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Jornalista do #Colabora ganha prêmio internacional na Itália com série LGBT+60

Yuri Alves Fernandes é o único brasileiro entre os oito vencedores do Prêmio de Excelência em Jornalismo Independente em Vídeo para Criadores de Notícias do ICJF

O jornalista Yuri Alves Fernandes, atual diretor-geral do #Colabora, foi um dos oito criadores de notícias independentes de oito países selecionados para ganhar o Prêmio de Excelência em Jornalismo Independente em Vídeo para Criadores de Notícias do ICFJ (International Center for Journalists, Centro Internacional para Jornalistas, organização de apoio e incentivo ao jornalismo e seus profissionais). Yuri foi premiado pela série ‘LGBT+60: Corpos que resistem’, que roteirizou e dirigiu para o #Colabora – são três temporadas que acompanham diferentes aspectos da vida de pessoas com mais de 60 anos e suas trajetórias. Os vencedores foram homenageados nesta sexta-feira (dia 11 de abril) no Festival Internacional de Jornalismo de 2025, em Perugia, Itália. A cerimônia foi apresentada por Adam Banicki, chefe de videojornalismo da Fortune, que possui vasta experiência na supervisão de operações editoriais de vídeo em diversas organizações de mídia, incluindo The Wall Street Journal, Vice Media, New York Magazine e Business Insider.
De acordo com o ICFJ, “os vencedores estão sendo homenageados por suas reportagens e narrativas inovadoras e confiáveis, que promovem a compreensão pública sobre questões importantes”. Para a organização, esses criadores “estão redefinindo o que o jornalismo pode ser”. O prêmio é uma iniciativa do ICFJ para reconhecer jornalistas independentes e criadores de conteúdo em todo o mundo que estão na vanguarda de um novo ecossistema de mídia. “O cenário da mídia está passando por uma profunda transformação”, disse Maggie Farley, diretora sênior de inovação do ICFJ. “Esses criadores representam uma nova geração de contadores de histórias que estão quebrando barreiras tradicionais, alavancando plataformas digitais para se conectar com o público e redefinindo o que o jornalismo pode ser”, acrescentou.
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Premiados de todas as partes do mundo
Os premiados representam uma gama diversificada de plataformas de mídia e abordagens narrativas. Além da série ‘LGBT+60: Corpos que Resistem’, há ainda vídeos longos sobre o movimento pró-democracia em Hong Kong até vídeos que desafiam concepções errôneas sobre a chamada “mineração verde” em El Salvador. Os oito premiados vêm de países tão diversos como os Estados Unidos e a Palestina, passando por Quênia, Malásia, Canadá, Reino Unido e Brasil.
Um júri internacional selecionou os premiados por região, com base em reportagens originais ou jornalismo explicativo de relevância temática. Operadores independentes e jornalistas que trabalham para pequenas organizações de notícias eram elegíveis para se candidatar. O ICJF divulgou a lista de vencedores e também comentários dos selecionadores sobre os premiados.
Yuri Alves Fernandes (Brasil) – Fernandes é jornalista e roteirista, sócio e diretor geral da #Colabora, plataforma brasileira de jornalismo dedicada à sustentabilidade e aos direitos humanos. Ele criou “LGBT+60: Corpos que Resistem”, uma premiada websérie documental que conta as histórias de idosos LGBT+ no Brasil. A série, exibida em universidades, festivais e museus, tem despertado discussões sobre envelhecimento e representatividade. “Seu trabalho se destacou pela sensibilidade, respeito e empoderamento excepcionais”, escreveu um apoiador que apoiou a indicação de Fernandes. “Ele garantiu que as histórias de seus entrevistados fossem contadas com dignidade, dando a eles o espaço para serem os verdadeiros protagonistas de suas narrativas”.
Tala Al-Sharif (Palestina) – Al-Sharif é jornalista, produtora e fundadora da Female Chimeras, uma plataforma dedicada a desafiar estereótipos e amplificar as vozes das mulheres palestinas. Seus vídeos apresentam as histórias humanas de mulheres que enfrentaram a guerra em Gaza. “Tala personifica os valores fundamentais celebrados pelo Prêmio Criador de Notícias do ICFJ – criatividade, autenticidade e impacto”, escreveu um apoiador no pacote de indicação de Al-Sharif. “Sua capacidade excepcional de criar histórias poderosas e cheias de nuances que amplificam vozes sub-representadas a posiciona como uma pioneira na narrativa digital.”
Zinc Chew (Malásia) – Chew é videojornalista e documentarista na The Fourth, uma organização de mídia multiplataforma sediada na Malásia que produz documentários curtos e investigativos, além de conteúdo para mídias sociais. Chew revela histórias de apatridia, gênero e direitos trabalhistas em formatos inovadores, como “TikTokumentaries”, para engajar um público mais amplo. O documentário que ela coproduziu, “The Forgotten Babies”, destaca a questão das adoções involuntárias de bebês de mães apátridas em Sabah, Malásia, e levou ao reencontro de uma mãe e seu filho. Em uma carta de apoio, uma das referências de Chew afirmou que sua combinação “de coragem moral, pensamento estratégico, capacidade de contar histórias e talento inato para a produção cinematográfica a torna uma força a ser reconhecida”.
Adam Cole e Joss Fong (Estados Unidos) – Cole e Fong, jornalistas com vasta experiência em reportagens científicas e produção de vídeos, administram o Howtown, “um canal do YouTube dedicado a investigar a origem dos fatos”. Seus vídeos, com pesquisas aprofundadas, ajudam a compreender tópicos complexos como a disseminação de desinformação sobre o X, dados da COVID-19 e evolução humana – em um estilo de conversa que mantém as pessoas assistindo. “Não acho que seja exagero dizer que Adam e Joss são os dois videojornalistas científicos mais talentosos do mundo”, escreveu uma das pessoas que apoiaram sua indicação.
