O poder das microdoações

Movimento Arredondar

Por Michele Miranda | Mapa das ONGsODS 10 • Publicada em 5 de maio de 2017 - 17:30 • Atualizada em 3 de setembro de 2017 - 01:18

Moeda brasileira. Vanderlei Almeida/ AFP
Moeda brasileira. Vanderlei Almeida/ AFP
Se a conta custa R$ 19,90, o cliente pode pedir para arredondar para R$ 20. Os R$ 0,10 centavos vão para o Movimento Arredondar. (Foto de Vanderlei Almeida/ AFP)

Já imaginou que os centavos que você joga na sua bolsa, assim meio sem importância, após receber um troco, podem significar e muito para algumas pessoas? A ideia de que as moedinhas não valem muito isoladamente, mas que reunidas podem ser um tesouro, levou o economista Ari Weinfeld e um conselho formado por dez empresários e empreendedores sociais a criarem o Movimento Arredondar, que hoje arrecada cerca de R$ 45 mil por mês – de centavo em centavo, as microdoações estão engordando o caixa de dezenas de ONGs.

“Transformamos o simples conceito de arredondar os centavos em uma iniciativa capaz de mobilizar o varejo que recebe milhões de clientes por dia, aproximar doadores e projetos sociais, e beneficiar organizações que estão alinhadas a causas urgentes e relevantes”, explica a colaboradora Maria Bresser. “O valor arredondado é repassado para nós e o distribuímos trimestralmente para as organizações credenciadas. Elas prestam contas do repasse e acompanhamos sua evolução”. 

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O dinheiro doado é repassado para entidades alinhadas com os Objetivos do Milênio das Nações Unidas (ONU).

Para contribuir basta conferir aqui (http://www.arredondar.org.br/quem-arredonda/) as marcas que estão cadastradas no projeto e, ao pagar, pedir para arredondar o valor de sua compra, com o objetivo de doar o que viria de troco. A lista lista inclui Carinhoso, Cori, Crocs, Emme, Giraffas, Grifer, Havaianas, Koni, Lilica, Luigi Bertolli, Malwee, Meggashop Outlet, Mercatto, Mini Mercado Extra, Pão de Açúcar Minuto, MMartan, NK, Offashion, Paypal, Puket, Scene, Spoleto, Timberland e Track&Field, entre outras. Por exemplo, se sua conta custa R$ 19,90 e você pede para arredondar para R$ 20, esses R$ 0,10 centavos vão para o Movimento Arredondar, que repassará a verba às instituições. O movimento nasceu em São Paulo e foi replicado no Rio pelas empresas parceiras.

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Transformamos o simples conceito de arredondar os centavos em uma iniciativa capaz de mobilizar o varejo, que recebe milhões de clientes por dia, aproximar doadores de projetos sociais, e beneficiar organizações que estão alinhadas a causas urgentes e relevantes

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“Para serem beneficiadas, as organizações passam por várias etapas. Primeiro, é feita uma avaliação de documentos. No segundo momento, as organizações respondem a um questionário sobre sua atuação, e partimos para uma visita técnica. Conhecemos de perto a operação de cada organização”, diz Maria. “Não apoiamos institutos empresariais, nem organizações religiosas, e também avaliamos os resultados alcançados, composição do time, existência de conselhos e outros parceiros. Todas devem ser idôneas e não podem ser vinculadas a partidos políticos”.

Já as lojas e restaurantes que quiserem participar devem procurar o Movimento Arredondar para implementar o sistema e oferecer para os seus clientes a opção de arredondamento. É o projeto quem cuida da implantação com todo o suporte tecnológico, tributário e legal necessários. Além disso, também é possível ajudar sendo um voluntário, em alguma das diversas frentes do movimento. Para isso, basta entrar em contato através do e-mail: quero@arredondar.org.br

Apesar do volume de arrecadação, que já serve como motivo de comemoração, e do número de empresas interessadas em participar do projeto, as dificuldades existem. O maior desafio, segundo os criadores do Movimento, foi não prejudicar a fluidez no andamento das vendas no dia a dia, além de facilitar a burocracia tributária que esses centavos a mais pudessem representar.

“Nós nos debruçamos sobre as frentes tributárias e tecnológicas, com inúmeros parceiros, para garantir uma operação com todo monitoramento e que não causasse nenhum transtorno na operação do varejista. Desenvolvemos toda uma forma de selecionar organizações sociais. E fizemos isso a partir de uma escuta profunda sobre os desafios que as organizações apresentam”, finaliza Maria.

Michele Miranda

É jornalista formada pela PUC-Rio. Há três anos se divide entre Rio de Janeiro e São Paulo, dependendo de onde esteja a notícia. Já trabalhou em "O Globo", no "G1", na TV Globo. Buscando entender as transformações pelas quais a mídia está passando, trabalhou na Artplan como coordenadora de conteúdo, aliando jornalismo à publicidade.

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