Diário da Covid-19: sobe o número de casos e cai o número de mortes no Brasil

Pandemia, no entanto, não apresenta sinais de arrefecimento no mundo, que mantem a média de 300 mil novos casos diários

Por José Eustáquio Diniz Alves | ODS 3 • Publicada em 6 de setembro de 2020 - 12:39 • Atualizada em 15 de setembro de 2020 - 17:09

Trabalhadores desinfetam uma área do Museu do Amanhã antes de sua reabertura no Rio de Janeiro. Foto Mauro Pimentel/AFP

A tendência do número de mortes da covid-19 permaneceu com viés de baixa no Brasil, mas o número médio de pessoas infectadas voltou a subir na 36ª semana epidemiológica (SE = 30/08 a 05/09). Outras novidades da semana: o Brasil será ultrapassado pela Índia neste domingo (06/09) e vai passar para o 3º lugar no número acumulado de casos. Todavia, na 36ª SE o Brasil ultrapassou a Suécia, o Chile e a Itália no coeficiente de mortalidade e subiu para o 6º lugar em número de óbitos por milhão de habitantes (desconsiderando San Marino e Andorra que têm dimensões demográficas extremamente pequenas).

No dia 05 de setembro de 2020, o mundo ultrapassou 27 milhões de casos e 883 mil mortes, com uma taxa de letalidade de 3,3%. Os cinco países do mundo com maior número de pessoas infectadas pelo SARS-CoV-2 são: Estados Unidos, Brasil, Índia, Rússia e Peru, conforme mostra a tabela abaixo. Mas como estes países possuem dimensões demográficas muito diferentes, a análise comparativa precisa levar em consideração o tamanho da população.

A Índia deve ocupar o segundo lugar no número de casos a partir do dia 06 de setembro e, provavelmente, vai ultrapassar os EUA antes do final do ano, saltando para o 1º lugar, pois tem uma população de 1,38 bilhão de habitantes e atualmente apresenta as maiores médias diárias de casos. Mas quando se compara o coeficiente de incidência, nota-se que a Índia apresenta menos de 3 mil casos por milhão de habitantes, abaixo da média mundial (de 3,47 mil casos por milhão) e bem abaixo dos outros quatro países. Quanto ao número acumulado de mortes, a Índia está em terceiro lugar e apresenta um coeficiente de mortalidade de somente 50 óbitos por milhão de habitantes, também bem abaixo da média mundial (113 óbitos por milhão) e muito abaixo da média dos outros quatro países.

Os Estados Unidos possuem o maior número absoluto de casos e de mortes, mas foi ultrapassado pelo Brasil nos coeficientes de incidência e de mortalidade, sendo que o Peru é o país (acima de 3 milhões de habitantes) com o maior coeficiente de incidência (20.686 casos por milhão) e o maior coeficiente de mortalidade (898 óbitos por milhão). A Rússia está em 4º lugar no número acumulado de casos, mas tem um menor número acumulado de mortes, com um coeficiente de incidência de 6.991 casos por milhão e coeficiente de mortalidade de 122 óbitos por milhão (cerca de cinco vezes menos do que o Brasil).

Em relação aos testes, os EUA e a Rússia apresentam taxas semelhantes em torno de 261 mil testes por milhão de habitantes. O Peru apresenta uma taxa de pouco mais de 100 mil testes por milhão de habitantes, o Brasil 68 mil testes por milhão e a Índia com a menor taxa, 35 mil testes por milhão de habitantes. As menores taxas de letalidade são da Índia e da Rússia com o número de mortes representando 1,7% dos casos, Brasil e EUA com taxa de letalidade em torno de 3% e o Peru com a maior taxa de 4,4 óbitos para cada 100 casos.

Os cinco países da tabela acima são aqueles que estão no topo do ranking global. Mas a pandemia já atingiu mais de 210 países e territórios. No dia 01 de março, havia somente um país com mais de 10 mil casos confirmados de Covid-19 (a China) e havia 5 países com valores entre 1 mil e 10 mil casos (Itália, Irã, Coreia do Sul, França, Espanha, Alemanha). Neste mesmo dia 01/03, os EUA tinham apenas 100 casos registrados, a Índia 3 casos, a Rússia 2 casos, o Brasil tinha 2 casos e o Peru ainda não tinha registrado nenhum caso.

