O Brasil não está mais no Mapa da Fome, de acordo com anúncio feito pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO/ONU) nesta segunda-feira (28/07) em Adis Abeba, Etiópia. O resultado reflete a média trienal 2022/2023/2024, que colocou o país abaixo do patamar de 2,5% da população em risco de subnutrição ou de falta de acesso à alimentação suficiente. “Sair do Mapa da Fome era o objetivo primeiro do presidente Lula ao iniciar o seu mandato em janeiro de 2023. A meta era fazer isso até o fim de 2026”, lembrou o ministro do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Wellington Dias.
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A antecipação do objetivo foi alcançada em apenas dois anos, tendo em vista que 2022 foi um período considerado crítico para a fome no Brasil. “Uma conquista histórica que mostra que, com políticas públicas sérias e compromisso com o povo, é possível combater a fome e construir um país mais justo e solidário”, postou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas redes sociais.
Os dados constam no relatório ‘O Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo 2025’ (SOFI 2025) lançado pela FAO durante a 2ª Cúpula de Sistemas Alimentares da ONU (UNFSS+4) que vai até esta terça (29/07) na capital da Etiópia. Na apresentação do documento, Máximo Torrero, economista chefe da FAO, destacou o Brasil como exemplo de avanço. “Em primeiro lugar, houve um grande foco no apoio às populações mais vulneráveis. Países como o Brasil e o México implementaram programas sociais impactantes, incluindo transferências condicionais de renda e iniciativas de alimentação escolar”, disse. “Esses programas provaram ser altamente eficazes para evitar que indivíduos vulneráveis caiam ainda mais na pobreza, por meio de uma… de uma melhor distribuição de renda”, acrescentou.
Torrero lembrou ainda que as nações sul-americanas fizeram investimentos substanciais no aumento da produção e da eficiência agrícola. O Brasil, o Uruguai e o Paraguai são os principais exportadores globais de cereais, aumentando significativamente a disponibilidade de alimentos em nível local e internacional”, completou o economista da FAO.
O ministro Wellington Dias afirmou que a Brasil do Mapa da Fome é resultado de decisões políticas do governo brasileiro que priorizaram a redução da pobreza, o estímulo à geração de emprego e renda, o apoio à agricultura familiar, o fortalecimento da alimentação escolar e o acesso à alimentação saudável. “Mostramos que, com o Plano Brasil Sem Fome, muito trabalho duro e políticas públicas robustas, foi possível alcançar esse objetivo em apenas dois anos. Não há soberania sem justiça alimentar. E não há justiça social sem democracia”, enfatizou.
Esta é a segunda vez que o Brasil, sob a presidência de Lula, deixa o Mapa da Fome: a primeira foi em 2014, após 11 anos de políticas públicas com foco na redução da insegurança alimentar. No entanto, a partir de 2018, o desmonte de programas sociais fez o Brasil retroceder e, com a pandemia de covid-19, retornar ao Mapa da Fome no triênio 2018/2019/2020.
O Ministério do Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, lembrou que, em dois anos de governo, o Brasil teve “reduções históricas” da insegurança alimentar grave e da pobreza. De acordo com comunicado do ministério após o anúncios da FAO, os números nacionais da fome, captados por meio da aplicação da Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (EBIA) nas pesquisas do IBGE, mostraram que, até o final de 2023, o país retirou cerca de 24 milhões de pessoas da insegurança alimentar grave.
O governo divulgou outros dados: em 2023, o país reduziu a pobreza extrema a 4,4%, um mínimo histórico, refletindo a retirada de quase 10 milhões de pessoas em relação a 2021; em 2024, a taxa de desemprego chegou a 6,6%, a menor desde 2012; o rendimento mensal domiciliar per capita bateu recorde, chegando a R$ 2.020; e o índice de Gini, que mede a desigualdade, recuou para 0,506 — menor resultado da série histórica.
Para o ministério, a queda da desigualdade reflete a dinâmica do mercado de trabalho, com a recuperação gradual do emprego e o aumento da formalização. “Essa vitória é fruto de políticas públicas eficazes, como o Plano Brasil Sem Fome que engloba o Bolsa Família, o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Cozinha Solidária, a valorização do salário mínimo, crédito para a produção de alimentos pela agricultura familiar (PRONAF), incentivo à qualificação profissional, ao emprego e ao empreendedorismo, além do incremento da alimentação escolar. Todas as políticas sociais trabalhando juntas para ter um Brasil sem fome e soberano”, afirmou Wellington Dias.
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Veja o que já enviamosOs dados oficiais mostram ainda que, em 2024, a renda do trabalho dos 10% mais pobres do Brasil cresceu 10,7%. E o ritmo desse crescimento foi 50% maior do que o verificado entre os 10% mais ricos. A renda do trabalho subiu, em média, 7,1% no ano. De acordo com informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), das 1,7 milhão de vagas com carteira assinada criadas no Brasil em 2024, 98,8% foram ocupadas por pessoas cadastradas no Cadastro Único do Governo Federal. Entre os contratados, 1,27 milhão (75,5%) eram beneficiários do Bolsa Família. Com aumento de renda ao conquistar um emprego estável ou uma melhor condição financeira como empreendedores, cerca de um milhão de famílias superaram a pobreza e deixaram de receber o benefício do Bolsa Família em julho de 2025.