‘Olho da Rua’: filme ajuda a cruzada admirável do Padre Júlio Lancellotti

Curta-metragem junta rap, hip hop e slam com a Orquestra de Câmara da Escola de Comunicação e Artes da USP para se engajar no socorro à população em situação de rua em São Paulo

Por Bernardo de la Peña | ODS 1ODS 17 • Publicada em 5 de julho de 2021 - 09:39 • Atualizada em 13 de julho de 2021 - 09:01

Padre Julio Lancellotti em seu depoimento no filme: cruzada. Foto Amanda Barros/divulgação

O olho da rua enxerga longe a misericórdia, a importância do socorro, a urgência do invisível – e demanda luta contra as agruras sociais de um país confortável em sua desigualdade. É a perspectiva que move o padre Júlio Lancellotti, pároco da Igreja de São Miguel Arcanjo e coordenador da Pastoral do Povo de Rua, na sua admirável cruzada pela população em situação de rua em São Paulo e na região metropolitana da maior cidade do Brasil.

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Agora, a batalha do religioso ganha obra audiovisual para auxiliar na busca por doações. “Olho da Rua”, curta-metragem realizado pela Orquestra de Câmara (Ocam) da Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP, ensina o caminho da solidariedade, no ritmo de uma engajada mistura musical. Ao longo de 7min39s o recado é dado com a ênfase necessária.

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“Acredito que uma primeira ajuda todos podem fazer e não custa nada. Não discrimine. Não tenha preconceito. Seja humano”, ressalta Lancellotti no curta. “A compaixão não é uma dimensão religiosa. É uma dimensão humana”, atesta o religioso.

“O filme faz arte atendendo a um sentido de urgência que o momento atual exige”, aponta Gil Jardim, diretor artístico e regente da Orquestra de Câmara, que participa dos números musicais com o Coral Paulistano Mário de Andrade e artistas do rap, do hip hop e do slam. Entre letras, melodias e performances, a dramática questão da população em situação de rua se apresenta por inteiro.

Beto Macedo, diretor do filme, trabalhava há tempos com a ideia de uma produção com o padre Júlio Lancellotti, “sacerdote que leva o amor pregado pela igreja, o da atenção ao próximo”. O projeto saiu da gaveta graças ao convite de Gil Jardim. “Durante a pandemia toda atividade sinfônica mundial ficou suspensa, no Brasil não foi diferente”, explica o maestro. “Em 2020, procurando entender como dar continuidade às atividades concluí que deveria ser algo sensível, relacionado ao que a população brasileira está vivendo”.

Jardim percebeu que o caminho era o padre que distribuir comida, agasalhos e atenção aos abandonados nas calçadas. “Ele diz, no filme, que não trabalha, mas convive com pessoas em situação de rua. Isso faz toda diferença, sabe?”, pondera Macedo. “Toda ajuda prática é importante, claro, mas esse olhar do padre, o carinho e o respeito que ele e sua equipe têm pelas pessoas invisibilizadas são emocionantes. Dá uma certa esperança de imaginar um mundo menos desigual”.

Assista a “Olho da Rua” e, o mais importante, não deixe de ajudar a Pastoral do Povo de Rua, do padre Júlio Lancellotti. As doações podem ser feitas via PIX no CNPJ 63.089.825/0097-9. Ou por meio de depósito no Bradesco, agência 0299, conta corrente 034857-0, em nome da Paróquia São Miguel Arcanjo, com o mesmo CNPJ.

Cena do filme> "Como alguém que não tem casa vai ficar em casa na pandemia?", questiona o padre. Foto reprodução
Cena do filme: “Como alguém que não tem casa vai ficar em casa na pandemia?”, questiona o padre. Foto reprodução

Bernardo de la Peña

Bernardo de la Peña é carioca e jornalista há mais de 25 anos. Trabalhou em "O Estado de S. Paulo" e "O Globo", onde  ganhou dois Prêmio Esso. Escritor, publicou dois livros: "Memorial do escândalo", livro-reportagem sobre o mensalão, e "Um carioca no Planalto", memórias dos cinco anos que viveu em Brasília, a maior parte do tempo cobrindo o Planalto. Adora cavalos, a ponto de se arriscar a praticar salto na Sociedade Hípica Brasileira, um de seus lugares preferidos, ao lado da fazenda da família em Secretário, distrito de Petrópolis (RJ).

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