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No dia 01 de abril já havia 50 países com mais de 1 mil casos, sendo 36 países com números entre 1 mil e 10 mil casos, 11 países com números entre 10 mil e 100 mil e 3 países com mais de 100 mil casos (EUA, Espanha e Itália). Estes números aumentaram nos meses seguintes e no dia 01 de setembro já havia 163 países com mais de 1 mil casos sendo 72 entre 1 mil e 10 mil casos, 60 países entre 10 e 100 mil casos e 31 países com mais de 100 mil casos. Atualmente, já são 4 países com mais de 1 milhão de pessoas infectadas: EUA (6,3 milhões), Brasil (4,1 milhões), Índia (4,1 milhões) e Rússia (1 milhão de casos).

A pandemia global não apresenta sinais de arrefecimento. A curva do número de casos parecia indicar uma reversão em meados de abril, começando a esboçar um declínio, porém manteve a tendência de alta e acelerou a subida, com um recorde impressionante de quase 300 mil casos em 24 horas nos últimos dois dias de julho e também no início de setembro, conforme mostra o gráfico abaixo. A curva de mortalidade apresentou uma variação máxima diária em 16 de abril com cerca de 10 mil óbitos. A partir deste dia houve queda até o valor mínimo no dia 25 de maio. Porém, a variação diária voltou a subir e atingiu valores acima de 7.000 óbitos nos dias 06 e 13 de agosto. Nos últimos 2 meses a média global de vítimas fatais tem se mantido sempre acima de 5 mil óbitos.

Dos 11 países com maior número de casos, 6 são da América Latina. Além do México, os outros cinco países latino-americanos do topo do ranking são da América do Sul (Brasil, Peru, Colômbia, Argentina e Chile). A pandemia continua avançando nas Américas e no mundo e o ajuste polinomial indica a continuidade do aumento da morbimortalidade na próxima semana. Atualmente a Índia é o grande destaque global, com 30% dos casos diários e cerca de 20% das mortes diárias.

O panorama da pandemia no Brasil

Os dados oficiais do Brasil, de 5 de setembro, registraram 4.123.000 pessoas infectadas e 126.203 vidas perdidas, com uma taxa de letalidade de 3,1%. Foram 30.168 novos casos e 682 óbitos em 24 horas. O general de divisão do Exército Brasileiro, Eduardo Pazuello, Ministro interino da Saúde desde o dia 15 de maio, contabilizou 114 dias de interinidade e durante sua gestão houve 3,92 milhões de casos e 112,2 mil mortes, com uma média diária de 34 mil casos e 984 mortes.

Para avaliar o ritmo da expansão do número de casos no território nacional, o gráfico abaixo mostra a evolução do número de pessoas infectadas pela covid-19 por semana epidemiológica (SE), começando na 10ª SE (de 01 a 07/03).

Como se observa, os números absolutos aumentam, mas a variação relativa diminui. No dia 1 de março o Brasil tinha apenas 2 casos confirmados de covid-19 e passou para 19 casos no dia 07/03. Foram somente 17 casos, mas o aumento foi de 9,5 vezes (o que representa 38% ao dia). Até a 13ª SE (22 a 28/03) os números relativos ficaram acima de 30% ao dia. Porém, nas semanas seguintes os números absolutos cresceram ao mesmo tempo que a variação percentual diminuiu. Na 36ª SE (30/08 a 05/09) a variação relativa foi de 1,0% ao dia, mas o aumento absoluto foi de 277 mil novos casos, ultrapassando o patamar acumulado de 4 milhões de pessoas infectadas.

O gráfico abaixo mostra a variação média diária do número de casos no Brasil nas diversas semanas epidemiológicas (SE). Nota-se que o número de pessoas infectadas passou da média de 397 casos na 13ª SE (variação relativa de 19,4% ao dia), para 37.620 pessoas na 27ª SE (2,6% ao dia), um aumento absoluto de quase 100 vezes. Houve uma queda nas duas semanas seguintes e um grande salto para 45.665 casos na média diária da 30ª SE. Nas cinco semanas seguintes os números diários foram menores. Mas na 36ª SE a média diária de casos voltou a subir e ficou em 39,6 mil novos registros. Como sempre fazemos aos domingos, apresentamos uma projeção para a 37ª SE (06/09 a 12/09), com estimativa de 38,1 mil casos diários no Brasil, com variação relativa de 0,9% ao dia.