Green Bean Media (Reino Unido – Exilado) – A Green Bean Media é uma organização de mídia exilada que serve como um canal de informação sobre Hong Kong, em meio à mídia independente em crise. Seu trabalho se concentra em notícias confiáveis e de alta qualidade, de interesse público, com ênfase em reportagens originais e jornalismo explicativo. Em apoio à indicação da Green Bean Media, uma pessoa escreveu: “Sempre me maravilhei com a equipe por manter os mais altos padrões de reportagem investigativa – honestidade, servindo como voz para aqueles que são desfavorecidos e se posicionando firmemente para fazer perguntas a quem tem autoridade.”
Anita Li (Canadá) – Li é editora e CEO da The Green Line, um veículo de notícias hiperlocal para torontonianos que relata soluções, ações e recursos de uma forma que torna “informações importantes menos entediantes e mais fáceis de usar”. Usando uma abordagem de reportagem voltada para a comunidade, a The Green Line conscientizou e estimulou discussões comunitárias sobre tópicos como segurança de pedestres, desigualdade no trânsito e despejos. A The Green Line merece o prêmio, escreveu um apoiador, “porque eles estão usando ferramentas e plataformas digitais primeiro para contar histórias e cobrir questões para uma geração e um público diferente da mídia tradicional.”
Samuel Munia (Quênia) – Munia é um jornalista investigativo e cineasta dedicado a expor injustiças sistêmicas e treinar a próxima geração de contadores de histórias. Trabalhando com a Africa Uncensored, ele se concentra em narrativas investigativas aprofundadas, utilizando técnicas inovadoras como câmeras espiãs, tecnologia de drones e visualização de dados. Seu trabalho teve um impacto significativo, levando a uma maior conscientização pública, mudanças políticas e engajamento comunitário. Apoiando sua indicação, uma referência disse: “Apesar de passar a maior parte de sua carreira atrás das câmeras, as histórias [de Samuel] se tornaram distintas em sua identidade; elas sempre colocam as pessoas em primeiro lugar.”
Marcela Trejo (El Salvador) – Trejo é uma jornalista multimídia da Focos (Spotlights), veículo de mídia investigativa que utiliza plataformas de mídia social para engajar e alcançar o público. Marcela Trejo adapta temas complexos em vídeos curtos e dinâmicos, utilizando personagens identificáveis e narrativas claras para torná-los acessíveis aos jovens. O trabalho de Trejo se concentra em questões como a aquisição de terras por líderes governamentais e o conceito de “mineração verde”. “Marcela mantém consistentemente os mais altos padrões de ética e integridade jornalística”, escreveu uma referência no pacote de indicação de Trejo. “Seu trabalho é completo e bem pesquisado, sempre priorizando a responsabilização dos tomadores de decisão e usando seu conteúdo como uma plataforma para vozes marginalizadas, como as mulheres e a população LGBTIQ+.”
Série multipremiada
Desde que estreou, em 2018, “LGBT+60: Corpos que Resistem” vem conquistando diversos prêmios, o mais recente foi o de Melhor Série de Diversidade de 2024, pelo Rio WebFest e o internacional Digital Media Americas Awards, na categoria Melhor Uso de Vídeo. Em 2023, também venceu os prêmios de Melhor Roteiro e Melhor Direção, no Rio Webfest daquele ano. “LGBT+60” também já levou o Prêmio Longevidade Bradesco Seguros na categoria Jornalismo Web (2019), o 20º Prêmio Cidadania em Respeito à Diversidade LGBT+ na categoria Audiovisual e Arte Cênicas (2021) e a Menção Honrosa na Mostra Cine Diversidade, do Rio de Janeiro (2021). Pela série, o jornalista e roteirista Yuri Alves Fernandes venceu, em 2024, o 17º Prêmio Gandhi de Comunicação na categoria Produtor de Conteúdo Online.
Os primeiros cinco episódios da série ‘LGBT+60’, lançada em 2018, mostram personagens reais, sobreviventes de uma sociedade LGBTfóbica. João Nery, João Silvério Trevisan, Yone Lindgren, Martinha e Anyky Lima relembraram os fatos vividos na infância – uma época em que quase não se falava sobre diversidade; a violência da ditadura militar; o preconceito na terceira idade e o caminho de volta para o armário, que acaba sendo a realidade de muitos.
Outros três depoimentos compuseram a segunda temporada da websérie LGBT+60, sempre veiculada no canal do Youtube do #Colabora. Dessa vez, as histórias abordaram casais na terceira idade que enfrentaram a intolerância e finalmente puderam celebrar o amor, abrindo caminhos para as novas gerações. Participaram Eduardo Michels e Flávio; Ana Beatriz Ruppelt e Tereza Cebalos; Angela Fontes e Willmann Defacio.
Em cinco episódios, a mais recente temporada da série LGBT+60 contaram com as participações da ativista Denise Taynáh Leite (74 anos), o jornalista Márcio Guerra (63), a influenciadora Ana Apocalypse (65), a drag queen Luiza Gasparelly (60) e do aposentado Seu Franco, (67). Nesta temporada, de 2024, o olhar dos episódios focou nas celebrações e no orgulho que vêm após os 60 anos. A terceira temporada teve produção da Vintepoucos e coprodução da RioFilme, foi exibida no Canal Futura e está disponível no Globoplay.
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Texto produzido pelos jornalistas da redação do #Colabora, um portal de notícias independente que aposta numa visão de sustentabilidade muito além do meio ambiente.