ODS 1
Laboratório vivo de sustentabilidade
Sinal do Vale
Numa antiga fazenda de café no Vale do Rio Santo Antônio, em Duque de Caxias, jovens estudantes e professores do mundo todo arregaçam as mangas e, junto com a população local, trabalham a terra e cultivam a sustentabilidade. A uma hora do centro do Rio de Janeiro, em plena Mata Atlântica, a área de 200 hectares é, desde 2012, a sede do Sinal do Vale.
Segundo Thais Corral, empreendedora social e fundadora da ONG, o Sinal é um laboratório vivo de transição para comunidades resilientes. “Resiliência é uma nova forma que nós temos de chamar a sustentabilidade: é abraçar as mudanças a partir dos recursos disponíveis. No Sinal do Vale, tratamos de problemas complexos de forma simples, dando soluções viáveis a partir destes recursos”, explica.
Em suas hortas orgânicas, baseadas na agroecologia, voluntários dos mais diferentes sotaques, lado a lado com agricultores brasileiros, produzem alimentos saudáveis e exploram novas formas de cultivo. Há, ainda, experiências de bioconstrução, com materiais abundantes no local, como argila e bambu. Utilizando métodos ecológicos, já foram desenvolvidos e construídos, por exemplo, banheiros secos, estufas, sistemas de compostagem e fogões a lenha.
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Veja o que já enviamos[g1_quote author_name=”Thais Corral” author_description=”fundadora da ONG Sinal do Vale” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]
Mais do que uma fazenda de produção agroecológica, somos uma incubadora de projetos de soluções para aquela região. São projetos de educação, agricultura, restauração, entre outros
[/g1_quote]Na subida da Serra do Mar, o Sinal está situado no Cinturão Verde do Estado do Rio. Com a ajuda de moradores locais, da comunidade de Santo Antônio da Serra, outra atividade da ONG é registrar plantas medicinais nativas da Mata Atlântica, valorizando o conhecimento tradicional e contribuindo para a preservação da biodiversidade. Alunos de escolas públicas da região também frequentam a fazenda, para brincar e aprender sobre solo, água, espécies nativas e formas de cultivo inovadoras.
“Mais do que uma fazenda de produção agroecológica, somos uma incubadora de projetos de soluções para aquela região. São projetos de educação, agricultura, restauração, entre outros”, detalha Thais. De fato, na busca por maneiras de construir um futuro sustentável, o Sinal lida diariamente com os desafios da gestão de resíduos, do tratamento de água potável e da falta de infraestrutura urbana adequada na comunidade local, de baixa renda, onde moram 10 mil pessoas.
Cinturão verde
Associada a várias outras ONGs ambientalistas, o Sinal do Vale faz parte da iniciativa Cinturão Verde, que busca preservar e recuperar as bacias hidrográficas e a biodiversidade da Mata Atlântica, com a restauração da floresta. O objetivo é criar um extenso corredor de natureza no entorno da Baía de Guanabara, de forma a conter a pressão urbana da Região Metropolitana do Rio, com seus oito milhões de habitantes. Espera-se, ainda, restaurar as fontes de água em risco e criar oportunidades de geração de renda através do ecoturismo.
Sinal, ensina Thais, quer dizer ‘Sincronicidade, Inovação e Alegria’. A ONG é membro da Initiative Long Run, promovida pela Fundação Zeitz, que tem a filosofia de “abraçar a sustentabilidade através do equilíbrio dos 4 Cs (Conservação, Comunidade, Cultura e Comércio)”. O site da entidade é bilíngue (português e inglês).
“Nossos recursos vêm de três formas: doações (40%), iniciativas de geração de renda próprias (30%) e financiamento da própria organização (30%)”, afirma Thais. O Sinal aluga espaço para eventos e dá cursos, como as Jornadas de Aprendizagem sobre sustentabilidade e o Curso de Gestão Regenerativa da Paisagem. A ONG não faz prestação de contas no site, mas publica balanço anualmente.
Cereja do bolo
A cereja no bolo é o programa para universitários que buscam uma experiência de imersão em sustentabilidade. É nela que os alunos trabalham nas hortas, plantam árvores e ajudam a comunidade local, morando na fazenda por períodos que variam de três meses a dois anos.
Desde sua fundação, o Sinal já recebeu mais de 300 voluntários. Atualmente, está com oito, entre eles Katie Weintraub, americana. “Existem muitos jovens como eu no mundo, que querem fazer a diferença para comunidades, mas não têm habilidades práticas. Contam somente com a experiência teórica das universidades. Num lugar como o Sinal, você trabalha com pessoas de realidades totalmente diferentes, você suja suas mãos na terra, mobiliza recursos e pessoas”, entusiasma-se.
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Fernanda Portugal é carioca, formada em Jornalismo pela Escola de Comunicação da UFRJ. Já foi editora de Saúde, Mundo, Meio Ambiente e Cidade do jornal 'O Dia'. Como repórter, no mesmo jornal, fazia matérias com temas ligados aos Direitos Humanos e ganhou o Prêmio SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa) três vezes.