Onda de calor extremo já matou pelo menos 28 pessoas nos EUA

Mais de 140 milhões de pessoas em todo o país estavam sob alertas de calor; recordes de temperatura chegam a 48,8º em Las Vegas e 53,8° no Vale da Morte

Por Oscar Valporto | ODS 13 • Publicada em 12 de julho de 2024 - 10:15 • Atualizada em 16 de julho de 2024 - 09:54

Turistas tiram fotos no Vale da Morte com termômetros marcando 55 graus: Estados Unidos já registraram 28 mortos por calor e maior do país está sob alerta (Foto: Mario Tama / AFP – 09/07/2024)

A onda de calor enfrentada pelos Estados Unidos desde o começo de julho causou a morte de pelo menos 28 pessoas na última semana, número que deve subir pois está baseado apenas em relatórios preliminares de estados da Costa Oeste, como a Califórnia, e as altas temperaturas estão atingindo todo o país. Até esta quinta- feira (11/7), mais de 144 milhões de pessoas, mais de 40% de toda a população dos EUA estavam sob alertas de calor, que, em boa parte do país, vão valer até este fim de semana.

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Os meteorologistas afirmam que a onda de calor recorde – que, em algumas partes, dura há mais de três semanas – é alimentada em boa parte pelo aquecimento do clima. E as previsões dizem que não há alívio à vista. “Não vejo nenhuma mudança drástica no padrão climático neste momento”, disse o meteorologista de longo alcance da AccuWeather, Paul Pastelok, ao USA TODAY, acrescentando que temperaturas acima da média estão previstas em todo o país no outono.

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Os alertas de calor foram emitidos na maior parte do oeste dos EUA e grandes áreas do Sul e do Sudeste, e em parte da Costa Leste. “O calor recorde de temperatura quase histórico continuará em partes do sudoeste esta semana”, destacou, em comunicado, o Serviço Nacional de Meteorologia dos EUA. “Esta onda de calor de longa duração continua extremamente perigosa e mortal se não for levada a sério”, acrescentou o alerta oficial.

A maioria das mortes foi relatada na Califórnia, onde o calor quebrou recordes diários no final da semana passada em várias cidades importantes, incluindo San Jose, Fresno e Oakland, informa o Washington Post. No Condado de Santa Clara, que inclui San Jose, a chefe do Instituto Médico Legal, Michelle Jorden, investiga 14 casos em que as mortes parecem ter sido causadas pelo calor. No Vale da Morte, na Califórnia, considerado o lugar mais quente dos EUA e um dos mais quentes do mundo, a temperatura máxima chegou esta semana a 53,88°C, igualando o recorde local estabelecido em 2007,

Las Vegas, no estado de Nevada, registrou, na quarta-feira (10/7), temperaturas acima de 46°C pelo 5º dia consecutivo. A cidade já quebrou 16 recordes de calor desde 1º de junho, bem antes do início oficial do verão. “Ainda nem chegamos na metade de julho, quando o calor costuma aumentar”, disse o meteorologista Morgan Stessman: no domingo (7/7), a temperatura alcançou o recorde histórico de 48,8º C, superando o recorde anterior, do começo do mês de 47,2º C. Mesmo pelos padrões do deserto de Nevada, o calor prolongado que a maior cidade do estado é considerado sem precedentes: é a onda mais extrema desde que o Serviço Nacional de Meteorologia começou a manter registros na cidade, em 1937.

As temperaturas excepcionalmente altas de costa a costa nos Estados Unidos estão sendo impulsionadas pelas mudanças climáticas, explicaram os meteorologistas Jeff Masters e Bob Henson do Yale Climate Connections em artigo. “O calor extremo esperado em zonas das regiões do Ocidente e do Médio Atlântico tornou-se 400% mais provável devido às alterações climáticas, de acordo com uma análise da Climate Central, um grupo de investigação e pesquisa”, escreveram os meteorologistas.

Os cientistas de Yale frisaram que “para piorar a situação, a umidade dos restos do furacão Beryl se espalhará pelo nordeste dos EUA, exacerbando as combinações de calor e umidade que alimentaram os alertas de calor”, em vigor, desde terça-feira. “As previsões sazonais têm sugerido há meses que o verão de 2024 avançará cada vez mais em direção ao limite superior da climatologia à medida que avança, uma tendência comum nos EUA durante os verões, quando o planeta está a mudar de El Niño para La Niña. Essas previsões não especificam o calor em cada cidade, mas sugerem que grande parte, se não a maior parte, dos EUA contíguos estará progressivamente mais quente ao longo do tempo, em comparação com leituras médias que normalmente são suficientemente tórridas nos dias difíceis de agosto”, acrescentaram.

Os mapas do Centro Federal de Previsão do Clima para os próximos dias e semanas estão todos nas laranja e vermelho, o que indica mais prováveis ​​temperaturas acima da média. De acordo com o centro de previsão, o padrão climático para a próxima semana “favorece temperaturas acima do normal para quase todo o território continental dos EUA e Havaí; as maiores chances de temperaturas acima do normal estão no sudeste e no norte da Intermountain West”.

Embora os verões sejam sempre quentes, eventos de calor nos EUA e o mundo estãomuito além do normal. Junho foi o 13º mês consecutivo de temperaturas recordes para o planeta, de acordo com dados do Serviço de Mudanças Climáticas Copernicus, da União Europeia, e da Organização Meteorológica Mundial, da ONU: todos os meses, durante mais de um ano, foram os mais quentes já registrados. E 2023 foi o verão mais quente em 2.000 anos, concluiu um estudo publicado recentemente.

Oscar Valporto

Oscar Valporto é carioca e jornalista – carioca de mar e bar, de samba e futebol; jornalista, desde 1981, no Jornal do Brasil, O Globo, O Dia, no Governo do Rio, no Viva Rio, no Comitê Olímpico Brasileiro. Voltou ao Rio, em 2016, após oito anos no Correio* (Salvador, Bahia), onde foi editor executivo e editor-chefe. Contribui com o #Colabora desde sua fundação e, desde 2019, é um dos editores do site onde também pública as crônicas #RioéRua, sobre suas andanças pela cidade

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