Seis autores negros para você encontrar na Bienal do Livro RJ

Evento reúne Itamar Vieira Junior, Conceição Evaristo, Jeferson Tenório, Lavínia Rocha e outras vozes que resgatam memórias e discutem o racismo

Por Ana Carolina Ferreira | ODS 10 • Publicada em 16 de junho de 2025 - 08:09 • Atualizada em 16 de junho de 2025 - 09:30

Escritora de “Olhos D’agua” e “Canção para Ninar Menino Grande”, Conceição Evaristo é uma das autoras que fazem parte da programação da Bienal do Livro RJ (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

Este ano, o Rio de Janeiro celebra uma conquista histórica: o título de Capital Mundial do Livro, concedido pela UNESCO. Essa celebração também pulsa na 21ª Bienal do Livro Rio, que acontece de 13 a 22 de junho, no Riocentro, na Barra da Tijuca. Com uma expectativa de público de 600 mil pessoas, o evento reúne leitores, autores, editoras e uma programação diversa.

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Entre os destaques deste ano, autores negros ocupam com força e criatividade os palcos e corredores da Bienal. Suas narrativas resgatam histórias invisibilizadas, questionam estruturas de poder, valorizam a ancestralidade e ampliam o imaginário sobre o que é ser negro no Brasil. Se você ainda não conhece esses nomes, este é o momento de se aproximar de suas obras. Confira:

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Conceição Evaristo

Mineira de Belo Horizonte, Conceição Evaristo, 78 anos, tem obras atravessadas pela “escrevivência” — termo que a própria autora cunhou para definir uma escrita que nasce das vivências e da experiência de vida de um sujeito, especialmente da população negra no Brasil. Publicou romances como “Ponciá Vicêncio”, “Becos da Memória” e “Canção para Ninar Menino Grande”, além de coletâneas de contos como “Olhos d’Água” — obra vencedora do Prêmio Jabuti na categoria Contos e Crônicas (2015).

Conceição é uma das presenças mais aguardadas da Bienal do Livro Rio 2025, com participação no dia 19 de junho, na sessão “Memória e Resistência”, com autoras da África do Sul e Cuba, para conversar sobre o resgate da ancestralidade e de trajetórias silenciadas na literatura. Além disso, participa de sessão de autógrafos no mesmo dia.

Eliana Alves Cruz

Autora de "Água de Barrela" e "Solitária" estará na Bienal nos dias 19 e 20 de junho (Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil)
Autora de “Água de Barrela” e “Solitária”, Eliana Alves Cruz estará na Bienal nos dias 18, 19 e 20 de junho (Foto: Tomaz Silva/ Agência Brasil)

Jornalista, roteirista e escritora carioca, Eliana Alves Cruz é autora de obras como “A Vestida”, “Nada digo de ti, que em ti não veja”, “Solitária” e “Água de Barrela”. Eliana é uma das vozes mais relevantes da literatura afro-brasileira contemporânea, com uma escrita que revisita narrativas apagadas sobre a população negra. Também recebeu alguns prêmios como o Jabuti (2022), o prêmio da União Brasileira dos Escritores (2022) e o Oliveira Silveira (2015). Seu segundo romance, “O crime do cais do Valongo”, foi escolhido como um dos melhores do ano de 2018 por críticos do jornal O Globo.

Nesta edição da Bienal do Livro Rio, Eliana, de 59 anos, participa de sessão de autógrafos e mesas de debate, nos dias 18, 19 e 20 de junho. Sua participação é voltada à discussão sobre a força de narrativas femininas na literatura, o legado de Machado de Assis nas reflexões sobre as desigualdades do Brasil, e o poder de transformação da literatura negra.

Itamar Vieira Júnior

Bienal do Livro RJ: Autor do sucesso de público e crítica "Torto Arado", Itamar Vieira Junior participa de (Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil)
Bienal do Livro RJ: Autor do sucesso “Torto Arado”, Itamar Vieira Junior conta em mesa sobre como o romance ganhou adaptação para teatro, musical e série (Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil)

Itamar Vieira é autor de “Torto Arado”, um dos maiores sucessos da literatura brasileira nas últimas décadas, com tradução em mais de vinte países. O romance explora as vidas de duas irmãs que vivem no sertão brasileiro, e a narrativa foca em suas experiências com a terra, a violência e as desigualdades raciais e sociais na região.

