Mirando no mestre

O presidente americano Donald Trump, autor da brilhante ideia de armar os professores das escolas. Foto Mandel Ngan/AFP

Armas em todas as escolas, por que ninguém pensou nisso antes?

Por Leo Aversa | ODS 4 • Publicada em 9 de março de 2018 - 09:53 • Atualizada em 9 de março de 2018 - 14:29

O presidente americano Donald Trump, autor da brilhante ideia de armar os professores das escolas. Foto Mandel Ngan/AFP
O presidente americano Donald Trump, autor da brilhante ideia de armar os professores das escolas. Foto Mandel Ngan/AFP
O presidente americano Donald Trump, autor da brilhante ideia de armar os professores das escolas. Foto Mandel Ngan/AFP

A ideia foi genial, como todas as outras que ele já teve. Logo após o último massacre numa escola, o presidente dos Estados Unidos anunciou: a solução é armar os professores.

Como ninguém tinha pensado nisso antes?

Sempre que tem massacre em escola americana, e por algum mistério isso está cada vez mais frequente, vários pacifistas esquerdopatas correm para as TVs bolivarianas –  que se espalham pela América como rastilho de pólvora –  para fazer denúncias paranóicas e tentar probir o cidadão de bem de portar armas.

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Se um desequilibrado entra num cinema lotado, por exemplo, e começa atirar em todos com um fuzil, quantos vão morrer? Vários. Muitos. Quase todos
Mas, e se todos na plateia estiverem armados? O desequilibrado não dura nem dez segundos – desde que algum funcionário lembre de ligar a luz da sala, é claro. Problema resolvido.

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Como bem expôs o sábio presidente Donald Trump, o problema não é o excesso de armas, é a falta delas. Se todo homem tiver uma arma à mão, qual é o louco que terá coragem de atirar primeiro? É ação e reação, tipo a física, a ciência, essas coisas. Se um desequilibrado entra num cinema lotado, por exemplo, e começa atirar em todos com um fuzil, quantos vão morrer? Vários. Muitos.

Quase todos

Mas, e se todos na plateia estiverem armados? O desequilibrado não dura nem dez segundos, desde que algum funcionário lembre de ligar a luz da sala, é claro.  Problema resolvido. O que é a prova de que sair atirando é sempre a melhor solução para qualquer questão.

No caso das escolas americanas essa função, como bem sugeriu Trump, deve ser do professor, que é a pessoa mais próxima ao aluno. O maluco entra atirando, o professor atira de volta e voilà, tá resolvido.

É óbvio, mas só os gênios percebem o óbvio.

É claro que a arma precisa estar no coldre ou, melhor ainda, na mão. De preferência a que não estiver segurando o giz, para evitar algum imprevisto. Se a porta abrir no meio da aula, o professor já sabe que é um doido e atira sem medo. Isso também iria diminuir muito o número de alunos matando (sem trocadilho) aula. As armas são, acima de tudo, educativas.

Outra observação é que nem todos os professores deveriam receber o mesmo armamento. Professores de história e geografia costumam ser meio comunistas, então para eles bastaria um revólver, afinal sabe-se lá o que fariam com algo maior. Um comunista não precisa de muito para querer transformar o país em Cuba, como todos sabemos. Já os professores de educação física, normalmente mais conservadores, poderiam ter acesso a fuzis, metralhadoras ou armas de destruição em massa, porque tem uns malucos que só andam em grupo.

Os estudantes também poderiam se juntar a esse movimento cívico das armas na escola. Os malandros ganhariam armas para qualquer eventualidade. Mas só os alunos malandros, jamais os otários. E quem ia decidir quem é um ou outro seria o professor. O de educação física, jamais o de história ou de geografia.

Esse esforço poderia ser estendido também aos jardins de infância. Afinal, o perigo não distingue idade. Com dois ou três anos uma criança já consegue empunhar um calibre 22, então é só trocar a Peppa Pig e os Teletubbies pelos filmes do Rambo ou Duro de Matar que a garotada já vai crescer pronta para encarar qualquer maluco assassino que vir pela frente. Menos o do espelho, é claro.

E assim, graças a genialidade do presidente Trump, as escolas americanas estarão a salvo dos loucos.

O Nobel da Paz é só uma questão de tempo.

Leo Aversa

Leo Aversa fotografa profissionalmente desde 1988, tendo ganho alguns prêmios e perdido vários outros. É formado em jornalismo pela ECO/UFRJ mas não faz ideia de onde guardou o diploma. Sua especialidade em fotografia é o retrato, onde pode exercer seu particular talento como domador de leões e encantador de serpentes, mas também gosta de fotografar viagens, especialmente lugares exóticos e perigosos como Somália, Coreia do Norte e Beto Carrero World. É tricolor, hipocondríaco e pai do Martín.

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