Faperj e Serrapilheira lançam edital com bolsas para cientistas negros e indígenas

Inscrições podem ser feitas de 21 de março a 24 de abril: conteúdo da chamada está no site das duas instituições

Por Faperj | ODS 4 • Publicada em 14 de fevereiro de 2023 - 08:16 • Atualizada em 25 de novembro de 2023 - 14:27

A biomédica Viviane Gomes em laboratório na URFJ: chamada lançada por Faperj e Serrapilheira quer estimular pesquisa de cientistas negros e indígenas (Foto: UFRJ/Divulgação)

O Instituto Serrapilheira e a Faperj (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro) divulgaram o conteúdo de chamada conjunta em ecologia, de apoio a jovens cientistas negros e indígenas sem vínculo empregatício com instituições de Ciência e Tecnologia. O edital prevê um total de R$ 10,2 milhões entre pagamento de bolsas e investimento nas pesquisas e tem por objetivo promover a mobilidade de cientistas e a diversidade na ciência.

O conteúdo da chamada está disponível para consulta nos sites das duas instituições. As inscrições podem ser feitas no site do Serrapilheira a partir das 15h do dia 21 de março e vão até 24 de abril. “Queremos fazer circular ideias novas e fomentar a diversidade entre grupos de pesquisa, ajudando a quebrar um pouco a perpetuação de linhas de pensamento que sabemos que existem no ambiente acadêmico”, afirma Cristina Caldas, diretora de Ciência do Serrapilheira.

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Dados divulgados em 2022 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que cerca de 57% da população brasileira se classifica como preta, parda ou indígena. Nas instituições acadêmicas, no entanto, essa parcela majoritária da população é historicamente sub-representada. O objetivo da chamada é promover mudanças nesse cenário, estimulando o intercâmbio de ideias entre cientistas – que deverão atuar, no caso deste edital, especificamente na Ecologia.

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Os candidatos selecionados vão integrar grupos de pesquisa do estado do Rio de Janeiro nos quais não tenham nem se formado nem atuado antes. Os pesquisadores, que trabalharão como pós-doutorandos, podem vir, portanto, de instituições, cidades, estados ou mesmo países diferentes: quanto maior a mobilidade, melhor. “Os candidatos devem buscar a inserção em grupos de pesquisa, departamentos e instituições diferentes daquelas em que iniciaram suas trajetórias na ciência. Queremos que esses grupos se nutram de novas perguntas, levantadas sobretudo por cientistas negros e indígenas”, explica Cristina Caldas.

O edital tem como foco jovens cientistas que tenham concluído o doutorado em qualquer área do conhecimento científico, entre 1º de janeiro de 2012 e 30 de junho de 2023 – prazo estendido em até dois anos para mulheres com filhos. Os candidatos não devem ter nenhum tipo de vínculo empregatício com instituições de ciência e tecnologia (ICTs). O projeto precisa ser no campo da ecologia e os interessados devem indicar o grupo de pesquisa que irão integrar. Esse grupo deve ser formado por outros cientistas e atuar no Rio de Janeiro.

Com a iniciativa, o Serrapilheira e a Faperj pretendem promover novas linhas de pesquisa em ecologia formuladas por pós-doutores negros e indígenas que almejam obter, no médio prazo, posições permanentes. “Ao nos juntarmos ao Instituto Serrapilheira nessa empreitada de fomentar a pesquisa em um campo como a Ecologia, que está sob os holofotes do mundo e tem sido tão maltratada em nosso país, acreditamos que estamos cumprindo nosso papel para as futuras gerações”. ressalta Jerson Lima Silva, presidente da Faperj.

Os oito candidatos selecionados irão receber uma bolsa mensal de R$ 8 mil, além de até R$ 700 mil para o financiamento da pesquisa durante três anos, renováveis por mais dois anos. Serão ainda disponibilizados mais R$ 100 mil especificamente para integração e formação de pessoas de grupos sub-representados nas equipes de pesquisa. “Quando direcionamos este edital para jovens talentosos negros e indígenas, acreditamos que estamos resgatando nossas dívidas com o passado. Esperamos que os resultados sejam surpreendentes, aliando grupos diversos e trazendo contribuições criativas”, acrescenta o presidente.

Para o Instituto Serrapilheira a ecologia tropical deve ser um dos eixos estratégicos a guiar os investimentos em ciência no País no momento em que o Brasil volta às discussões globais sobre a crise climática,. “Precisamos desenvolver o potencial enorme de liderança do Brasil em combater a crise climática e a devastação de biomas, tornando o país um hub global de cientistas do clima e da biodiversidade”, ressalta Hugo Aguilaniu, diretor-presidente do Serrapilheira.

As inscrições podem ser feitas no site do Serrapilheira entre 21 de março e 24 de abril de 2023. A seleção acontecerá em duas etapas, com uma análise da pré-proposta e outra da proposta completa. Essa avaliação será conduzida por cientistas que atuam em instituições internacionais de excelência.

As bolsas e os recursos para as pesquisas dos candidatos aprovados serão disponibilizados pela FAPERJ. Já o valor para a formação da equipe com pessoas de grupos sub-representados será disponibilizado pelo Instituto Serrapilheira.

Faperj

Este texto foi produzido e publicado originalmente no boletim da Fundação Carlos Chagas Filho de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro

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