O gráfico abaixo mostra a evolução do número das vidas perdidas nas sucessivas semanas epidemiológicas (SE), desde que ocorreu o primeiro óbito em meados de março. Na 12ª SE houve 18 óbitos, o que representou um crescimento diário de 78%. Nas semanas seguintes, o número absoluto de óbitos subiu continuamente, mas o número relativo diminuiu progressivamente. Na 36ª SE (30/08 a 05/09) o número de óbitos foi de 5.741, representando um aumento de 0,7% ao dia, a menor taxa de toda a série de óbitos da covid-19. O número acumulado de óbitos ultrapassou 126 vidas perdidas. O Brasil está se aproximando da média de variação diária mundial, mas ainda apresenta um ritmo um pouco mais veloz do que o restante do mundo.

O gráfico abaixo mostra que o número de vítimas fatais foi de 13 óbitos ao dia na 13ª SE (variação relativa de 29,7% ao dia), passou para 387 óbitos diários na 18ª SE e chegou a 910 óbitos diários na 21ª SE (17-23/05). Nas semanas seguintes os números diários cresceram e a partir da 23ª SE oscilaram em torno de 1.000 óbitos, batendo o recorde de 1.097 óbitos na 30ª SE (19 a 25/07). Tudo indica que este deve ser o pico da curva epidemiológica. Nas semanas seguintes houve queda do número médio diário até 965 óbitos na 33ª SE e um ligeiro aumento na 34ª SE. Na 35ª SE a média foi menor do que nas 14 semanas anteriores. Na 36ª SE (30/08 a 05/09) a média diária foi de 820 óbitos, valor somente superior ao da 20ª SE (que teve média de 715 óbitos). Seguindo a tendência de queda, nossa projeção indica que deve haver uma ligeira queda para uma média de 810 mortes diárias na 37ª SE, com variação relativa de 0,63% ao dia.

Finalmente, o número de vítimas fatais do novo coronavírus começou a cair, consistentemente, depois de 5 meses após a primeira morte registrada da covid-19 no Brasil, embora os números diários ainda sejam altos. As cifras de pessoas infectadas também continuam altas e não apresentam tendência consistente de queda.

Existe uma segunda onda de infecção do SARS-CoV-2 ocorrendo em vários países da Europa (como França, Espanha, Portugal etc), em Israel, na Austrália e até países das Américas (como Jamaica e Cuba). Ou seja, com o processo de flexibilização do isolamento social e o cansaço das pessoas com a quarentena, vários países que pareciam ter controlado o coronavírus estão assistindo ao aumento das taxas de transmissão e, em consequência, um aumento da mortalidade (mesmo que em menor dimensão). Portanto, todo cuidado é pouco, e o Brasil precisa ficar atento para evitar um repique dos casos e dos óbitos da covid-19.

O Instituto de Métricas e Avaliação de Saúde (IHME), da Universidade de Washington, atualizou suas projeções para o número acumulado de óbitos no final do ano. Na hipótese de maior abertura da economia e das atividades sociais o número acumulado de vidas perdidas chegaria a 177,1 mil óbitos no dia 31 de dezembro de 2020. Na hipótese intermediária, o valor ficaria em 174,1 mil óbitos. E na hipótese de maior isolamento e de uso generalizado de máscaras e outras medidas preventivas o número acumulado ficaria em 160,5 mil óbitos em 31 de dezembro de 2020. Mas, evidentemente, o resultado do final do ano poderá ser maior ou menor, dependendo das ações de saúde implementadas nestes quase 4 meses que temos pela frente antes do réveillon.

A pandemia e o pandemônio econômico no Brasil

A emergência sanitária paralisou as atividades econômicas no primeiro semestre de 2020. Diante do avanço da morbimortalidade provocada pela covid-19, não havia alternativa sensata senão colocar as vidas humanas como prioridade das prioridades. O isolamento social, em maior ou menor grau, salvou muitas vidas, mas teve um efeito devastador sobre o Produto Interno Bruto (PIB). O mundo inteiro entrou em recessão e os indicadores econômicos foram duramente afetados. O quadro global é mais grave do que a grande depressão de 1930. Nenhuma nação foi poupada.

