Jogo de bola (e política) na África

O atacante Mane, astro da seleção do Senegal, na vitória sobre a Polônia. Foto de William Volcov (Brazil Photo Press)

Como os astros e as seleções do continente se relacionam com a 'terra ancestral'

Por Alexandre dos Santos | ODS 8 • Publicada em 19 de junho de 2018 - 18:13 • Atualizada em 23 de junho de 2018 - 13:01

O atacante Mane, astro da seleção do Senegal, na vitória sobre a Polônia. Foto de William Volcov (Brazil Photo Press)
Torcedor do Egito fantasiado de faraó com retrato de Salah, no estádio de São Petesburgo. Foto de Giuseppe Cacace (AFP)
Torcedor do Egito fantasiado de faraó com retrato de Salah, no estádio de São Petesburgo. Foto de Giuseppe Cacace (AFP)

Em 2015 os deputados portugueses aprovaram por unanimidade que os restos mortais do jogador de futebol Eusébio da Silva Ferreira, também conhecido como King e Pantera Negra, fossem transladados para o Panteão Nacional. Eusébio foi o primeiro negro/africano a ganhar tal honraria. Antes dele, a fadista e atriz Amália Rodrigues havia sido a primeira mulher sepultada no panteão de notáveis portugueses.

Os países africanos continuam tendo um papel essencialmente de fornecedores inesgotáveis de matéria-prima barata. Não há qualquer possibilidade de comparação entre a realidade econômica dos clubes de futebol africanos e das federações locais, diante do poderio e das receitas dos times europeus e da Uefa, por exemplo. Evitar o êxodo de talentos é virtualmente impossível

A comoção em torno do traslado dos restos mortais de Eusébio, o “Pelé português”, despertou antiga disputa de representatividade. Afinal, o jogador na verdade havia nascido no Moçambique colonial, em 1942, e tornou-se uma das maiores estrelas africanas do futebol internacional. Apesar de ter defendido a seleção portuguesa – com destaque na brilhante campanha na Copa de 1966, quando Portugal conquistou o terceiro lugar, eliminando o Brasil de Garrincha e Pelé –, Eusébio é encarado pelo governo e pelo povo moçambicanos como um herói nacional.

Assim como Eusébio, Mário Coluna, outro moçambicano, também fez sucesso no Benfica e na seleção portuguesa de 1966, se tornando outra lenda africana do futebol luso, o Monstro Sagrado. Assim como Coluna, o também moçambicano (branco) Alberto da Costa Pereira e os angolanos José Águas (branco) e Joaquim Santana foram heróis nacionais que levaram o time do Benfica ao título europeu de 1961. Antes de todos eles, Lucas Sebastião da Fonseca, o Matateu, foi o responsável por abrir as portas dos clubes de Portugal aos jogadores das colônias d’África (Angola, Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné Bissau).

O ex-craque George Weah, como presidente da Libéria, ao lado da vice-presidente Jewel Taylor: transição democrática. Foto de Issouf Sanogo (AFP)

“Os clubes de futebol dos países que tiveram uma presença imperial significativa na África, foram os principais beneficiários da exportação de talento futebolístico africano”, sentencia Paul Darby, professor da Universidade de Ulster, e autor de “Africa, Futebol e Fifa: política, colonialismo e resistência” e “Migração para Portugal de jogadores de futebol africanos: recurso colonial e neocolonial”. A França, por exemplo, usava o expediente desde o início dos anos 1930 e, graças a ele, revelou seu primeiro grande herói nacional africano, o marroquino Larbi Ben Barek, que defendeu os azuis até a década de 1940. “Mas o país que primeiro importou jogadores foi a Grã-Bretanha”, complementa Paul Darby. “Eles já tinham egípcios em clubes britânicos em 1910, mas depois da I Guerra Mundial, a preferência passou para os sul-africanos. Liverpool e Charlton, por exemplo, até os anos 1950 eram os times que mais tinham sul-africanos no elenco.”

Hoje, as razões das migrações dos jogadores africanos para o mercado europeu, asiático e americano são outras. Nada parecido com a relação entre metrópole e colônia, mas também nada tão distante. Os países africanos continuam tendo um papel essencialmente de fornecedores inesgotáveis de matéria-prima barata. Não há qualquer possibilidade de comparação entre a realidade econômica dos clubes de futebol africanos e das federações locais, diante do poderio e das receitas dos times europeus e da Uefa, por exemplo. Evitar o êxodo de talentos é virtualmente impossível. Em muitos países africanos, a ida de seus valores para o exterior, de preferência para a Europa, significa a aposta de projeção internacional positiva para o atleta e seu país de origem. Além disso, com o treinamento recebido em regiões onde os campeonatos nacionais e internacionais são mais competitivos, os jogadores retornam “profissionalizados”, elevando o nível de suas próprias seleções.

