Jovens pelo clima mas também contra racismo, sexismo e desigualdade

Greve global pelo clima, liderada por Greta Thunberg, está de volta com ataques contundentes ao sistema, aos governantes e aos países ricos

Por Oscar Valporto | ODS 13 • Publicada em 24 de setembro de 2021 - 07:04 • Atualizada em 29 de setembro de 2021 - 09:03

A sueca Greta Thunberg – com uma camiseta contra racismo, sexismo, homofobia e transfobia – e ativista alemã Luisa Neubauer em manifestação pelo clima em Estocolmo: nova greve global amplia reivindicações contra desigualdades e ataca governantes e países ricos (Foto: Christine Olsson / TT NEWS AGENCY / AFP – 20/08/2021)

Os jovens ativistas pelo clima – organizados pelo Fridays for Futuro, movimento liderado pela sueca Greta Thunberg – voltam a sair à rua nesta sexta-feira (24/09). E, desta vez, a crise climática e a ameaça ambiental ganharam a companhia nos tópicos do protesto global de temas como racismo, sexismo, preconceito contra pessoas com deficiência e desigualdade. A hashtag #UprootTheSystem (uproot the system, ou desarraigar o sistema) foi escolhida exatamente para mostrar essa ligação entre a crise climática e outros temas socioeconômicos.

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“Quando dizemos ‘desarraigar o sistema’, o movimento climático enfatiza a interseccionalidade da crise climática. O domínio do Norte Global sobre o MAPA (pessoas e áreas mais afetadas, most affected people and areas na sigla em inglês) por meio de diferentes sistemas – como colonialismo, discriminação e injustiça climática – e, particularmente, a contribuição descomunal do Norte Global para as emissões estão na raiz desta crise”, afirma o manifesto publicado na página do Friday For Future como convocação desta quinta greve global pelo clima desde 2018, quando Greta Thunberg começou seu então solitário protesto – greve escolar pelo clima – em frente ao Parlamento da Suécia.

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Estou exausta de falar sobre o clima. A pandemia nos mostrou que nós podemos tratar uma crise como uma crise. A crise climática nunca foi tratada como uma emergência mundial

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Greta postou sua iniciativa no Instagram e no Twitter, afirmando que passaria a faltar a aula todas as sextas para protestar contra a falta de ação dos governantes contra a crise climática. Seu protesto tornou-se viral pelas redes sociais e as greves pelo clima dos jovens se multiplicaram pelo adepto. O Movimento Fridays for Future calcula que reúna agora mais de 14 milhões de jovens em todos os continentes, envolvendo ativistas em, pelo menos, 7.500 cidades.

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A primeira greve global ocorreu em março de 2019, quando o movimento já tinha se espalhado pelo mundo; no Brasil, a adesão ainda era mínima. Foram organizadas cerca de 2.200 greves e protestos em 125 países. Dois meses depois, no dia 24 de maio de 2019, a segunda greve global foi marcada para coincidir com a eleição do Parlamento Europeu para pressionar os eleitos a tomarem providência: foram registrados 1.600 eventos em 150 países, com centenas de milhares de manifestantes. Em setembro de 2019, os protestos foram considerados as maiores manifestações climáticas da história mundial: organizadores calcularam que mais de quatro milhões de pessoas, jovens em sua imensa maioria participaram das greves e atos pelo clima em todo o mundo – desta vez, jovens brasileiros também organizaram protestos.

O movimento deixou as ruas em 2020 durante a pandemia. Em março, houve uma manifestação global, ainda prejudicada pelas consequências da crise sanitária. Nos protestos de março, os jovens já tinham subido o tom contra os governantes. “Chega de promessas vazias” era o slogan, substituindo o “Não há plano B” e o “Tomem providências” de manifestações anteriores. O “desairragar o sistema” (#UprootTheSystem) mostra que a paciência dos jovens já acabou. “Estou exausta de falar sobre o clima. A pandemia nos mostrou que nós podemos tratar uma crise como uma crise. A crise climática nunca foi tratada como uma emergência mundial”, afirmou Greta Thunberg esta semana.

No manifesto para os protestos desta sexta, o movimento destacou que a crise climática tem impactos desiguais. “Estamos unidos em nossa luta pela justiça climática, mas também devemos reconhecer que não enfrentamos os mesmos problemas; nem os experimentamos da mesma forma”, afirma o documento publicado na internet e divulgado pelas redes sociais. “O MAPA (Povos e Áreas Mais Afetadas) está sofrendo os piores impactos da crise climática e não consegue se adaptar a ela. Isso por causa da elite do Norte Global que causou a destruição das terras do MAPA através de colonialismo, imperialismo, injustiças sistêmicas e sua ganância desenfreada que acabou por causar o aquecimento do planeta”, ataca o manifesto

Oscar Valporto

Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade

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