Contudo, se o prejuízo foi generalizado, alguns foram mais prejudicados do que outros. Os países com menores impactos negativos foram aqueles que conseguiram restringir o avanço do novo coronavírus, enquanto os países que perderam a batalha para o Sars-CoV-2 estão pagando um preço econômico enorme.

O Brasil está na lista dos países mais afetados pela covid-19 e mais impactados pela recessão e pelo desequilíbrio macroeconômico. Segundo dados do IBGE (de 01/09), o PIB brasileiro teve um tombo espetacular de 9,7% no 2º trimestre de 2020, na comparação com o 1º trimestre, entrando oficialmente em recessão. Trata-se da maior queda da série histórica. Em relação ao 2º trimestre de 2019 a queda foi de 11,4%.

Mas este recuo deplorável é apenas um aspecto do drama vivido pelo Brasil. No acumulado dos sete primeiros meses deste ano, as contas do setor público apresentaram déficit primário (receitas maiores do que despesas, sem contar juros da dívida) de R$ 483,8 bilhões – o que também foi o pior resultado da série histórica para esse período. Havia uma meta de déficit de no máximo R$ 118,9 bilhões em 2020. Entretanto, com o decreto de calamidade pública, proposto pelo governo e aprovado pelo Congresso Nacional por conta da pandemia, houve flexibilização do teto e déficit inimaginável.

Os números são maiúsculos. No decorrer de 2019, as contas do setor público tiveram um déficit primário de R$ 61,9 bilhões, ou 0,85% do Produto Interno Bruto (PIB). Foi o sexto ano seguido com as contas no vermelho. Considerando os últimos 12 meses (até 07/2020), o déficit nominal ficou em R$ 875,3 bilhões, representando 12,19% do PIB. Em consequência, a dívida bruta do setor público, que estava em 75,8% do PIB em dezembro de 2019, ou R$ 5,5 trilhões, deu um pulo para R$ 6,2 trilhões (86% do PIB) em junho deste ano e chegou a R$ 6,2 trilhões, ou 87% do PIB, em julho de 2020, segundo dados do Banco Central.

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Se o Brasil não tomar o rumo correto, no sentido de investir na transformação da estrutura produtiva, gerar empregos e proteger o meio ambiente pode estar gestando a sua terceira década perdida. De país do futuro, estamos presos na “armadilha da renda média” mas com uma renda per capita em constante deterioração.

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Mas embora o gasto público tenha sido excessivamente elevado, a taxa de investimento no segundo trimestre de 2020 foi de 15,0% do PIB, ficando abaixo da observada no mesmo período de 2019 (15,3%). A literatura econômica mostra que nenhum país do mundo se desenvolve com uma taxa de investimento tão baixa, pois falta dinheiro para infraestrutura, para educação, saúde, ciência e tecnologia, ecologia, etc. Por exemplo, o Brasil tem um problema crônico de saneamento básico (que afeta a saúde da população e do meio ambiente) mas que não foi objeto de aumento do investimento em 2020.

Os países do leste asiático investem mais de 30% do PIB e a China investe mais de 40% do PIB todos os anos. As exportações brasileiras caem em valor desde 2011. Desta forma, o Brasil vai mantendo a sua baixa produtividade interna e a baixa competitividade internacional, perdendo espaço na comunidade econômica internacional, deixando de ser uma nação emergente para ser submergente (Alves, 05/12/2018).

Ou seja, embora o governo brasileiro tenha um discurso neoliberal, na prática, gasta muito e gasta mal. Além disto, mantém os privilégios corporativos e atende aos lobbies dos gastos inconsequentes de guerra. Em meio à crise, nada foi feito para se reduzir os altos salários dos três Poderes e nem para taxar as grandes fortunas. Em meio à pandemia e ao sofrimento de milhões de brasileiros, no dia 27/08, em sessão remota, a Câmara do Deputados aprovou a criação do Tribunal Regional Federal da 6ª Região, com 20 cargos vagos de juiz substituto, além de cerca de 200 cargos em comissão. A proposta para o Orçamento de 2021 apresentada pelo governo dia 31/08 aumenta os recursos destinados aos ministérios da Defesa, enquanto corta verbas das áreas de ciência e tecnologia e de investimentos em infraestrutura.