Destacar-se jogando por um time europeu garante, além de fortuna, status de heróis com enorme influência social e política em seus países de origem, quer queiram ou não. Foi o caso recente do atacante Mohamed Salah, do Liverpool e da seleção egípcia de futebol. Nas eleições de março passado, ele recebeu um milhão de votos (cerca de 5% do total de eleitores) sem sequer estar concorrendo

Destacar-se jogando por um time europeu garante, além de fortuna, status de heróis com enorme influência social e política em seus países de origem, quer queiram ou não. Foi o caso recente do atacante Mohamed Salah, do Liverpool e da seleção egípcia de futebol. Nas eleições de março passado, ele recebeu um milhão de votos (cerca de 5% do total de eleitores) sem sequer estar concorrendo. O atual presidente, Abdul Fattah al-Sisi, foi reeleito com 92% dos votos, percentual que, por si só, já é indício da mão pesada de um líder que concorreu contra apenas um candidato oficial, de oposição e escolhido pelo próprio governo. O voto em Mo Salah foi um protesto inteligente e bem-humorado, aviso mais do que direto ao presidente reeleito de que o craque da seleção é quem “nos representa”.

O próprio Mo Salah (autor do gol na derrota de sua seleção para a Rússia, nesta terça-feira, 19) também deu um tapa com luva de pelica no governo de al-Sisi ao doar 30 mil euros à Associação Egípcia de Jogadores Veteranos, entidade que dá ajuda financeira e social aos ex-atletas do futebol egípcio e suas famílias. O ato ganhou repercussão ainda maior porque a Federação Egípcia, que sofre ingerência direta do governo, havia alegado não poder ajudar financeiramente a entidade dos ex-jogadores. O astro é visto como um herdeiro do ex-atacante Mohamed Aboutrika, tanto pelo talento quanto pela ousadia ao deixar claras suas posições políticas e críticas.

O atacante Mane, astro da seleção do Senegal, na vitória sobre a Polônia. Foto de William Volcov (Brazil Photo Press)
O atacante Mane, astro da seleção do Senegal, na vitória sobre a Polônia. Foto de William Volcov (Brazil Photo Press)

O amor e a veneração pelo camisa 10 dos Faraós também se dá pelas ações sociais que ele desenvolve em sua cidade natal, Nagrig. Salah construiu uma escola, ajudou a equipar um hospital e financia o serviço de resgate e atendimento por ambulâncias. Além disso, doa todos os anos roupas e alimentos a famílias pobres durante o Ramadã, e financia projetos de jovens empreendedores em todo o Egito.

Os 90 milhões de torcedores apostam numa boa campanha da seleção para aliviarem a viuvez com sua própria Primavera Árabe, e estão atentos – além de menos condescendentes – com o uso político que governo e federação vierem a fazer, caso os Faraós avancem para além da fase de grupos na Copa. Mas a felicidade está garantida apenas por participar novamente da festa, 28 anos depois da campanha na Itália.

A Tunísia, o berço da Primavera Árabe, vai tentar passar da fase de grupos pela primeira vez, nessa sexta participação em Copas. As Águias de Cartago foram os primeiros africanos a vencer uma partida em Mundiais – contra o México na Argentina, em 1978 – e têm o claro objetivo de ganhar pelo menos mais uma na Rússia. O craque do time, Youssef Msakni, causou comoção nacional ao ser cortado da seleção por causa de uma lesão no joelho, deixando peso maior nas costas do jovem Saif-Eddine Khaoui. “Jogar sem Msakni seria como a Argentina jogar sem Messi”, lamentou o técnico da Tunísia, Nabil Maaloul ao jornal britânico The Guardian.

Exageros à parte, o futebol para a Tunísia, assim como o atletismo, sempre foi encarado pela sociedade e pelos governos como o melhor cartão de visitas que o país pode dar. Por isso, de 1987 a 2011 o ditador Ben Ali se empenhou arduamente para associar as imagens das seleções nacionais à sua própria. Os sucessos nas eliminatórias e nas Copas Africanas de Nações (campeã em 2004 e duas vezes vice-campeã), eram exaustivamente explorados pela ditadura tunisiana. Durante esse período, a mídia aproveitava de qualquer fracasso da seleção de futebol ou de atletismo para criticar o governo indiretamente.

