Data centers, devoradores de energia

Uso vai triplicar na próxima década e aumentar riscos do aquecimento global

Por José Eduardo Mendonça | ODS 12 • Publicada em 22 de junho de 2016 - 08:00 • Atualizada em 23 de junho de 2016 - 12:01

A Apple, se comprometeu a alimentar o iCloud apenas com energia renovável
A Apple, se comprometeu a alimentar o iCloud apenas com energia renovável
A Apple, se comprometeu a alimentar o iCloud apenas com energia renovável

O que gasta mais eletricidade: o iPhone em seu bolso ou a geladeira na cozinha? Acredite: o iPhone. De acordo com o Digital Power Group, uma geladeira sem selo de baixo consumo utiliza 322 kWh por ano. O iPhone, contando conexões sem fio, uso de dados e carga da bateria, consome 361 kWh por ano.

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Dez anos atrás o consumo era desprezível. Hoje, são 3 por cento da oferta mundial de eletricidade e cerca de 2 por cento das emissões totais de gases de efeito estufa, mais ou menos as do setor de aviação. E o consumo dobra a cada quatro anos.

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Estamos falando apenas de uma marca de telefone, e não de notebooks, tablets, desktops e, claro, os data centers, conjuntos de milhares de servidores destinados a trafegar e processar todos os dados deles, bilhões de gigabytes de informação.

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Você pode estar usando Facebook, Instagram, Snapchat. Qualquer um deles exige uma quantidade imensa de dados armazenados em algum lugar. O que não seria um problema se estas atividades não consumissem tanta energia.

Dez anos atrás o consumo era desprezível. Hoje, são 3 por cento da oferta mundial de eletricidade e cerca de 2 por cento das emissões totais de gases de efeito estufa, mais ou menos as do setor de aviação. E o consumo dobra a cada quatro anos. E poderá, mesmo, ser equivalente a toda a produção de eletricidade do Japão em 2030, mantidas estas taxas de crescimento.

O nosso mundo online utiliza 1.500 terawatts-hora de energia por ano. Isto é mais ou menos a produção combinada de Alemanha e do Japão. É a mesma quantidade de energia que usávamos para iluminar todo o planeta em 1985.

Apenas um e-mail curto joga 4 gramas de CO2 na atmosfera. Mandar 65 deles equivale a dirigir um carro por um quilômetro. Coloque um anexo e a mensagem chega a 50 gramas de CO2m Cinco deles é como queimar 129 gramas de carvão. Spams são como as emissões de 3.1 milhões de passageiros gastando 7.6 bilhões de litros de gasolina por ano.

O que as grandes empresas do setor estão fazendo? Aumentando a eficiência no uso de energia e tentando comprá-la de produtores de fontes alternativas. Mas a eficiência tem um limite. É possível uma redução de 40% no consumo, mas há uma barreira de custos e a preocupação dos técnicos de que medidas agressivas podem acabar impactando o tempo de processamento.

Quanto à troca de fornecedores, pressionados por organizações ambientais, gigantes como Amazon, Google, Apple e Facebook já exibem melhores credenciais que há dois anos. A Apple, por exemplo, se comprometeu a alimentar o iCloud apenas com energia renovável. O novo data center do Facebook em Iowa, usa exclusivamente energia eólica.

Não há o que você possa fazer como consumidor individual da internet. Afinal, não dá para pedir que você saia do Facebook, Twitter, pare de ouvir suas músicas ou mande menos e-mails. Não há também aqui um grupo de pressão como o Greenpeace, que produz desde 2012 um relatório anual sobre os impactos da vida online no ambiente – ninguém tem a mais vaga ideia de quanto consomem os data centers de grandes provedores nacionais.

José Eduardo Mendonça

Jornalista com passagens por publicações como Exame, Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo. Criador da revista Bizz e do suplemento Folha Informática. Foi pioneiro ao fazer, para o Jornal da Tarde, em 1976, uma série de reportagens sobre energia limpa. Nos últimos anos vem se dedicando aos temas ligados à sustentabilidade.

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