Juntando gente e fazendo acontecer

Em quatro anos, o Atados já mobilizou e ajudou 40 mil pessoas interessadas em fazer trabalho voluntário

Por Agostinho Vieira | ODS 1 • Publicada em 3 de abril de 2016 - 10:03 • Atualizada em 7 de abril de 2016 - 00:09

Hora da pintura, na revitalização de uma praça na zona oeste de São Paulo, organizada pelo Atados e pela ONG Acupuntura Urbana
Hora da pintura, na revitalização de uma praça na zona oeste de São Paulo, organizada pelo Atados e pela ONG Acupuntura Urbana

A história deles é muito parecida com a de várias outas pessoas. Talvez até com a sua. Imagine um grupo de amigos num bar, em torno de uma mesa, falando da vida, do trabalho, da faculdade, do país, do mundo e imaginando como tudo isso poderia ser diferente. Como aquela turma, junta, poderia fazer algo importante, transformador ou, simplesmente, legal. Imaginou? Você já esteve numa conversa como essa?

[g1_quote author_name=”Daniel Morais” author_description=”Um dos fundadores do Atados” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]

A gente acreditava que ia mudar o mundo. Hoje, sabemos que uma transformação em larga escala na área social depende de pequenos passos, então buscamos causar algum impacto naquilo que alcançamos. Pensávamos que seria tudo on-line, agora sabemos que é preciso ir para a rua, fazer acontecer.

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Pois é. A diferença é que os papos de Luis Madaleno, Bruno Tataren, Daniel Morais, João Paulo Padula e André Cervi não acabaram em pizza. Ou não apenas em pizza. Foram adiante, ganharam adeptos, voluntários e hoje fazem diferença na vida de centenas de ONGs e milhares de pessoas. Eles são os criadores do Atados, uma plataforma on-line que tem como principal objetivo criar um elo entre pessoas que queiram fazer trabalho voluntário e organizações não-governamentais que precisam de ajuda.

Hoje, os cinco ex-estudantes de administração da Universidade de São Paulo (USP) – e todos que vieram depois – fazem bem mais do que isso. Eles ajudam refugiados a conseguir emprego, se envolvem com hortas comunitárias, empoderamento feminino e até ajudaram a animar o casamento da Isabel e do Agenor (veja o vídeo no final do texto). Eles fazem jus ao slogan que os acompanha desde 2012: “Juntando gente boa”.

Daniel Morais, que veio para o Rio em novembro do ano passado para lançar o Atados na cidade, conta que no início eles achavam que o trabalho seria todo on-line, que poderiam ficar viajando num trailer pelo mundo e fazendo a conexão entre ONGs, empresas e pessoas digitalmente: “A gente acreditava que ia mudar o mundo. Hoje, sabemos que uma transformação em larga escala na área social depende de pequenos passos, então buscamos causar algum impacto naquilo que alcançamos. Pensávamos que seria tudo on-line, agora sabemos que é preciso ir para a rua, fazer acontecer”.

Crianças se abraçam durante uma ação com voluntários de empresas organizada pelo Atados em uma creche de São Paulo

O site do Atados permite que o usuário crie um perfil e busque oportunidades de voluntariado de acordo com suas habilidades, causas que defende e região onde quer atuar. Eles começaram visitando 70 ONGs de São Paulo e enfrentando alguma dificuldade por conta do perfil jovem e sonhador do grupo. O respeito, a admiração e o crescimento vieram com o tempo. Sem cobrar nada por isso, eles ajudam as organizações a captar voluntários – alguns que eles nem sabiam que precisavam -, oferecem palestras, apoio e assessoria.

O Atados se mantém com recursos das empresas privadas que querem se aproximar das ONGs e incentivar o voluntariado. No início, conta Daniel, foi tudo mundo difícil e eles viviam de “macarrão com atum”, quase sem recursos para pagar a conta. Mas a vida mudou, e o grupo conseguiu fechar o ano de 2015 com um faturamento de R$ 1 milhão, dinheiro que paga todas as ações do grupo e remunera seis pessoas do Rio, seis em Brasília e os 22 de São Paulo.  Nesse período, 40 mil abnegados já procuraram o Atados em busca de um trabalho voluntário, 600 ONGs foram atendidas e 35 empresas se envolveram no projeto. Eles também acham que o mundo pode ser mais criativo, tolerante e generoso. Juntando gente e fazendo acontecer.

Agostinho Vieira

Formado em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ. Foi repórter de Cidade e de Política, editor, editor-executivo e diretor executivo do jornal O Globo. Também foi diretor do Sistema Globo de Rádio e da Rádio CBN. Ganhou o Prêmio Esso de Jornalismo, em 1994, e dois prêmios da Society of Newspaper Design, em 1998 e 1999. Tem pós-graduação em Gestão de Negócios pelo Insead (Instituto Europeu de Administração de Negócios) e em Gestão Ambiental pela Coppe/UFRJ. É um dos criadores do Projeto #Colabora.

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