Único país onde a Primavera Árabe realmente vingou, a Tunísia é hoje liderada pelo advogado Beji Caid Essebsi, que faz questão de despolitizar o esporte, desvinculando a Federação Tunisiana de Futebol e as demais federações de qualquer ligação direta com o governo. Porém, a Tunísia de hoje vive um surto de violência nos estádios. Os “ultras”, jovens marginalizados que formaram um dos grupos mais combativos durante a Primavera Árabe, viraram torcedores violentíssimos, a ponto de serem comparados aos hooligans ingleses. Jovens que tiveram pouco acesso à educação durante a ditadura tunisiana e que continuam sem se integrar formalmente ao mercado de trabalho formal, num país cuja economia ainda está em recuperação depois da derrubada da ditadura e após a crise econômica de 2007. Mas as Águias de Cartago têm influência social inequívoca pois quase todos os integrantes são jogadores filhos de emigrantes fugidos do regime totalitário, como o meia Wahbi Khazri, nascido na França.

A seleção da Nigéria e seu uniforme que já nasceu icônico. Foto de Ian Kington (AFP)
A seleção da Nigéria e seu uniforme que já nasceu icônico. Foto de Ian Kington (AFP)

Na seleção do Marrocos, a situação não é diferente. Retornando à competição depois de 20 anos, cinco das principais estrelas são holandesas (como Hakim Ziyech, Karim El Ahmadi, Mbark Boussoufa e os irmãos Amrabat: Sofyan e Nordin), o capitão é francês (Medhi Benatia) e a defesa tem pelo menos um espanhol (Achraf Hakimi). Ao todo 17 dos 23 convocados não nasceram no Marrocos. É o time com mais “estrangeiros” no Mundial de 2018. Muitos sequer conhecem o país dos pais ou dos avós, mas a escolha foi feita por diversos motivos, entre eles a pressão familiar por defender a “terra ancestral”.

Outro fator, principalmente para os marroquinos-holandeses, foi o fato de o líder da extrema-direita holandesa, Geert Wilders, ter focado a campanha de 2017 em ataques à minoria marroquina, com insultos diretos e linguagem claramente racista, ao chamá-los de “escória”. Fato determinante para que essas jovens promessas do futebol decidissem defender o país de seus pais e avós. A população marroquina abraçou a “legião estrangeira” dos Leões do Atlas. Ironicamente, a Holanda não se classificou para a Copa e a seleção marroquina tem chances de avançar às oitavas ou quartas de final – basta surpreender um dos dois favoritos: Espanha ou Portugal.

As Superáguias nigerianas também são uma espécie de legião estrangeira, que tem a importante missão de repetir o sucesso da geração campeã dos anos 1990: com participações de destaque nas Copas de 1994 e 1998, campeã da Copa Africana de Nações de 1994 e a primeira a ganhar um ouro olímpico em 1996 (vencendo o Brasil nas semifinais e a Argentina na final). O modelo do uniforme titular da seleção para a Copa de 2018 é uma homenagem ao usado na campanha de 1994 e foi lançado com pompa poucas vezes vista e um apelo fashion para a torcida jovem nigeriana. Superar o sucesso da seleção que tinha nomes como Kanu, Taribo West, e Jay-Jay Okocha é tarefa árdua. Ainda mais para quem caiu no mesmo grupo que Argentina e Croácia (além da estreante Islândia). Porém, neste século XXI, os nigerianos nunca estiveram tão empolgados com as Superáguias quanto agora.

Parte desse entusiasmo vem do fato de que a base da equipe nunca atuou profissionalmente no país. Sim, porque o fato de Victor Moses, Alex Iwobi, Kelechi Iheanacho, Odion Ighalo e cia jogarem desde muito jovens em times europeus ou terem nascido em outros países, como os zagueiros William Ekong (“holandês”) e Leon Balogun (“alemão”) adaptados a um estilo europeu de treinar e jogar, está sendo de muita valia para se criar um estilo nigeriano e “mestiço” de jogar.

Homens e mulheres da Costa do Marfim, do norte, sul, centro e oeste, nós provamos hoje que todos os marfinenses podem coexistir e jogar juntos com um objetivo comum: se classificar para a Copa do Mundo. Nós prometemos uma celebração para unir as pessoas. Hoje, nós imploramos: perdoem. Por favor, deponham todas as armas. Realizem eleições, organizem eleições. Tudo será melhor. Queremos que todos possam ficar bem e felizes. Façam a paz

Apesar de os torcedores nigerianos mais velhos e tradicionalistas lamentarem a falta de mais “raíz” numa time considerado “nutella” demais, a esperança é de que a seleção chegue às inéditas quartas de finais da competição e supere de vez a performance do vizinho Camarões, com quem a Nigéria mantém histórico de rivalidade regional à la Brasil e Argentina. Os Leões Indomáveis camaroneses, mesmo não se qualificando para a Copa, ainda detém o recorde continental, com sete participações na competição.

