ODS 1
O boom dos pedidos online em tempos de coronavírus
Comodidade vira necessidade e supermercados e redes de entrega enfrentam engarramento de pedidos nos Estados Unidos
Quem recentemente passou algum tempo em um grande centro urbano dos Estados Unidos deve ter percebido que os americanos que vivem nessas cidades praticamente não saem mais de casa para fazer compras. Pedem online quase tudo que desejam e recebem na porta de casa. Com o coronavírus, esse hábito cômodo se tornou uma necessidade, principalmente para quem faz parte de grupos de risco e precisa ficar isolado. Por conta disso, será necessário ficar atento e antecipar a agenda de necessidades básicas. Na Califórnia, há cerca de dez dias, desde que foi levantada a possibilidade de ser anunciado o estado de “shelter in place” – algo como “abrigo em casa”, decretado, enfim, na segunda-feira, dia 16 de março -, todo mundo correu para os celulares e começou a fazer seus pedidos ao mesmo tempo. Conclusão: a espera para a chegada de alimentos e remédios é, muitas vezes, de três ou até quatro dias. Com a pandemia, parece que esse tipo de negócio vai virar o grande business do momento.
“Eu fiz um pedido para o (supermercado) Safeway no domingo e só recebi na quarta. Normalmente a entrega é rápida”, contou a professora aposentada Pamela Stevens, de 70 anos, que mora em San Francisco, é diabética e asmática. “Decidi escrever uma lista do que vou precisar nos próximos 20 dias e já estou começando a pedir. Vivo sozinha, estou no grupo de risco e não posso contar com a ajuda dos meus filhos, que têm filhos pequenos e estão afastados de mim justamente para me proteger”, acrescenta.
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Veja o que já enviamosA procura é tanta que a rede Safeway fez um comunicado avisando que está contratando cerca de dois mil funcionários na Califórnia, incluindo motoristas para as entregas. A Raley’s, outra grande rede de supermercados, também afirmou que está iniciando uma contratação em massa para atender aos pedidos online.
[g1_quote author_name=”Pedro Garcia” author_description=”Entregador da Uber Eats na Califórnia” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Ontem, entreguei mais produtos do que em qualquer outro dia desde que trabalho no aplicativo, há um ano; os pedidos triplicaram. Acho que eles vão facilitar a entrada de muito mais gente para trabalhar. Não estamos dando conta
[/g1_quote]Segundo a Amazon, a demanda aumentou muito nas últimas duas semanas e a situação é delicada. A empresa avisou que está contratando cem mil pessoas pelos Estados Unidos para aumentar o quanto antes a agilidade dos serviços. Essas pessoas devem trabalhar em armazéns, nos centros de entrega e nos supermercados Whole Foods, que fazem parte da companhia. De acordo com um comunicado publicado no próprio site da Amazon na terça-feira (17 de março), nas próximas três semanas a prioridade será a da entrega de produtos básicos e suprimentos médicos.
Aplicativos como DoorDash, Instacart e Uber Eats também estão trabalhando com sua capacidade máxima. “Ontem (terça, 17), entreguei mais produtos do que em qualquer outro dia desde que trabalho no aplicativo, há um ano; os pedidos triplicaram. Acho que eles vão facilitar a entrada de muito mais gente para trabalhar, pois realmente estão precisando. Não estamos dando conta”, conta Pedro García, de 33 anos, prestador de serviço para a Uber Eats.
Para os que necessitam imediatamente de algum produto e têm que correr até o supermercado, mercearia ou farmácia mais próxima para tentar encontrar o que precisa, uma medida está começando a ser adotada com o propósito de proteger os mais velhos do coronavírus: vários estabelecimentos comerciais estão montando um horário especial de atendimento exclusivo aos idosos, antes da abertura para os clientes em geral. O Whole Foods, por exemplo, já começou a receber os mais velhos uma hora antes do supermercado abrir normalmente. “Dessa forma tudo vai estar bem limpo e descontaminado, pois estamos higienizando tudo à noite, depois de fecharmos. Só os maiores de 60 anos vão poder entrar para comprar nesse horário “, conta Melinda Flores, que trabalha na unidade de Novato, Bay Area de San Francisco.
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Jornalista graduada pela PUC-Rio, trabalhou 15 anos no Jornal O Globo, onde foi repórter especial. Ocupou o cargo de editora de Cultura do Jornal O Dia e participou de projetos para empresas como Globosat e PUC-Rio. Mora em San Francisco, na Califórnia, onde continua a escrever e pretende fazer mestrado na área de sustentabilidade.