ODS 1
A união faz a força na luta contra o câncer de mama
Fundação Laço Rosa
Durante o mês de outubro, monumentos, prédios públicos, pontes e teatros de todos os cantos do mundo são iluminados de rosa. É o ‘Outubro Rosa’, uma charmosa e eficiente forma de chamar a atenção para a importância da prevenção e tratamento precoce do câncer de mama. Mas para um grupo de voluntários brasileiros, todo dia é dia de fazer campanha de esclarecimento sobre a doença. Eles integram a Fundação Laço Rosa, projeto que nasceu em 2010, quando três irmãs decidiram ajudar e orientar pessoas com a doença.
O objetivo é não só esclarecer sobre o câncer de mama, mas, sobretudo, influenciar nas políticas públicas do país. Por isso, foram criados a Frente Estadual de Combate ao Câncer de Mama e o Fórum de Políticas para o Câncer de Mama. Ambos facilitam o acesso a informações sobre a prevenção e o tratamento adequado do câncer de mama. Desde que foi criada, a Fundação Laço Rosa vem se dedicando a alertar e apresentar sugestões para diminuir a disparidade no acesso ao diagnóstico e ao tratamento da doença no país.
Diagnóstico precoce
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Veja o que já enviamosSegundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de mama é o tipo que mais atinge as mulheres no mundo e no Brasil, depois do de pele não melanoma. A estimativa é de que 58 mil novos casos tenham sido registrados no país em 2016. Nada menos que 14.388 pessoas morreram por causa da doença, em 2013, sendo 14.206 mulheres. Homem também tem câncer de mama – é raro, algo em torno de 1% dos casos registrados, mas eles também morrem por causa da doença.
[g1_quote author_name=”Marcelle Medeiros” author_description=”fundadora da Fundação Laço Rosa” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]O problema é que os casos chegam em estágio avançado. Essa é uma das causas de o índice de mortalidade ser tão alto
[/g1_quote]Apesar da estatística de óbitos ser elevada, a probabilidade de cura é de 95%, se o diagnóstico for feito precocemente. “O problema é que os casos chegam em estágio avançado. Essa é uma das causas de o índice de mortalidade ser tão alto”, adverte Marcelle Medeiros, uma das fundadoras da Laço Rosa. O auto-exame, onde a própria mulher, seja no banho ou em frente ao espelho, pode notar alterações nos seios, é importante, “mas não é ferramenta de diagnóstico. É necessário fazer mamografia, ultrassom e exames clínicos”, diz Marcelle.
Políticas públicas
Além de promover debates e palestras em todo o país, a Fundação Laço Rosa, desde o ano passado, realiza o Fórum de Políticas para o Câncer de Mama, reunindo especialistas, tanto do segmento médico quanto do político, e representantes da sociedade civil, para debater o incremento de políticas de prevenção e tratamento. Uma nova edição do evento está prevista para o dia 25 de maio. “Percebemos que havia uma lacuna: o Rio de Janeiro, o segundo maior estado brasileiro, não tinha voz representativa para brigar contra o câncer de mama, na ótica do paciente, nas esferas públicas. Sentimos necessidade de começar a construir essa voz e de juntar as instituições existentes para somar no discurso”, explicou Marcelle. A Fundação criou, então, um núcleo de advocacy.
[g1_quote author_name=”Marcelle Medeiros” author_description=”Fundação Laço Rosa” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Em tempos de saúde colapsada, é fundamental que os governantes saibam que tem gente fiscalizando, no pé, olhando as contas, reclamando os direitos. Esta é a nossa proposta com esse núcleo. Nos Estados Unidos e na Europa, as associações de pacientes têm uma força gigante. E é através das ações de advocacy que elas participam das decisões que envolvem a saúde
[/g1_quote]“Em tempos de saúde colapsada, é fundamental que os governantes saibam que tem gente fiscalizando, no pé, olhando as contas, reclamando os direitos. Esta é a nossa proposta com esse núcleo. Nos Estados Unidos e na Europa, as associações de pacientes têm uma força gigante. E é através das ações de advocacy que elas participam das decisões que envolvem a saúde”, defende. Ela lembra que é fundamental ouvir o paciente, entender suas angústias, seus anseios, dúvidas, expectativas, tristezas e alegrias, para dar a ele um tratamento digno.
Oficialmente, a Fundação Laço Rosa foi criada em 19 de abril de 2011, mas as irmãs Aline, Andrea e Marcelle iniciaram sua missão no ano anterior. Logo após decidirem pela criação da entidade, Aline morreu. De câncer. Ela havia descoberto a doença em 2007, quando estava grávida. Foram três anos de luta. Sua garra e bravura inspiraram as irmãs a prosseguirem na longa jornada. Do começo traumático, a entidade cresceu e passou a ter relevância nacional.
Em 2011, a Fundação Laço Rosa lançou um programa de doação de perucas pela internet: o Banco de Perucas On Line. O site também incentiva a doação de cabelos. Foram tantas doações que a iniciativa virou um projeto: o Força na Peruca, que trabalha com capacitação de moradores de área de risco social para formar peruqueiros. No programa, os alunos têm contato direto com pacientes e passam a entender, na prática, a importância do que aprendem.
O projeto chamou a atenção de gigantes do setor farmacêutico, como a Farmoquímica. A empresa passou a patrocinar o programa e mantém a campanha de doação de cabelos, destinados a uma instituição com aval da Sociedade Brasileira de Dermatologia. O Força na Peruca também ganhou a simpatia do governo australiano, que, a partir deste ano, vai financiar o programa, o que acarretará em visitas a cinco cidades brasileiras. A estilista venezuelana, radicada no Estados Unidos, Carolina Herrera é outra patrocinadora. A meta é formar 100 alunos e uma rede de peruqueiros pelo país.
Ah, o filho da Aline nasceu saudável! Hoje é um meninão que vai completar 10 anos.
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Wilson Aquino é repórter e autor do livro Verão da Lata (editora Leya)