A lista de 42 projetos vencedores do World Press Photo 2025, a 68ª edição do tradicional e mais importante concurso de fotojornalismo do planeta, revela um foco nas três principais tragédias dos nossos tempos: as guerras, a crise climática e ambiental e as migrações – estas, na maior parte das vezes, provocadas pelas duas primeiras. “Quando o júri global começou a selecionar os diferentes candidatos para a Foto do Ano, começamos com uma ampla seleção de cada uma das seis regiões. Desse conjunto de candidatos emergiram três temas que definem a edição de 2025 do World Press Photo: conflito, migração e mudanças climáticas”, explicou a fotógrafa e arqueóloga italiana Lucy Conticello, diretora de fotografia do Le Monde Magazine e presidente do júri do concurso WPP 2025, na apresentação dos selecionados.
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A exposição itinerante com os projetos vencedores do World Press Photo 2025 reúne mais de 100 fotografias: com três premiados nas categorias Fotografia Individual e Reportagem de seis regiões do mundo (África; América do Norte e Central; América do Sul; Ásia Ocidental, Central e Sul Asiático; Ásia-Pacífico e Oceania; e Europa), além de um vencedor por região na categoria Projeto de Longo Prazo. A mostra está em exibição no Rio de Janeiro, na Caixa Cultural, até o dia 20 de julho. Depois as fotos serão expostas nos espaços da Caixa Cultural em São Paulo (de 05/08 a 28/09), Curitiba (de 07/10 a 30/11) e Salvador (de 09/12/2025 a 01/02/2026).
Duramente impactado pela crise climática nos últimos anos, o Brasil ganhou destaque no WPP 2025 pelas reportagens fotográficas das enchentes no Rio Grande do Sul, da brasileira Amanda Perobelli para a agência Reuters, e da violenta seca na Amazônia, do mexicano Musuk Nolte, para a agência Panos Pictures. O fotógrafo brasileiro Anselmo Cunha também foi premiado na categoria individual com uma foto do Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, durante as inundações de maio de 2024. O #Colabora reproduz aqui 10 retratos da crise climática e ambiental, em diversas partes do mundo, premiadas no World Press Photo 2025, que recebeu 59.320 inscrições, enviadas por 3.778 fotógrafos, de 141 países.
1. Seca no Rio Amazonas (América do Sul) – Reportagem fotográfica, com cinco fotos em exibição na mostra, do mexicano Musuk Nolte retrata como a seca severa intensificada pelas mudanças climáticas levou o rio a ter os mais baixos níveis de água já registrados. A imagem acima – selecionada como finalista para Foto do Ano – mostra um jovem do Amazonas leva comida para a mãe, que vive na vila deManacapuru; a vila, antes acessível de barco, agora exige uma caminhada de dois quilômetros pelo leito seco do Rio Solimões.
2. As Piores Enchentes da História do Brasil (América do Sul) – Reportagem fotográfica, com quatro fotos na exposição, da brasileira Amanda M. Perobelli retrata a maior tragédia climática do Rio Grande do Sul, onde mais de 180 pessoas morreram e 600 mil foram obrigadas a deixar suas casas.
3. Aeronave em Pista Inundada (América do Sul) – Foto do brasileiro Anselmo Cunha para a AFP foi premiada na categoria individual e mostra um Boeing 727-200 abandonado e cercado por águas da enchente no Aeroporto Internacional Salgado Filho.
4. Uma Cidade Fora dos Trilhos (América do Norte e Central) – Reportagem fotográfica, com quatro fotos na exposição, da estadunidense Rebecca Kiger, para o Center for Contemporary Documentation, do grupo TIME, mostra os reflexos tragédia ambiental em East Palestine, Ohio, uma pequena cidade com 4.700 habitantes, após o descarrilamento de um trem com substâncias tóxicas e cancerígenas.
Tufão Toraji, norte das Filipinas: eventos extremos intensificados pela crise climática (Noel Celis / AP / WPP2025 / Divulgaão – 12/11/2024)
5. Quatro Tempestades, 12 Dias (Ásia-Pacífico e Oceania) – Reportagem fotográfica, com cinco fotos na exposição, do filipino Noel Celis, para a AP, retrata o rastro de destruição deixado pela tempestade tropical Trami, que foi seguida nos dias seguintes pelos tufões Yinxing,Toraji e Usagi, no norte das Filipinas: relatório aponta um aumento de 210% no número de tufões que atingiram o país desde 2012.
6. Fim da Mania dos Macacos em Thai Town (Ásia-Pacífico e Oceania) – Reportagem fotográfica da tailandesa Chalinee Thirasupa, com quatro fotos na WPP 2025, mostra o processo que levou macacos a passarem por um programa de esterilização em cidade da Tailândia: depois de anos sendo alimentados por turistas e mudando seus hábitos, os animais foram abandonados durante a pandemia e tornaram-se agressivos, atacando moradores, roubando comida e brigando entre si.
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Veja o que já enviamosHalmahera, na Indonésia: desmatamento, inundações e poluição do ar com avanço da mineração (Foto: Mas Agung Wilis Yudha Baskoro / The China Global South Project / WPP 2025 / Divulgação – 12/08/2024)
7. O Impacto da Mineração de Níquel na Ilha de Halmahera (Ásia-Pacífico e Oceania) – Fotografia premiada individualmente – de Mas Agung Wilis Yudha Baskoro, fotojornalista e documentarista da Indonésia – mostra trabalhadores a caminho a uma usina de fundição e processamento de níquel na Indonésia. Pesquisas indicam que o desmatamento causado pela mineração de níquel tem levado a enchentes mais longas e frequentes no país e a poluição provocada pela fundição na ilha provocou um aumento de um crescimento de 25 vezes nos casos de doenças respiratórias entre 2020 e 2023.
8. O Lago Silenciou (África) – Reportagem fotográfica, com quatro fotos na exposição, do Aubin Mukoni, fotógrafo e videomaker da República Democrática do Congo, busca retratar o drama dos pescadores do Lago Kivu, na fronteira entre Ruanda e a RDC: mudanças climáticas trazem tempestades mais frequentes, o aquecimento das águas e a redução dos estoques de peixes; poluição por resíduos plásticos também ameaça o futuro desse ecossistema.
9. Encantadores de Elefantes (África) – Reportagem fotográfica do britânico radicado na África do Sul Tommy Trenchard para a Panos Pictures – com quatro fotos na WPP 2025 – mostra como seguidos períodos sem chuva e a invasão de áreas tradicionalmente utilizadas pelos elefantes vêm causando conflitos entre humanos e animais selvagens nos últimos anos em Livingstone, no sul de Zâmbia: em Em2024, ao menos onze pessoas foram mortas por elefantes na região.