O Brasil tem desperdiçado o seu potencial produtivo e não tem garantido o direito básico e necessário ao trabalho e à autodeterminação produtiva. No trimestre abr-mai-jun de 2012 a população ocupada representava 57,1% da população em idade ativa (PIA) e caiu para 47,9% trimestre abr-mai-jun de 2020. No mesmo período a população ocupada sobre a população total caiu de 45,1% para 39,5%. Ou seja, atualmente, menos de 4 pessoas em cada 10 brasileiros está trabalhando. Existem mais de 30 milhões de pessoas em idade de trabalhar que estão subutilizadas e não encontram oportunidades de emprego, pois a economia está voltada para atender aos privilégios de uma parcela da população e não às premências da maioria do povo brasileiro.

Os programas de transferência de renda deveriam ser emergenciais, mas se transformam em programas estruturais e permanentes. A inserção produtiva das parcelas carentes da população deveria ter ocorrido quando as taxas de desemprego estavam baixas. Reduzir a pobreza é fundamental, mas a distribuição de “esmola” para grandes contingentes populacionais que não são inseridos na estrutura produtiva do país não garante o empoderamento dos trabalhadores, como já ensinou a “Teoria do valor-trabalho”. Na prática, a bandeira do “Pleno emprego e trabalho descente” tem sido escanteada, enquanto os interesses eleitorais ampliam as transferências de renda com objetivos eleitorais, enquanto o Brasil se desindustrializa e se atrasa em relação ao resto do mundo.

O ministro Paulo Guedes diz que o raio já caiu e que todos estes números são como o som defasado do trovão. Ele prevê uma recuperação em V, isto é, um rápido crescimento no segundo semestre. Porém, a falta de controle do coronavírus, a fragilidade das contas públicas e a perda do “bônus demográfico” são limitadores quase intransponíveis para uma retomada sadia (Alves, 2020).

Não basta apenas fazer crescer o consumo, o que o Brasil mais precisa é de aumento dos investimentos produtivos e de geração de empregos. Como disse José Antônio Ocampo, ex-secretário-executivo da Cepal, nenhum país da América latina está fazendo o suficiente para ajudar as pequenas empresas na América Latina. No ritmo atual, o continente vê agravar os seus históricos traços coloniais.

Há 198 anos o príncipe herdeiro, Dom Pedro I, deu o grito de “Independência ou Morte!”. Mas não teremos muito a comemorar no próximo 7 de setembro. A década de 2011-20 é a pior da história brasileira em termos de desempenho econômico. Já não há como mudar esta realidade. O bom resultado do segundo semestre de 2020, no máximo, será importante para indicar os rumos para a próxima década.

Se o Brasil não tomar o rumo correto, no sentido de investir na transformação da estrutura produtiva, gerar empregos e proteger o meio ambiente pode estar gestando a sua terceira década perdida. De país do futuro, estamos presos na “armadilha da renda média” mas com uma renda per capita em constante deterioração. O Brasil tem um grande desafio pela frente.

Frase do dia 06 de setembro de 2020

“Uma esmola, para o homem que é são, ou lhe mata de vergonha ou vicia o cidadão”

Luiz Gonzaga (1912-1989)

Referências:

ALVES, JED. Brasil: uma potência submergente, #Colabora, 05/12/2018

https://projetocolabora.com.br/artigo/brasil-uma-potencia-submergente/

ALVES, JED. Bônus demográfico no Brasil: do nascimento tardio à morte precoce pela Covid-19, R. bras. Est. Pop., v.37, 1-18, e0120, 2020

https://www.scielo.br/pdf/rbepop/v37/0102-3098-rbepop-37-e0120.pdf

José Eustáquio Diniz Alves

José Eustáquio Diniz Alves é sociólogo, mestre em economia, doutor em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar/UFMG), pesquisador aposentado do IBGE, colaborador do Projeto #Colabora e autor do livro "ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século" (com a colaboração de F. Galiza), editado pela Escola de Negócios e Seguro, Rio de Janeiro, 2022.

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