Desmatamento cai no Cerrado e no Pantanal, mas sobe na Amazônia

Números do Inpe mostram que a taxa dos últimos 12 meses na Amazônia foi a segunda menor taxa da série histórica

Por #Colabora | ODS 15
Publicada em 8 de agosto de 2025 - 10:06  -  Atualizada em 8 de agosto de 2025 - 10:16
Tempo de leitura: 5 min

A ministra Marina Silva, entre o secretário João Paulo Capobianco, o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, e Marcio Rojas, do MCTI: desmatamento tem ligeiro aumento na Amazônia, mas quedas no Cerrado e no Pantanal (Foto: José Cruz / Agência Brasil)

Impulsionados por incêndios florestais, os alertas de desmatamento na Amazônia cresceram 4% de agosto do ano passado até 31 de julho deste ano. No mesmo período, o bioma Cerrado registrou queda de 20,8%, a primeira queda em quatro anos; no Pantanal, a redução no desmatamento foi de 72%, com queda de 9% nos focos de incêndios. Os dados são do Sistema DETER, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e foram divulgados pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) nesta 5a feira (7/8).

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A Amazônia registrou, ao longo dos últimos 12 meses, aumento de 4% nos alertas de desmatamento, emitidos em um total de 4.495 quilômetros quadrados (km²), contra 4.321 km² no período anterior. Apesar do crescimento, o resultado é o segundo menor da série histórica. “Está havendo aumento dos incêndios em função da mudança climática e isso está incidindo em desmatamento. Dentro da margem, podemos falar que o desmatamento na Amazônia está estabilizado, mas nosso compromisso é de desmatamento zero até 2030”, comentou a ministra Marina Silva, na apresentação dos resultados.

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O secretário executivo do Ministério do Meio Ambiente reforçou a relaçãi entre fogo e desmatamento. “O índice de destruição florestal por incêndio fez com que os alertas superassem o ano passado”, afirmou João Paulo Capobianco. “Se olhar o corte raso (derrubada de vegetação com motosserras ou tratores), sem a mudança climática, teríamos o menor índice de toda a série histórica. Isso, é o trabalho que historicamente vínhamos trabalhando, mas os incêndios se tornaram um desafio novo’, explicou. Em 2024, primeiro resultado do Deter com números só do governo Lula, a área sob alertas de desmatamento na Amazônia havia caído 45%, a maior queda proporcional e a menor área da série histórica iniciada em 2016.

Na divisão por Estados, os dados do Deter na Amazônia apontam queda de 21% no Pará, com 1.325 km² nos últimos 12 meses – é o resultado mais baixo da série histórica. Em Mato Grosso, houve alta recorde de 74% da derrubada – com 1.636 km² registrados nos últimos 12 meses, o estado ultrapassou o Pará como líder do desmatamento na Amazônia. No Amazonas houve alta de 3% (814 km²) e em Rondônia, queda de 35% (194 km²).

No Cerrado, após a temporada 2023/2024 ter apresentado o recorde de alertas de desmatamento na série histórica (7.014 km²), o sistema Deter do Inpe registrou agora uma queda de 20,8% (5.555 km²). Quase todos os estados contribuíram para a redução dos alertas de desmatamento> Maranhão teve queda de 34% (1.251 km²), Tocantins, queda de 29% (1.237 km²), Bahia, queda de 7% (733 km²), Mato Grosso, queda de 19% (400 km²) e Minas Gerais, queda de 34% (284 km²). Somente no Piauí, foi registrado aumento: 33% (1.163 km²).

No Pantanal, as áreas sob alerta de desmatamento caíram 72% de agosto de 2024 a julho de 2025 em comparação ao ciclo passado. A área comprometida foi de 1.148 km² para 319 km². Já as cicatrizes de queimadas recuaram 9% nos últimos 12 meses, segundo estimativa do Inpe, e as áreas comprometidas passaram de 17.646 km² para 16.125 km².

O secretário-executivo João Paulo Capobianco destacou o resultado mesmo com o registro do “pior cenário climático da história do Pantanal” medido pela ciência. “Graças à implementação da sala de situação, coordenando 10 ministérios, e a uma ação extremamente intensiva, conseguimos evitar que o dado desse período fosse muito maior do que o anterior, em que as condições climáticas também não foram favoráveis, mas foram muito menos adversas que neste período”, ponderou.

De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), ao longo do mesmo período, de agosto de 2024 a julho de 2025, foram emitidos, 3.976 autos de infração e aplicadas multas que somaram R$ 2,4 bilhões. A área embargada superou 5 mil km². “O Ibama agiu e conteve o risco de termos um número ainda maior de desmatamento, o que seria um desastre, principalmente em ano de COP no Brasil. Mas a derrubada da Amazônia continua ocorrendo em patamares inaceitáveis, levando a floresta a um ponto de colapso. O Brasil pode e deve alcançar desmatamento zero, apesar das muitas forças que sabotam esse objetivo e a agenda ambiental, no Congresso ou no próprio governo”, disse o secretário executivo do Observatório do Clima, Marcio Astrini.

Para a especialista em conservação da organização não governamental WWF-Brasil, Ana Crisostomo, a redução do desmatamento na Amazônia demonstra que é possível avançar por meio de políticas públicas e de fiscalização. Mas ela destaca que é preciso ficar alerta a retrocessos ambientais. “O veto total ao PL da Devastação [Projeto de Lei 2.159/21] é um exemplo, pois trata-se de uma decisão crucial para evitar o enfraquecimento das licenças ambientais e manter de pé os instrumentos que ajudam a conter a destruição. O momento exige coerência e responsabilidade: proteger nossos biomas é proteger o futuro do país.”

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