Humanos ameaçam um milhão de espécies de extinção

Tigres siberianos, uma das espécies ameaçadas de extinção pela ação predatória dos seres humanos e o aquecimento global: 25% dos mamíferos ameaçados de extinção (Foto: Georg Wendt/DPA)

Relatório da ONU aponta que a humanidade ameaça erradicar a natureza: estão ameaçados 25% dos mamíferos,  mais de 40% dos anfíbios e 25% dos grupos de plantas

Por José Eduardo Mendonça | ODS 14ODS 15 • Publicada em 6 de maio de 2019 - 17:22 • Atualizada em 8 de maio de 2019 - 18:21

Tigres siberianos, uma das espécies ameaçadas de extinção pela ação predatória dos seres humanos e o aquecimento global: 25% dos mamíferos ameaçados de extinção (Foto: Georg Wendt/DPA)
Tigres siberianos, uma das espécies ameaçadas de extinção pela ação predatória dos seres humanos e o aquecimento global: 25% dos mamíferos ameaçados de extinção (Foto: Georg Wendt/DPA)
Tigres siberianos, uma das espécies ameaçadas de extinção pela ação predatória dos seres humanos e o aquecimento global: 25% dos mamíferos ameaçados de extinção (Foto: Georg Wendt/DPA)

Sempre imaginamos que a natureza existiria para nos proporcionar alimentos, a água que bebemos e até mesmo os momentos em que admiramos um belo cenário. Isto não é mais garantido. A pressão incansável que colocamos sobre a biodiversidade e suas contribuições para nosso bem estar, nosso consumir sem fim, nossa dependência cega dos combustíveis fósseis e nossa utilização insustentável dos recursos naturais ameaçam agora seriamente nosso futuro. Não que isso seja uma novidade. Ambientalistas, cientistas e povos indígenas de há muito soam alertas. O problema é que entramos em uma era de extinção acelerada das espécies e deparamos com perda de espécies animais e vegetais, além de colheitas vitais, e com os impactos horríveis da mudança do clima em todo o mundo. Há uma onda crescente de ansiedade e revolta. O espectro de tal dano ambiental causa grave preocupação e cada vez mais os jovens vão para as ruas protestar.

Apesar da ameaça da perda da biodiversidade, é a mudança do clima que vinha sendo o centro das atenções. Este quadro poderá sofrer mudanças depois que na semana passada, em Paris, representantes de 130 nações aprovaram a mais ampla avaliação já feita sobre a biodiversidade (o sumário do relatório, em inglês, pode ser baixado aqui).  Segundo o estudo, a natureza vem sofrendo perdas em taxas sem precedentes na história humana. Um milhão de espécies estão no momento ameaçadas de extinção, e estamos danificando toda a infraestrutura natural do qual nosso mundo depende.

O relatório mostra também que governos e empresas estão longe de fazer o que deviam. O mundo está a caminho de não cumprir as metas de aquecimento global do Acordo de Paris e 80% das metas de desenvolvimento sustentável da ONU (de água, alimentos e segurança energética).

Protesto contra a extinção de espécies provocada pelo ser humano em Berlim: 40% dos anfíbios, 33% dos tubarões, 25% dos grupos de plantas (Foto: Paul Zinken/DPA)

Nos grandes habitats em terra, das savanas da África às florestas tropicais da América do Sul, a abundância média de plantas e animais nativos caiu em 20% ou mais, principalmente no correr do século passado. Ao mesmo tempo, surgiu um grande desafio. O aquecimento global se tornou um importante indutor do declínio da vida selvagem, diz o relatório, ao mudar de local ou encolher habitats nos quais muitos mamíferos, pássaros, insetos e plantas evoluíram para sobreviver. Com isso, a biodiversidade deverá acelerar até 2050, especialmente nos trópicos.

“Por longo tempo, as pessoas pensavam na biodiversidade como a preservação da natureza para seu próprio uso”, disse Robert Watson, chefe da Plataforma Intergovernamental da Ciência e Políticas da Biodiversidade e Serviços do Ecossistema, que conduziu o estudo a pedido de governos nacionais. “Mas deixamos claras as ligações entre biodiversidade e natureza e coisas como a segurança alimentar e a água limpa tanto para os ricos quanto para os pobres.”

Encontram-se hoje ameaçados de extinção 25% dos mamíferos,  mais de 40% dos anfíbios, quase 33% dos tubarões e 25% de grupos de plantas. Todos poderão desaparecer em décadas.

Humanos alteraram 75% dos ecossistemas em terra e 60% dos marinhos desde tempos pré-industriais. O aumento da população humana também é um  forte indutor do desastre – ela mais que dobrou nos últimos 50 anos, e o PIB  bruto per capita aumentou quatro vezes.

O caminho para dizimar a natureza

1. Desde 1970, houve um aumento de 300% da produção global de alimentos.

2. 23% das terras tiveram redução da produtividade agrícola devido à degradação do solo.

3. Cerca de 25% das emissões de gases de efeito estufa são causadas por derrubada de florestas para o plantio.

4. O mundo perdeu metade de toda sua cobertura viva de corais desde os anos 1870.

5.  As populações urbanas cresceram mais de 100% desde 1992.

6. Em 2015, um terço dos estoques marinhos estava sendo pescado em níveis insuportáveis.

7. O volume de plásticos jogado no ambiente marinho cresceu em dez vezes desde 1980. Cerca de 400 milhões de toneladas deste lixo são despejadas no oceano anualmente.

8. O número de espécies invasivas por país cresceu cerca de 70% desde 1970.

9. 25 milhões de quilômetros de ruas e estradas serão pavimentados até 2050.

 

José Eduardo Mendonça

Jornalista com passagens por publicações como Exame, Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo. Criador da revista Bizz e do suplemento Folha Informática. Foi pioneiro ao fazer, para o Jornal da Tarde, em 1976, uma série de reportagens sobre energia limpa. Nos últimos anos vem se dedicando aos temas ligados à sustentabilidade.

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Um comentário em “Humanos ameaçam um milhão de espécies de extinção

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