Xepa sustentável: saiba como aproveitar frutas, legumes e verduras ‘feinhos’

Cenoura com machucados: produto próprio para o consumo acaba indo parar no lixo (Foto: Yuri Fernandes)

Rejeitados por não se enquadrarem nos padrões estéticos ideais, eles acabam indo para o lixo e causando desperdício

Por Fernanda Baldioti | Vídeo • Publicada em 11 de outubro de 2019 - 12:46 • Atualizada em 11 de outubro de 2019 - 22:05

Cenoura com machucados: produto próprio para o consumo acaba indo parar no lixo (Foto: Yuri Fernandes)

 

Pense bem: o quão seletivo você é na hora de comprar seus legumes, frutas ou verduras na feira ou no supermercado? Pois saiba que essa seleção criteriosa é uma das grande responsáveis por desperdício de alimentos próprios para o consumo, mas que não seguem os padrões estéticos ideais do imaginário dos consumidores em busca do tomate brilhante, do morango perfeito ou da couve sem nenhum rasgo. Para além da economia da xepa, a chef vegana Carol Perdigão ensina no vídeo acima como aproveitar os vegetais um pouco fora do ponto da melhor maneira.

“O desperdício de comida se dá em três níveis: na horta, quando o agricultor nem chega a colher um alimento que ele sabe que não será vendido porque está com alguma imperfeição; no transporte ou no supermercado; e por fim em casa, quando por algum motivo o vegetal não é consumido e acaba indo pro lixo”, explica Carol.

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Os supermercados mimaram os clientes exibindo apenas legumes, verduras e frutas reluzentes, impecáveis

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Ela lembra que um terço dos alimentos produzidos por ano no mundo é desperdiçado, de acordo com um estudo divulgado pela agência da ONU para Agricultura e Alimentação (FAO). Segundo a pesquisa, que foi divulgada em 2011, 1,3 bilhão de toneladas de alimento são desperdiçados por ano, sendo que o mundo emergente e os países desenvolvidos desperdiçam aproximadamente a mesma quantidade de alimentos, mas seguem padrões diferentes de desperdício. Nos países mais pobres, a maior parte dos alimentos é perdida durante o processo de produção e transporte. Já nas nações mais ricas, a maior parte do desperdício acontece quando os alimentos já foram comprados pelos consumidores.

Cenoura com machucados: produto próprio para o consumo acaba indo parar no lixo (Foto: Yuri Fernandes)

“Os supermercados mimaram os clientes exibindo apenas legumes, verduras e frutas reluzentes, impecáveis, seguindo a busca da sociedade por padrões estéticos de perfeição, seja de corpo ou de comida”, afirma Bruno Grossman, da acolheita. “Agora, fica a reflexão: para onde vão os tomates imperfeitos do supermercado? Somos nós que pagamos por este desperdício?”.

Para evitar que alimentos em bom estado fossem parar no lixo, Bruno criou a seção da xepa permanentemente em seu mercado com preços mais em conta para produtos que ele sabe que não passarão no crivo dos clientes à primeira vista, mas que estão próprios para o consumo.

Iniciativa semelhante é o Fruta Imperfeita, um delivery de São Paulo que entrega uma cestas de frutas e legumes com formatos estranhos, mas deliciosas. “Por um consumo consciente e sem desperdício”, dizem eles no Instagram.

Fruta Imperfeita: delivery entrega cesta de produtos com estética fora dos padrões, mas perfeitos para o consumo (Foto: Reprodução Instagram @fruta.imperfeita)

Para além da estética, ainda há partes de muitos alimentos que são desperdiçados simplesmente pela falta do hábito de consumi-los. Já pensou que você só come a flor da couve-flor? Aliás, você já viu a couve dela? Em grande parte dos supermercados, a hortaliça já vem sem as folhas e até embalada em plástico filme ou em bandejas de isopor. E as ramas da cenoura ou da beterraba? O que você faz com elas? Em termos de economia, dá até para pedir de graça essas partes na feira já que quase ninguém compra mesmo…

A nossa websérie “Comendo Lixo” também busca reduzir o desperdício de alimentos por meio de receitas feitas com essas partes de alimentos que em geral são descartadas. A gente ensina a aproveitar até a casca do abacaxi, que pode virar um suco delicioso. 

Fernanda Baldioti

Jornalista, com mestrado em Comunicação pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), trabalhou nos jornais O Globo e Extra e foi estagiária da rádio CBN. Há mais de dez anos trabalha com foco em internet. Foi editora-assistente do site da Revista Ela, d'O Globo, onde se especializou nas áreas de moda, beleza, gastronomia, decoração e comportamento. Também atuou em outras editorias do jornal cobrindo política, economia, esportes e cidade.

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