ODS 1
Ações no Rio marcam 1000 dias sem Marielle Franco
Manifestações virtuais cobram respostas sobre o assassinato da vereadora carioca e do motorista Anderson Gomes em março de 2018
Edu Carvalho*
“Tem sido uma mistura de indignação, de tristeza, mas também de luta”. O sentimento da deputada estadual, amiga e mareense Renata Souza resume o sentimento de muitos hoje sobre a vereadora Marielle Franco (PSOL). Às vésperas de completar mil dias de sua execução, e do motorista Anderson Gomes, que a acompanhava no dia 14 de março de 2018, uma série de atos estão marcados para lembrar o episódio que chamou atenção mundo afora. ONGs, partidos e ativistas em diversos países estarão unidos para organizar ações nas ruas e redes sociais neste dia 08 de dezembro, exigindo respostas para a resolução do caso, ainda em investigação. O início da publicação de cartazes, fotos e poemas começou à meia-noite e irá até às 22h desta terça-feira.
Mesmo com a ausência física da vereadora, o seu legado sobrevive em cada pessoa que confiou nela o seu voto e que teve a sua vida atravessada por sua presença e palavra. Uma dessas pessoas é Simone Lauar, moradora do Salsa e Merengue e co-idealizadora do blog Garotas da Maré junto a sua irmã Anna Cláudia Neves, página de comunicação que aborda temas da atualidade. “Marielle foi uma luz que tentaram apagar. Só que o eco que ela deixou foi tão grande que impacta até hoje. Eu sou a prova disso. Foi ela, na primeira entrevista que fiz na vida, quem disse que eu seria uma ótima jornalista. Marielle, para mim, sempre será luz. A luz que ela acendeu em mim não se apagará”, observa. Simone lembra também que a atuação de Marielle foi fundamental para a criação do veículo comunitário. “Se hoje o Garotas da Maré está aí nas redes sociais, ela é sem dúvida uma das grandes responsáveis. Um jornal só feito por mulheres da favela… Ela me ensinou isso. Ela me motivou pra isso. E enquanto viver, vou lutar por justiça pelo assassinato dela e de Anderson”, conclui.
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Veja o que já enviamosNesta terça-feira, 08/12, o calendário brasileiro celebra o Dia da Justiça, momento importante para recordar o caso e exigir o andamento do mesmo. Investigadores do Ministério Público (MP) acreditam ter chegado na pessoa suspeita de clonar o carro que foi usado na emboscada da execução. Segundo a investigação, Eduardo Almeida de Siqueira clonou um carro entre janeiro e fevereiro de 2018 com as mesmas características do carro usado pelos executores do crime – um Cobalt 2014. Em depoimento à Delegacia de Homicídios (DH) em 2018, Siqueira admitiu já ter clonado outros veículos. Apesar da informação já constar no inquérito há dois anos, somente agora ela chamou atenção dos investigadores porque o advogado de Siqueira, Bruno Castro, também defende Ronnie Lessa, sargento reformado da Polícia Militar acusado de atirar em Marielle e Anderson.
Ações ao longo do dia
A Anistia Internacional e o Instituto Marielle Franco lançam a ação “Despertador da Justiça’’. Hoje, dia 08, às oito da manhã, 550 relógios terão seus alarmes disparados simultaneamente, bem em frente à Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro, na Cinelândia. Do alto, será possível ver a frase no chão: “1000 dias sem respostas”.
A mobilização continua ao longo do dia nas redes sociais, nos perfis das organizações com a presença de influenciadores como Camila Pitanga, Leandra Leal, Bruna Linzmeyer, Leoni, Preto Zezé, Rene Silva e Raull Santiago usando a hashtag #1000DiasSemRespostas.
O Instituto Marielle Franco está convocando todas as pessoas a divulgar vídeos ou fotos com a placa, o lenço, um cartaz, um girassol, um graffiti e postar com a hashtag #1000DiasPorMarielle. Também sugere que as pessoas coloquem lenços amarelos na janela para lembrar dos 1000 dias sem resposta.
Às 21h30, buscando simular o efeito de um jogral, em que um fala e todos repetem, amplificando o alcance das palavras, uma sequência de transmissões ao vivo estão marcadas. Você encontra aqui o texto do jogral: https://bit.ly/jogralpormarielle
*Para o Maré de Notícias
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O Maré de Notícias é uma iniciativa da Redes da Maré, instituição da sociedade civil que produz conhecimento, elabora projetos e ações para garantir políticas públicas efetivas que melhorem a vida dos moradores das 16 favelas do complexo há mais de 20 anos. O jornal nasceu em 2009, com tiragem de 50 mil exemplares e se consolidou como a principal oferta de informação dos 147 mil moradores.