Para assegurar um pacto global ambicioso para proteger a natureza, uma conferência de cúpula sobre biodiversidade ainda este ano, no início de outubro, vai exigir uma liderança política mais forte da nação sede, a China.
Cerca de 195 países esperam concordar com um texto para salvaguardar as plantas, animais e ecossistemas, semelhante ao acordo do clima de Paris, em conferência da ONU marcada para acontecer na cidade chinesa de Kunming.
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A escolha da sede da cúpula de biodiversidade é simbólica. Kunming é a capital da província de Yunann, no sudoeste da China, que, apesar de ter menos de 4% do território chinês, abriga 42,6% de todas as espécies de plantas protegidas e 72,5% de todos os animais selvagens protegidos do país, dos quais 15% são estritamente endêmicos da província.
Melhor conservação e manejo de áreas naturais, como parques, oceanos, florestas e regiões selvagens são vistos como cruciais para a proteção de ecossistemas dos quais o homem depende, assim como o alcance de metas para para as expectativas internacionais da mudança do clima.
Mas as florestas continuam sendo derrubadas, destruindo a biodiversidade e ameaçando as metas do clima, já que as árvores absorvem um terço das emissões de aquecimento do planeta produzidas em todo o mundo.
No ano passado, um relatório da ONU mostrou que os governos falharam em sua maioria de alcançar metas globais estabelecidas em 2010 para proteger a biodiversidade, embora casos de conservação sugerem que a destruição da natureza pode ser desacelerada e mesmo revertida.
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Veja o que já enviamos“A China tem a oportunidade de convencer a comunidade global em seu desejo de um futuro melhor”, disse Basile van Havre, co-presidente do grupo que desenvolve o acordo para a Convenção da ONU Sobre Diversidade Biológica (CBD).
China, a maior emissora de gases de efeito estufa do mundo, tem cada vez mais fortalecido sua agenda verde, e em 2020 se comprometeu em alcançar a neutralidade de carbono até 2060.
Mas, como outras grandes economias, a China gera muitos efeitos ambientais colaterais que precisam ser tratados, como o desflorestamento em outros países ligado à alta demanda por alimentos, acrescentou ela.
Enquanto isso, o presidente dos EUA Joe Biden tornou o clima uma ação central em seus primeiros seis meses de governo, e em junho líderes do G7 fizeram compromissos mais substanciais para enfrentar a mudança do clima e a perda da biodiversidade.

Em anos recentes, cerca de 75 espécies estão desaparecendo por dia, e se estima que um milhão delas estarão extintas em 2050, lembrou Cai Chaolin, vice-governador na província de Ghizhou.
A Conferência das Partes da Convenção da Diversidade Biológica (COP 15) deverá determinar se a perda de biodiversidade irá alcançar seu pico em 2030, e os temas principais irão incluir compromissos políticos, abordagens pragmáticas e tecnologias, assim como um possível investimento de capital.
A economia global pode perder até 2.7 trilhões de dólares por ano até 2030, se os países continuarem destruindo a biodiversidade, impactando a polinização, a pesca e a madeiras das florestas.
Isto de acordo com o Banco Mundial, que alertou que as projeções econômicas existentes não conseguem levar em conta o declínio dos serviços da natureza, o que já acontece. Em um cenário como o atual, o mundo pode perder 46 milhões de hectares de terra natural e de áreas de pesca e o número de peixes continuará a cair.
Alguns países, incluindo os EUA, concordaram em proteger 30% do planeta até 2030, um plano chamado de 30/30
Em um pior cenário, no qual o mundo chegue a um ponto de não retorno, nos quais os países não consigam se adaptar a um choque dos serviços do ecossistema, a economia global vai encolher em 2.3%. Ela se contraiu 3.2% no ano passado devido à pandemia, a pior queda em tempos de paz desde a Grande Depressão, afirma o Fundo Monetário Internacional.
Um muro na vila Ma’n, em Xiang, exibe a seguinte frase: “Nós vamos resolutamente vencer a guerra contra a pobreza” – dita pelo presidente chinês Xi Jinping. A realocação de milhões de pessoas há décadas não irá melhorar a proteção da natureza nas grandes cidades, e nem será a bala de prata contra a pobreza.