ODS 1
Madonna no Rio: rainha do pop, do ativismo e de causas sociais
Empoderamento feminino, direitos LGBT+, educação, prevenção a Aids: a faceta ativista da cantora em 40 anos de carreira
A cantora Madonna chegou ao Rio nesta segunda (29/04) para o show de encerramento de “The Celebration Tour”, que comemora os seus 40 anos de carreira. A trajetória de sucesso de Madonna, coroada por fãs e críticos como a rainha do pop nos anos 1990, inclui também a dedicação a muitas causas sociais, num ativismo explícito – como quase tudo na vida da cantora – em defesa dos direitos: da comunidade LGBT+, das mulheres, das crianças, dos mais pobres. E Madonna, nos 40 anos de carreira na música, também atuou como ativista pela educação, pela África, contra a pobreza e a fome, pelo meio ambiente, contra as armas e as guerras.
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O show na praia de Copacabana – onde são esperadas dois milhões de pessoas – faz parte de quarta turnê de Madonna em passagem pelo Brasil: ela também se apresentou aqui em 1993, 2008 e 2012. A última visita da cantora ao Brasil, em 2017, para o casamento de um amigo, não teve show. Mas ela visitou a Casa Amarela, um centro de cultura, educação e arte, no Morro da Providência, no Rio de Janeiro, interessada em conhecer projetos com impacto social. Selecionamos, para celebrar esta sétima visita de Madonna, sete causas em que a cantora esteve envolvida nesses 40 anos de sucesso.
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Veja o que já enviamosHIV/Aids
Madonna estourou nos anos 1980: já tinha três discos de sucesso e era considerada um ícone da moda, quando lançou Like Prayer, em 1989, álbum que incluía, ao lado do encarte com as letras, um cartão com informações sobre a Aids, em que alertava sobre suas formas de infecção, mas também enfatizava que pessoas vivendo com HIV precisavam de apoio e compaixão, independente de sua orientação sexual, e não de violência e intolerância. Foi só a primeira de uma série interminável de ações e doações da cantora para a causa. Em sua primeira turnê internacional – Who’s That Girl World Tour (1987) – ela arrecadou US$ 400 mil para a amfAR (Foundation for AIDS Research) com um show no Madison Square Garden. Além da amfAR, Madonna também faz frequentes doações às entidades AIDS Project Los Angeles e AIDS Action Foundation.
Comunidade LGBT+
As ações para prevenção e tratamento da Aids foram motivadas pela antiga relação de Madonna com a comunidade LGBT+: esses fãs fiéis consideram que a cantora foi a primeira grande estrela da música pop a dar visibilidade à sua causa e à defesa dos seus direitos. No clipe de Justify My Love, sucesso de 1990, a cantora percorre os quartos de um hotel onde cenas sensuais são protagonizadas por homens, mulheres -sendo gays, lésbicas, drag queens: com suas cenas insinuando sexo homoafetivo, o vídeo foi censurado pela MTV nos Estados Unidos. De lá para cá, Madonna cantou em defensa do casamento gay nos EUA; chegou a ser ameaçada de prisão na Rússia por defender homossexuais publicamente e apoiar grupo Pussy Riot, banda formada por mulheres lésbicas e feministas, presas por protestar contra o governo de Vladimir Putin; participou da celebração dos 50 anos de Stonewall; colocou uma versão transexual de Joana D’Arc no videoclipe da música “Dark Ballet”; e recebeu, em 2019, da Glaad (Gay & Lesbian Alliance Against Defamation, mais antiga organização LGBT+ dos EUA) o prêmio Advocate for Change, dedicado a personalidades que “através de seu trabalho, mudam o jogo para pessoas LGBTQ ao redor do mundo”.
Empoderamento feminino
Desde os primeiros álbuns, Madonna cantava – e mostrava – que as mulheres podiam fazer o que quisessem e como quisessem. As mensagens de empoderamento feminino estavam espalhadas pelas letras de suas canções. A escritora – feminista – Camille Paglia fez um artigo no New York Times chamando Madonna de uma verdadeira feminista, apesar das críticas de muitas americanas. “Madonna ensinou as jovens a serem totalmente femininas e sexuais, ao mesmo tempo que exercem total controle sobre suas vidas. Ela mostra às meninas como serem atraentes, sensuais, enérgicas, ambiciosas, agressivas e engraçadas – tudo ao mesmo tempo”, escreveu Paglia. Em 2016, ao receber o prêmio de Mulher do Ano, da Bilboard, a cantora agradeceu por “reconhecerem minha habilidade de dar continuidade à minha carreira por 34 anos diante do sexismo e da misoginia gritante, e do bullying e abuso constante”. Em 2017, Madonna participou da Marcha das Mulheres em Washington e atacou o governo de Donald Trump. “Sejam bem-vindas à rebelião do amor. Para a rebelião da nossa recusa, como mulheres, em aceitar essa nova era de tirania. Não só as mulheres estão em perigo, mas todos os povos marginalizados”.
Educação e Crianças
Madonna fundou, em 1998, a Fundação Ray Light (Raio de Luz, nome do seu sétimo álbum) que vem apoiando a educação de meninas no Afeganistão, no Paquistão e em outros países. O foco principal está na formação feminina, mas a fundação apoia outros projetos educacionais e de formação profissional, além de causas humanitários. A educação também é a principal meta da Raising Malawi, organização criada por Madonna no Malauí (Malawi), país muito pobre no sudoeste da África. A organização financiou a construção de 10 escolas primárias, além de apoiar outros projetos educacionais. A Raising Malawi também mantém um hospital no país africano, onde nasceram os quatro filhos adotivos de Madonna.
Controle de armas
Depois de ter usado armas em alguns clipes no passado, Madonna passou a militar pelo controle da venda de armas nos Estados Unidos, impactada pelas múltiplas ocorrências, principalmente em escolas e envolvendo crianças. O vídeo de sua canção ‘God Control’ critica o descontrole das armas de fogo. Em abril de 2021, a cantora usou as redes sociais para convidar seus seguidores a juntarem-se à campanha Everytown for Gun Safety; no mesmo ano, a própria Madonna foi vista colocando adesivos com mensagens sobre controle de armas de fogo nas ruas de Los Angeles. Desde então, a rainha do pop tem usado as redes sociais para reivindicar reforma nas leis americanas sobre venda de armas.
Meio Ambiente
Em 1998, Madonna participou do concerto do Rainforest Foundation Fund para apoiar os povos indígenas e as florestas tropicais. Em 2007, a cantora liderou o concerto Live Earth, em Londres, e e escreveu a música “Hey You” para a campanha de arrecadação de fundos para a Aliança para a Proteção do Clima.
Detroit
Madonna cresceu em Rochester, no norte de Detroit, cidade americana que chegou a decretar falência em 2013 após uma crise econômica que levou mais de um milhão de habitantes a deixar a cidade. Com a cidade devastada, Madonna adotou, em 2014, três organizações que passou a apoiar financeiramente: o Downtown Boxing Gym Youth Program (Programa de Boxe para a Juventude), onde o apoio da cantora ajudou na inauguração de um nova academia; a Detroit Achievement Academy, uma escola de ensino fundamental na parte mais pobre da cidade, e o The Empowerment Plan, uma organização que treina mulheres sem-teto para fabricar casacos e sacos de dormir. Quatro anos depois, a cantora doou US$ 100 mil dólares – e fez campanha de doação entre os fãs – para a reforma de novo prédio para outra escola de Detroit.
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Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade