta a morte de Talaat Shabeeb enquanto estava sob custódia da família. Por sua vez, depois de outro movimento, quatro policiais foram presos suspeitos de brutalidade. “As mídias sociais e também a tradicional protegem mais as pessoas da tortura na prisão do que as leis”, disse, ao Beast, Halim Hanish, advogado de Esraa El-Taweel – sua libertação é o motivo da campanha #FreedomforEsraaTaweel, pois ativistas afirmam que a jovem pode ficar incapacitada para sempre se não receber atendimento médico na prisão.
As histórias recentes de campanhas bem-sucedidas na internet por lá são muitas e há uma crença de que o governo continuará cedendo por temer algo maior, apesar de seguir prendendo seus oponentes. Sim, estamos falando do governo de um general que foi eleito após participar da derrubada do ex-presidente Mohamed Morsi, este também acusado de espionagem para o Hamas e de violência e tortura contra seus adversários.
Se em um país sem tradição democrática – muito pelo contrário – como o Egito, há ouvidos para o que se grita nas redes, a pergunta que não se cala é por que campanhas como #foracunha são solenemente ignoradas pelos políticos e até pelo próprio presidente da Câmara. A hashtag costuma estar entre os assuntos mais comentados das redes e também vai às ruas em manifestações. Sem se afastar do cargo para investigações, Cunha segue livre para fazer manobras e atrasar o trabalho da comissão de ética e, no capítulo mais recente, desta sexta-feira, há notícias de que o antigo relator da comissão Fausto Pinato (PRB/SP) teria recebido oferta de propinas. A opinião pública não existe para Cunha, que se agarra aos seus grandes poderes. Não fala ao povo, não tenta se justificar, nada…Nem pra escrever uma carta.
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Formada em Jornalismo pela UFF, nasceu em São Paulo, mas cresceu na cidade do Rio de Janeiro. Foi repórter do jornal “O Dia”, ocupou várias funções no “Jornal do Brasil” e foi secretária de redação da revista de divulgação científica “Ciência Hoje”, da SBPC. Passou os últimos anos no jornal “O Globo”, onde se dedicou ao tema da Educação. Editou a Revista “Megazine”, voltada para o público jovem, e a “Revista da TV”. Hoje é Editora do Projeto #Colabora e responsável pela Agência #Colabora Marcas.