Desde a década de 1990 o governo nigeriano vem fazendo de tudo para colar sua imagem à da seleção. O que já se mostrou ser muito delicado quando os resultados não são os esperados. Em 2010, por exemplo, depois de eliminada da Copa na África do Sul ainda na primeira fase, sem ter ganhado nenhuma das três partidas, o presidente Goodluck Jonathan anunciou o banimento da própria seleção de qualquer competição internacional por dois anos e multou a Federação Nigeriana de Futebol pela humilhação da qual todo o país foi vítima. Felizmente a Fifa convenceu Jonathan a voltar atrás. Mas em 2014, ele demitiu o presidente da Federação Nigeriana e obrigou o ministro dos Esportes a indicar novo dirigente. Desta vez foi a Fifa quem suspendeu temporariamente a Nigéria, alegando interferência direta do governo, que voltou atrás pouco depois.

Dezesseis anos depois de uma das mais impressionantes estreias de seleções em Copas do Mundo (derrotando o antigo colonizador, a campeã mundial França por 1 x 0), a seleção de Senegal chega cercada de desconfiança ao Mundial. O alvo é o técnico Aliou Cissé, ex-jogador de meio-campo, questionado por nove entre dez torcedores por ser considerado conservador demais e não ter desenvolvido um esquema tático mais ofensivo para os Leões da Teranga (hospitalidade em jalofo, língua falada pela maioria da população). O treinador calou os críticos com a vitória na estreia da Copa, sobre a Polônia, por 2 a 1.

Antes de a bola rolar, nem a presença da estrela maior do time, Sadio Mané, e de mais 21 jogadores que atuam na Europa (a exceção é o goleiro reserva Khadim N’Diaye) dava esperanças à torcida. Mas a tática montada para ser defensiva, liderada pelo zagueiro Kalidou Koulibaly, funcionou, e a seleção tem chances de sobreviver à segunda fase.

O Senegal é considerado uma das democracias mais estáveis do continente africano, mas num momento de crise econômica e com as eleições presidenciais marcadas para 2019, o governo nunca quis tanto pegar carona num possível sucesso da esportivo. E o presidente Macky Sall está preparado para aproveitar qualquer possibilidade de transformar os jogadores em heróis nacionais, mesmo na derrota.

Construir heróis – e vilões – é uma prática inerente a uma competição do porte da Copa do Mundo. No caso dos países africanos, cujas percepções de nacionalidades são, na verdade, uma construção a partir da junção de vários grupos étnicos, “a existência da seleção nacional de futebol estabeleceu, em alguns casos pela primeira vez, uma identidade nacional independente das identidades locais, tribais ou religiosas”, como nos lembra Eric Hobsbawm em “Globalização, Democracia e Terrorismo”.

Alguns jogadores foram além da (importante) ajuda assistencialista e usaram a prerrogativa de estarem acima dessas identidades para usar o prestígio de “herói nacional” em prol de um bem coletivo. George Weah, ex-Milan, primeiro e único africano escolhido melhor jogador do mundo, em 1995, usou seu prestígio e influência sobre os jovens para ajudar a desarmar as milícias que ainda se mantinham armadas e ativas mesmo depois do fim da guerra civil em seu país, a Libéria. Concorreu duas vezes à presidência e foi derrotado. Finalmente foi eleito presidente em 2017 e protagonizou a primeira transmissão democrática de poder em mais de 40 anos.

Porém o exemplo mais impressionante no uso dessa força de persuasão seja a do ídolo marfinense Didier Drogba. Ele estava no auge da carreira, em 2006, enquanto a Costa do Marfim entrava numa espiral cada vez mais destrutiva de uma guerra civil. Ao fim do jogo que classificou a equipe para a Copa do Mundo da Alemanha, Drogba juntou os “elefantes” no vestiário e foi o porta-voz de todos na coletiva de imprensa. “Homens e mulheres da Costa do Marfim, do norte, sul, centro e oeste, nós provamos hoje que todos os marfinenses podem coexistir e jogar juntos com um objetivo comum: se classificar para a Copa do Mundo. Nós prometemos uma celebração para unir as pessoas. Hoje, nós imploramos: perdoem. Por favor, deponham todas as armas. Realizem eleições, organizem eleições. Tudo será melhor. Queremos que todos possam ficar bem e felizes. Façam a paz.” O apelo de Drogba de todos os jogadores da seleção marfinense foi o catalisador para o fim do conflito no país.

Que novos herois africanos surgirão na Copa de 2018?

Alexandre dos Santos

Jornalista formado pela Uerj em 1996 e mestre em Relações Internacionais pela PUC-Rio. Trabalhou como repórter em jornal impresso e em TV. É professor de História da África no curso de Relações Internacionais da PUC-Rio. Carioca de muitas ascendências: camaronesa, angolana, portuguesa e espanhola. E-mail: alexandredossantos@me.com. Instagram: @alsantos72

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