Eleições 2024: número de mulheres eleitas tem avanço pequeno

Apesar de representarem 52,7% do eleitorado, mulheres ganharam apenas 15,5% das prefeituras no primeiro turno; no Legislativo, candidatura femininas vitoriosas foram 18,2% do total

Por Oscar Valporto | ODS 16ODS 5 • Publicada em 7 de outubro de 2024 - 14:42 • Atualizada em 7 de outubro de 2024 - 17:11

Marília Campos (centro), prefeita reeleita no primeiro turno, em Contagem (MG) num evento com mulheres: nas eleições 2024, número de mulheres eleitas teve apenas um pequeno avanço (Foto: Divulgação)

As eleições 2024 registraram um avanço pequeno da representação feminina nas prefeituras e legislativos municipais. Para o executivo, foram 724 mulheres eleitas prefeitas no primeiro turno, segundo dados do TSE, contra 656 no pleito anterior, um crescimento de 8,6%. Dos pouco mais de 58 mil representantes escolhidos nos 5.565 municípios do Brasil, 10.634 (18,24%) mil são mulheres, 18,24% do total. O número indica um crescimento também pequeno – nas últimas eleições municipais, em 2020, o índice foi de 16%. Proporcionalmente ao total de vagas para o cargo,  número de mulheres eleitas para as câmaras municipais de vereadores no país cresceu 13% entre as eleições de 2020 e de 2024, de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

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Mesmo com o aumento em relação ao total de municípios, nenhuma mulher foi eleita prefeita nas capitais no primeiro turno. Sete candidatas vão disputar segundo turno das eleições para prefeituras de Curitiba, Porto Alegre, Aracaju, Natal, Palmas, Porto Velho e Campo Grande. A capital do Mato Grosso do Sul é a única que terá, com certeza, uma prefeita mulher: a atual ocupante do cargo, Adriane Lopes (PP), recebeu 31,67% dos votos no primeiro turno, e vai disputar o segundo com Rose Modesto (União), que teve 29,56% dos votos.

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No grupo de 103 cidades com mais de 200 mil eleitores, apenas cinco elegeram mulheres no primeiro turno – os outros 45 eleitos foram homens. Foram reeleitas Marilia Campos (PT), em Contagem (MG), Margarida Salomão (PT), em Juiz de Fora (MG), Suéllen Rosim (PSD), em Bauru (SP), e Nina Singer (PSD), em São José dos Pinhais (PR). Mara Bertaiolli (PL) foi a primeira mulher a ser eleita para a prefeitura de Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo.

A presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministra Cármen Lúcia, lamentou a derrota parcial das mulheres nas capitais estaduais. “Fico triste em ver que, em uma sociedade onde mais de 52% do eleitorado e da população brasileira são compostos por mulheres, ainda somos tão poucas no cenário da participação política”, afirmou a magistrada durante entrevista coletiva neste domingo (06/10), após o término da apuração dos votos.

No total, as mulheres representam apenas 15,5% do total de candidatos que se elegeram para as prefeituras no 1º turno. Ao todo, 4.746 homens foram eleitos prefeitos (84,5%). Foi um pequeno avanço feminino: nas duas últimas eleições, em 2016 e 2020, 88% dos eleitos no primeiro turno para o Poder Executivo eram homens.

Das cidades onde haverá disputa no segundo turno, apenas em 12, há candidatas mulheres. Além de Campo Grande (MS), apenas outra disputa será totalmente feminina: em Ponta Grossa, no Paraná, a atual prefeita Elizabeth Schmidt (União) enfrenta a deputada estadual Mabel Canto (PSDB) no segundo turno, repetindo a disputa de 2020 que também só terminou após a segunda votação.

Ana Carolina Oliveira, segundo lugar na votação para a Câmara Municipal de São Paulo, participa de podcast na campanha: porcentagem de mulheres eleitas vereadoras subiu de 16% em 2020 para 18% em 2024 (Foto: Divulgação)
Ana Carolina Oliveira, segundo lugar na votação para a Câmara Municipal de São Paulo, participa de podcast na campanha: porcentagem de mulheres eleitas vereadoras subiu de 16% em 2020 para 18% em 2024 (Foto: Divulgação)

Representação feminina no Legislativo

Os dados da Justiça Eleitoral indicam ainda que a participação feminina nos legislativos municipais subiu 13% na eleição deste domingo em relação a 2020. Naquele ano, de 58.094 vagas de vereador, 9.371 (16,13%) foram preenchidas por mulheres; agora, de 58.309 vagas, 10.603 (18,24%) serão ocupadas por vereadoras (o aumento do eleitorado fez aumento o número de vagas em algumas câmaras municipais). Mais 1.232 mulheres foram eleitas vereadoras nas eleições 2024.

Na maior cidade do país, serão sete vereadoras a mais a partir de 2025: 20 mulheres foram eleitas vereadoras para a Câmara Municipal de São Paulo – contra 13 mulheres em 2020, um aumento de 53,8% de uma eleição para outra. A mulher mais votada foi a estreante Ana Carolina Oliveira (Podemos), mãe da menina Isabella Nardoni – 129.521 votos, segundo lugar geral; a segunda que recebeu mais votos foi a mulher trans Amanda Paschoal (PSOL) – 108.654 votos, quinta colocada entre todos os eleitos.

Cidade com o segundo maior colégio eleitoral do país, o Rio de Janeiro também registrou um aumento da bancada feminina eleita. Serão 12 vereadoras a tomar posse em janeiro, três a mais do que o número de mulheres eleitas para o legislativo municipal (aumento de 33%). A mulher mais votada foi a petista Tainá de Paula, reeleita para o segundo mandato com 49.986 votos (terceiro lugar geral); a veterana Rosa Fernandes, que conquistou o nono mandato, foi a segunda na lista feminina (39.804 votos, sétimo no geral).

O numero de eleitas também aumentou em outras capitais como Curitiba (de oito para 12), Belo Horizonte (de 11 para 12), Recife (de sete para oito). Mas houve redução da bancada feminina em capitais como Fortaleza, Porto Alegre, Belém e Manaus.

Oscar Valporto

Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade

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