Cerca de três bilhões de pessoas não têm água e sabão em casa

Alerta do Unicef revela que quase três quartos dos que vivem em países menos desenvolvidos não possuem instalações básicas para lavar as mãos

Por #Colabora | ODS 3ODS 6 • Publicada em 18 de março de 2020 - 20:31 • Atualizada em 11 de fevereiro de 2021 - 16:54

A pequena Shania, de 4 anos, lavas as mãos em uma torneira improvisada, num subúrbio de Kigali, capital da Rwanda. Foto Unicef/2020

Não há nenhuma dúvida de que lavar as mãos corretamente é fundamental para evitar a contaminação e proliferação do coronavírus. Tem até vídeo na internet ensinando como se deve fazer e o tempo que se leva. Uma das dicas é não parar de lavar até que termine de cantar “Parabéns pra você”. Acontece que, para alguns, ou melhor, para muitos, lavar as mãos não é uma ação tão simples. De acordo com o UNICEF (Fundo das Nações Unidas para a Infância), apenas três em cada cinco pessoas em todo o mundo têm instalações básicas adequadas para se lavar as mãos.

“Lavar as mãos com sabão é uma das coisas mais baratas e eficazes que você pode fazer para se proteger e proteger os outros contra o coronavírus, bem como contra muitas outras doenças infecciosas. No entanto, para bilhões de pessoas, mesmo as medidas mais básicas estão simplesmente fora de alcance”, explica o Diretor de Programas do UNICEF, Sanjay Wijesekera.

Em muitas partes do mundo, crianças, pais, professores, profissionais de saúde e outros membros da comunidade não têm acesso a instalações básicas para lavar as mãos em casa, em instalações de saúde, escolas ou em outros lugares. De acordo com as estimativas mais recentes da entidade, os dados são os seguintes:

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  • 40% da população mundial, ou 3 bilhões de pessoas, não têm lavatório com água e sabão em casa. Quase três quartos das pessoas nos países menos desenvolvidos não têm instalações básicas para lavar as mãos em casa.
  • 47% das escolas carecem de um lavatório com água e sabão, afetando 900 milhões de crianças em idade escolar. Mais de um terço das escolas em todo o mundo e metade das escolas nos países menos desenvolvidos não têm lugar para as crianças lavarem as mãos.
  • 16% dos estabelecimentos de saúde, ou cerca de um em cada seis, não têm banheiros funcionais ou instalações para lavar as mãos nos pontos de atendimento onde os pacientes são tratados.
Crianças fazem fila para lavar as mãos do lado de fora de uma escola na Índia. Foto Unicef
Crianças fazem fila para lavar as mãos do lado de fora de uma escola na Índia. Foto Unicef

No Brasil, a situação não é muito melhor. De acordo com o Instituto Trata Brasil, são quase 35 milhões de brasileiros sem acesso a água tratada. Em 2016, uma em cada sete mulheres brasileiras não tinha acesso à água. No caso dos homens, um em cada seis não tinha água. Os dados mostram ainda que apenas 22 das 100 maiores cidades brasileiras possuem 100% da população atendida com água potável. Tudo isso em um país que detém 12% de toda a água doce do planeta. Já os desperdícios e as perdas na distribuição no Brasil chegam, em média, a 38,45% de tudo que é produzido.

Em todo o mundo, as populações urbanas são as que correm mais riscos de infecções respiratórias virais devido à densidade populacional e às reuniões públicas mais frequentes em espaços lotados, como mercados, transporte público ou locais de culto religioso. As pessoas que vivem em favelas urbanas – a pior forma de assentamento informal – estão particularmente em risco. Como resultado, lavar as mãos se torna ainda mais importante. Ainda hoje, segundo o UNICEF:

  • Na África ao sul do Saara, 63% da população nas áreas urbanas, ou 258 milhões de pessoas, não têm acesso à lavagem das mãos. Cerca de 47% dos sul-africanos urbanos, por exemplo, ou 18 milhões de pessoas, carecem de instalações básicas para lavar as mãos em casa, tendo os moradores urbanos mais ricos quase 12 vezes mais chances de ter acesso às instalações para lavar as mãos.
  • Na Ásia Central e Meridional, 22% da população nas áreas urbanas, ou 153 milhões de pessoas, não têm acesso à lavagem das mãos. Por exemplo, quase 50% dos bengaleses urbanos – ou 29 milhões de pessoas – e 20% dos indianos urbanos – ou 91 milhões de pessoas – carecem de instalações básicas para lavar as mãos em casa.
  • No Leste da Ásia, 28% dos indonésios urbanos, ou 41 milhões de pessoas, e 15% dos filipinos urbanos, ou 7 milhões de pessoas, carecem de instalações básicas para lavar mãos em casa.

Para minimizar esses problemas, em tempos de coronavírus, o governo de Ruanda resolveu espalhar pias portáteis em pontos de ônibus, perto de restaurantes, bancos e lojas da capital Kigali. Até agora, Ruanda não registrou nenhum caso do vírus, mas a vizinha República Democrática do Congo confirmou seu primeiro caso na terça-feira, elevando para oito o número de países da África Subsaariana atingidos pela pandemia.

#Colabora

Texto produzido pelos jornalistas da redação do #Colabora, um portal de notícias independente que aposta numa visão de sustentabilidade muito além do meio ambiente.

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