Membrana biodegradável e outras invenções da moda sustentável

I Go Out: espaço especial dentro da Pitti Uomo 2018 foi inspirado no equilíbrio entre homem e natureza (Foto: Janaina Cesar)

Evento apresentou lançamentos tecnológicos para um futuro mais ecológico

Por Janaína Cesar | ODS 12ODS 15 • Publicada em 2 de julho de 2018 - 08:48 • Atualizada em 23 de julho de 2018 - 21:58

I Go Out: espaço especial dentro da Pitti Uomo 2018 foi inspirado no equilíbrio entre homem e natureza (Foto: Janaina Cesar)
I Got Out: projeto dentro da feira foi inspirado no equilíbrio entre o homem e o meio ambiente (Foto: Janaina Cesar)
I Got Out: projeto dentro da feira foi inspirado no equilíbrio entre o homem e o meio ambiente (Foto: Janaina Cesar)

Durante quatro dias de calor abafado regado a trombadas de chuvas, cerca de 30 mil pessoas que passaram pela Pitti Uomo, principal feira internacional de moda masculina e estilo de vida contemporâneo, puderam ver que, agora, moda e sustentabilidade caminham de braços dados. O evento, que aconteceu entre os dias 12 e 15 de junho, em Florença, na Itália, deixou claro que a intenção de proteger o meio ambiente, partindo de um estilo que envolve escolhas de materiais biocompatíveis, cruelty free e eco-friendly, vai além da tendência das coleções primavera-verão 2019/2020 apresentadas nesta edição.

Na conferência de inauguração, Marino Vago, presidente do Sistema Moda Itália – SMI, enfatizou que a sustentabilidade na moda vai além do simples marketing:

“Seria um erro primordial considerar a sustentabilidade como um fator de marketing das empresas. Tudo parte do respeito às regras que o mundo ocidental está se dando, mas precisamos ter regras comuns, como, por exemplo, ter dados sobre a rastreabilidade do produto, um percurso vital na luta contra a falsificação, que custa ao nosso setor quase 10  milhões de euros por ano. O valor do têxtil italiano é baseado pela escolha de produtos ecológicos, pela atenção dada a questões ambientais e pelo respeito aos direitos humanos”.

Jaquetas petrol-free

Dentro desse contexto, a Nomadic State of Mind, empresa fundada há 20 anos pelo estilista americano Chris Anderson, apresentou sua coleção de confortáveis sandálias veganas feitas à mão. Produzidas em uma fábrica socialmente responsável na Nicarágua, as sandálias são feitas com cordas torcidas de fibras de plástico reciclado recolhido no oceano.

As sandálias da Nomadic State of Mind são feitas com cordas torcidas de fibras de plástico reciclado recolhido no oceano (Foto: Janaina Cesar)
As sandálias da Nomadic State of Mind são feitas com cordas torcidas de fibras de plástico reciclado recolhido no oceano (Foto: Janaina Cesar)

Já a marca italiana Reda uniu o desejo de mesclar pesquisa tecnológica e sustentabilidade e criou uma membrana totalmente biodegradável chamada Reda Active LIFEPROOF. Composta por uma mistura de polímeros biodegradáveis, é superresistente, mas se decompõe totalmente em 18 meses se enterrada a uma temperatura de 26 graus, sem deixar vestígios no meio ambiente. “Nossa empresa sempre foi muito atenta à sustentabilidade. Acreditamos que é essencial preservar o meio ambiente, minimizando o desperdício e projetando peças cada vez mais ecologicamente corretas”, disse Ercole Botto Poala, CEO da empresa.

A marca italiana Reda uniu o desejo de mesclar pesquisa tecnológica e sustentabilidade e criou uma membrana totalmente biodegradável (Foto: Janaina Cesar)
A marca italiana Reda uniu o desejo de mesclar pesquisa tecnológica e sustentabilidade e criou uma membrana totalmente biodegradável (Foto: Janaina Cesar)

Sease, a marca outerwear contemporânea criada pelos irmãos Franco e James Loro Piana, exibiu calças e jaquetas com fio Evo petrol free, feito a partir de sementes de mamona e tecido New Life, realizado com poliéster reciclado, provenientes de garrafas PET pós-consumo. Em parceria com a marca Italdenim, eles apresentaram um jeans regenerado pós-consumo, tingido com corantes Smart Indigo que não utilizam agentes químicos.

Sempre no mundo do jeans, a marca italiana Re-HasH e C+, repropôs uma de suas peças mais vendidas: o denim 2730, feito com algodão orgânico e com direito ao selo Kitotex SAVEtheWATER, o que gera uma economia de 30 % de energia, 50 % de água e 70 % de produtos químicos na produção de um jeans. Já a Care Label, outra marca italiana, fez uma parceria com a empresa Salina Margherita de Savoia para divulgar um novo (ou melhor, antigo) procedimento de lavagem com economia de água e uso de produtos não tóxicos e de baixo impacto ambiental como o sal: a lavagem à mão da peça.

Visitando o estilo mais clássico, a Eton, marca sueca de camisas mundialmente conhecida, propôs uma peça especial, realizada em Tencel, uma fibra resistente e transpirável, extraída da celulose do eucalipto. A camisa é muito macia, liso e brilhante.

Camisa feita de Tencel, uma fibra resistente e transpirável, extraída da celulose do eucalipto (Foto: Janaina Cesar)
Camisa feita de Tencel, uma fibra resistente e transpirável, extraída da celulose do eucalipto (Foto: Janaina Cesar)

Escovas de dentes de madeira

A Organic basics, marca dinamarquesa fundada em 2015, levou para o salão, além de camisas, cuecas e calcinhas feitas com algodão orgânico provenientes de plantações sustentáveis, caneca de metal e escova de dentes feita em bambu reciclado e cerdas de carvão ativado, que absorve naturalmente a placa bacteriana, as toxinas prejudiciais e os microrganismos, enquanto reduz as manchas nos dentes. Já a italiana 24Bottles, preocupada com o uso indiscriminado de garrafas de plástico para o consumo de água, apresentou sua coleção de garrafas feitas em aço inox, resistentes, coloridas e infinitamente reutilizáveis.

A escova de dentes feita em bambu reciclado e cerdas de carvão ativado, que absorve naturalmente a placa bacteriana (Foto: Janaina Cesar)
A escova de dentes feita em bambu reciclado e cerdas de carvão ativado, que absorve naturalmente a placa bacteriana (Foto: Janaina Cesar)

 

Janaína Cesar

Formada pela Universidade São Judas Tadeu (SP), trabalha há 17 anos como jornalista e vive há 15 na Itália, onde fez mestrado em imigração, na Universidade de Veneza. Escreve para Estadão, Opera Mundi, IstoÉ e alguns veículos italianos como GQ, Linkiesta e Il Giornale di Vicenza. Foi gerente de projetos da associação Il Quarto Ponte, uma ONG que trabalha com imigração.

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