Vencedor dos prêmios Jabuti, Oceanos e LeYa, o baiano Itamar Vieira Júnior, de 45 anos, também é autor de “Salvar o Fogo” e “Doramar ou a odisseia: Histórias”. Itamar está na Bienal no dia 19 e 21 de junho, para dar autógrafos aos fãs e falar sobre como um romance literário pode ganhar as telas e os palcos — sua publicação mais famosa, “Torto Arado”, foi adaptado para teatro, musical e série para o serviço HBO Max.

Jeferson Tenório

"O Avesso da Pele", livro mais famoso de Jeferson Tenório, conta  a história de Pedro, que, após a morte do pai, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos (Foto: reprodução/ Jeferson Tenório via instagram)
“O Avesso da Pele”, livro mais famoso de Jeferson Tenório, conta a história de Pedro, que após a morte do pai, sai em busca de resgatar o passado da família e refazer os caminhos paternos (Foto: reprodução/ Jeferson Tenório via instagram)

Vencedor do Prêmio Jabuti de 2021 com “O Avesso da Pele”, que explora a experiência de um jovem negro na busca de entender seu passado familiar, o escritor Jeferson Tenório, de 48 anos, escreve sobre temas como racismo estrutural, violência policial, masculinidade negra e relações familiares. Nascido no Rio de Janeiro, tem formação em Letras e é professor universitário. Além do romance premiado, também publicou “De onde eles vêm”, “Estela sem Deus” e “Beijo na Parede”.

Na Bienal do Livro do Rio de Janeiro, o autor vai autografar livros no dia 19 de junho, e também participará da mesa “A palavra que nos une”, no dia 21 de junho, junto a Itamar Vieira Junior e aos escritores Mariana Carrara e Pedro Pacífico.

Lavínia Rocha

Professora e escritora, Lavínia Rocha viralizou na internet com vídeos sobre ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Na bienal do livro, apresenta o título infantojuvenil "O que você pensa quando falo África?" (Foto: reprodução/ Lavínia Rocha via facebook)
Professora e escritora, Lavínia Rocha viralizou na internet com vídeos sobre ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. Na bienal do livro, apresenta o título infantojuvenil “O que você pensa quando falo África?” (Foto: reprodução/ Lavínia Rocha via facebook)

Mineira de Belo Horizonte, a professora de história Lavínia Rocha começou a escrever ainda na adolescência e hoje é uma referência entre os autores negros da literatura juvenil. Aos 28 anos, é autora de “O mistério da sala secreta”, da trilogia “Entre 3 Mundos” e dos livros infantis “Entre, corra e pule: aventuras (nada) virtuais pela África” e “Mas Por Quê?”. Venceu o prêmio Perestroika (2022), considerada a professora mais criativa do país na educação básica, e também foi finalista do prêmio Professor Porvir (2023).

Lavínia viralizou nas redes sociais ao compartilhar vídeos sobre ensino de história e cultura afro-brasileira e africana. No final de 2022, postou um vídeo mostrando um antes e depois com seus alunos ao ensiná-los sobre África, uma postagem que viralizou e mudou completamente a sua vida profissional. Assim nasceu sua publicação mais recente, o livro ilustrado “O que você pensa quando falo África?”, que faz referência ao episódio. Na Bienal de 2025, Lavínia marcará presença com uma experiência interativa com o público sobre seu último livro, no dia 16 de junho.

Marcelo D’Salete

Quadrinista Marcelo D'Salete em bate-papo "as histórias que precisam ser contadas",, no Sesc 14 Bis (Foto: reprodução/ Marcelo D'Salete via instagram)
Quadrinista Marcelo D’Salete em bate-papo “as histórias que precisam ser contadas”, no Sesc 14 Bis (Foto: reprodução/ Marcelo D’Salete via instagram)

Premiado quadrinista paulista, Marcelo D’Salete, 46 anos, é ilustrador, professor e autor de obras sobre a cultura afro-brasileira e questões raciais, como a escravidão e a vida nas periferias. Mestre em história da arte pela Universidade de São Paulo, ele criou obras como “Cumbe”, “Angola Janga” e “Mukanda Tiodora”, que lhe renderam prêmios como Jabuti, Eisner, HQ Mix. Durante a Bienal, D’Salete participa de uma conversa sobre narrativas negras, no dia 20 de junho, acompanhado da escritora Eliana Alves Cruz.

Para saber mais sobre a programação oficial do evento, acesso o site da Bienal do Livro aqui.

 

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Ana Carolina Ferreira

Estudante de jornalismo na Universidade Federal Fluminense (UFF). Gonçalense, ou papa-goiaba, apaixonada pelas possibilidades de se contar histórias na área da comunicação. Foi estagiária na Assessoria de Comunicação do Ministério Público Federal e da UFF. Amante da sétima arte e crítica amadora do universo geek.

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