ODS 1
Membrana biodegradável e outras invenções da moda sustentável
Evento apresentou lançamentos tecnológicos para um futuro mais ecológico
Durante quatro dias de calor abafado regado a trombadas de chuvas, cerca de 30 mil pessoas que passaram pela Pitti Uomo, principal feira internacional de moda masculina e estilo de vida contemporâneo, puderam ver que, agora, moda e sustentabilidade caminham de braços dados. O evento, que aconteceu entre os dias 12 e 15 de junho, em Florença, na Itália, deixou claro que a intenção de proteger o meio ambiente, partindo de um estilo que envolve escolhas de materiais biocompatíveis, cruelty free e eco-friendly, vai além da tendência das coleções primavera-verão 2019/2020 apresentadas nesta edição.
Na conferência de inauguração, Marino Vago, presidente do Sistema Moda Itália – SMI, enfatizou que a sustentabilidade na moda vai além do simples marketing:
“Seria um erro primordial considerar a sustentabilidade como um fator de marketing das empresas. Tudo parte do respeito às regras que o mundo ocidental está se dando, mas precisamos ter regras comuns, como, por exemplo, ter dados sobre a rastreabilidade do produto, um percurso vital na luta contra a falsificação, que custa ao nosso setor quase 10 milhões de euros por ano. O valor do têxtil italiano é baseado pela escolha de produtos ecológicos, pela atenção dada a questões ambientais e pelo respeito aos direitos humanos”.
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Veja o que já enviamosJaquetas petrol-free
Dentro desse contexto, a Nomadic State of Mind, empresa fundada há 20 anos pelo estilista americano Chris Anderson, apresentou sua coleção de confortáveis sandálias veganas feitas à mão. Produzidas em uma fábrica socialmente responsável na Nicarágua, as sandálias são feitas com cordas torcidas de fibras de plástico reciclado recolhido no oceano.
Já a marca italiana Reda uniu o desejo de mesclar pesquisa tecnológica e sustentabilidade e criou uma membrana totalmente biodegradável chamada Reda Active LIFEPROOF. Composta por uma mistura de polímeros biodegradáveis, é superresistente, mas se decompõe totalmente em 18 meses se enterrada a uma temperatura de 26 graus, sem deixar vestígios no meio ambiente. “Nossa empresa sempre foi muito atenta à sustentabilidade. Acreditamos que é essencial preservar o meio ambiente, minimizando o desperdício e projetando peças cada vez mais ecologicamente corretas”, disse Ercole Botto Poala, CEO da empresa.
Sease, a marca outerwear contemporânea criada pelos irmãos Franco e James Loro Piana, exibiu calças e jaquetas com fio Evo petrol free, feito a partir de sementes de mamona e tecido New Life, realizado com poliéster reciclado, provenientes de garrafas PET pós-consumo. Em parceria com a marca Italdenim, eles apresentaram um jeans regenerado pós-consumo, tingido com corantes Smart Indigo que não utilizam agentes químicos.
Sempre no mundo do jeans, a marca italiana Re-HasH e C+, repropôs uma de suas peças mais vendidas: o denim 2730, feito com algodão orgânico e com direito ao selo Kitotex SAVEtheWATER, o que gera uma economia de 30 % de energia, 50 % de água e 70 % de produtos químicos na produção de um jeans. Já a Care Label, outra marca italiana, fez uma parceria com a empresa Salina Margherita de Savoia para divulgar um novo (ou melhor, antigo) procedimento de lavagem com economia de água e uso de produtos não tóxicos e de baixo impacto ambiental como o sal: a lavagem à mão da peça.
Visitando o estilo mais clássico, a Eton, marca sueca de camisas mundialmente conhecida, propôs uma peça especial, realizada em Tencel, uma fibra resistente e transpirável, extraída da celulose do eucalipto. A camisa é muito macia, liso e brilhante.
Escovas de dentes de madeira
A Organic basics, marca dinamarquesa fundada em 2015, levou para o salão, além de camisas, cuecas e calcinhas feitas com algodão orgânico provenientes de plantações sustentáveis, caneca de metal e escova de dentes feita em bambu reciclado e cerdas de carvão ativado, que absorve naturalmente a placa bacteriana, as toxinas prejudiciais e os microrganismos, enquanto reduz as manchas nos dentes. Já a italiana 24Bottles, preocupada com o uso indiscriminado de garrafas de plástico para o consumo de água, apresentou sua coleção de garrafas feitas em aço inox, resistentes, coloridas e infinitamente reutilizáveis.
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Formada pela Universidade São Judas Tadeu (SP), trabalha há 17 anos como jornalista e vive há 15 na Itália, onde fez mestrado em imigração, na Universidade de Veneza. Escreve para Estadão, Opera Mundi, IstoÉ e alguns veículos italianos como GQ, Linkiesta e Il Giornale di Vicenza. Foi gerente de projetos da associação Il Quarto Ponte, uma ONG que trabalha com imigração.