ODS 1
Mineração: mais de 10 mil processos estão em áreas restritas por lei


Monitor da Mineração do MapBiomas identifica diferentes irregularidades em mais de 22 mil processos minerários no país, principalmente, em fase inadequada


*Matéria atualizada às 10h11 do dia 03/12, com dados corrigidos pelo MapBiomas
A atividade de mineração no Brasil tem 10.620 processos em áreas restritas à atividade por lei, como Terras Indígenas, Unidades de Conservação de Proteção Integral, Reservas Extrativistas (RESEX) e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN). No total, o país possui 257.591 áreas com extração de minérios, como ferro, nióbio e bauxita. Lançado nesta terça-feira (02/12), o Monitor da Mineração do MapBiomas mostra que 22.668 processos (8,8%) apresentam “sinais de inconsistência processual”.
A plataforma reúne dados da Agência Nacional de Mineração (ANM), desde 1934 até 2025. A análise considera os chamados poligonais dos processos de mineração, limites geográficos em que uma pessoa ou empresa obtém licença para retirar minerais do solo.
Leia mais: Mineradoras são condenadas por unanimidade durante a COP30
Gostando do conteúdo? Nossas notícias também podem chegar no seu e-mail.
Veja o que já enviamos
Conforme o levantamento, há sinais de mineração em fase inapropriada em 11.394 processos (4,4%). Há ainda 654 processos minerários (0,3%) que combinam as duas inconsistências, estando em área restrita e em fase inapropriada. Os regimes estabelecidos pela ANM para mineração são concessão de lavra, registro de extração, licenciamento, permissão de lavra garimpeira ou autorização de pesquisa com guia de utilização válida.
O Monitor da Mineração do Mapbiomas permite avaliar também o recolhimento da CFEM (Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais), obrigatória para determinadas atividades. Com base nos dados dos últimos seis meses, 20.632 processos minerários (43,6%) registraram recolhimento de CFEM, enquanto 26.622 processos (56,4%) não efetuaram o pagamento do tributo, no período.
“O Monitor da Mineração foi desenvolvido para integrar, de forma clara e objetiva, dados relevantes à análise do nível de conformidade das atividades minerárias com os parâmetros estabelecidos pela legislação nacional”, explica César Diniz, coordenador da equipe de mineração do MapBiomas e pesquisador da Solved, empresa de geoinformação.
O Pará é o estado com maior número de processos minerários com alguma inconsistência processual: 31,4% (7.552). Destacam-se, ainda, mas com menores proporções de inconsistência, os estados do Mato Grosso e Minas Gerais, com 13,8% (1.807) e 7,4% (3.937) de processos com sinais de inconsistência processual, respectivamente.


Impactos socioambientais
Desde a invasão das terras deste lado do Atlântico pelos europeus, a mineração tem sido uma das principais atividades responsáveis pela degradação socioambiental no Brasil. Ao longo do período colonial, a atividade se consolidou como uma das principais bases da economia nacional e, na última década, cresceu ainda mais intensamente.
Dados divulgados pelo MapBiomas revelam que 58% de toda a superfície minerada no país foi aberta entre 2015 e 2024. Dois terços dessa expansão ocorreram na Amazônia, com severos impactos para comunidades tradicionais, a exemplo do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami.
A ganância associada à mineração foi responsável pela maior tragédia ambiental da história do Brasil, em 2015, quando ocorreu o rompimento da barragem do Fundão, administrada pela empresa Samarco, em Mariana (MG). O desastre resultou no despejo de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração.
Depois, em janeiro de 2019, a barragem da Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale, em Brumadinho (MG), rompeu e causou a morte de 270 pessoas, incluindo duas mulheres grávidas. Dados de julho do Relatório de Segurança de Barragens (RSB) indicam a existência de 241 barragens com risco de segurança no Brasil.
Últimas do #Colabora
Relacionadas
Micael Olegário
Jornalista formado pela Universidade Federal do Pampa (Unipampa). Gaúcho de Caibaté, no interior do Rio Grande do Sul. Mestrando em Comunicação na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Escreve sobre temas ligados a questões socioambientais, educação e acessibilidade.







































