O Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa) ganhou uma sobrevida. O temor de que o contrato de gestão com o governo federal fosse interrompido não se concretizou. Às vésperas do fim do prazo – que terminou em 30 de maio – os ministérios da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) e da Educação (MEC) renovaram o vínculo por mais um ano. O aporte financeiro foi de R$ 89,2 milhões, dos quais a maior parcela será desembolsada pelo MCTIC e o restante pelo MEC.
O termo de prorrogação foi assinado entre o diretor do Impa, Marcelo Viana, e o ministro Mendonça Filho, da Educação. Falta ainda a assinatura de Gilberto Kassab, do MCTIC.
Com a liberação da verba, está confirmada a realização da 13ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep 2017), da Olimpíada Internacional de Matemática (IMO, na sigla em inglês), em 2017, e do Congresso Internacional de Matemáticos (ICM, em inglês), em 2018. A previsão é que 5 mil dos melhores matemáticos do mundo venham ao Rio de Janeiro acompanhar a estreia do ICM no Hemisfério Sul. Realizado a cada quatro anos, desde 1897, o encontro tem status de maior evento mundial do ramo. É durante o encontro que é entregue a medalha Fields.
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Considerado uma unanimidade entre os especialistas dos principais centros de pesquisa do mundo, o Impa tem uma produção científica mais robusta do que a de outras instituições como Harvard, Princeton e Berkeley. Entre os muitos prêmios acumulados em seis décadas, o jovem matemático, e aluno do Impa, Artur Avila, ganhou, há dois anos, a Medalha Fields, equivalente ao Prêmio Nobel da área. Seu orientador foi o matemático Jacob Palis, apontado como gênio mundial dos sistemas dinâmicos. A instituição conta com 226 matemáticos, que desenvolvem projetos complexos, praticamente todos eles com repercussão internacional.
Responsável por uma linhagem de superpesquisadores, a renovação do contrato foi um alívio para Viana. Imbuído da tarefa de desmistificar a percepção da sociedade sobre a matemática, o diretor do Impa já declarou algumas vezes que seu objetivo é melhorar o ensino de matemática no país e acabar com a “visão de que se tem dela como bicho-papão”.
A renovação do contrato com o Impa foi, sem dúvida, uma vitória, mas a notícia vem em um momento conturbado para a comunidade científica. Acadêmicos e cientistas estão indignados com a proposta do presidente interino Michel Temer de fundir o MCTIC com o ministério das Comunicações. Uma frente pluripartidária contra a extinção do MCTIC está sendo discutida em diferentes fóruns, que inclui a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e a Academia Brasileira de Ciências.
