Arte: instrumento de transformação

Aula de teatro na Associação Acorde, em Embu

Associação Acorde

Por Felipe Porciuncula | Mapa das ONGsODS 10 • Publicada em 14 de julho de 2016 - 08:00 • Atualizada em 3 de setembro de 2017 - 01:21

Aula de teatro na Associação Acorde, em Embu
Aula de teatro na Associação Acorde, em Embu
Alunos de teatro da Associação Acorde

Houve um tempo em que um dos maiores problemas da educação no país era o fato de não ter escolas suficientes para todas as crianças. Hoje, apesar da rede pública ainda não ter um nível de excelência desejado, uma das maiores necessidades, principalmente para as famílias, é ocupar o tempo dos seus filhos com atividades complementares fora do horário escolar.

“Passamos seis anos pesquisando o que de fato podíamos contribuir no desenvolvimento das crianças e jovens da região. Inicialmente o objetivo era criar uma escola, mas aos poucos percebemos que a oferta de atividades culturais ocuparia uma lacuna muito maior”, afirma Joana Mortari, diretora de Desenvolvimento Institucional da Associação Acorde.

Bancada inicialmente com recursos de uma família (que prefere ficar em sigilo), a instituição vem, a cada ano, procurando diversificar suas fontes de recursos. Hoje, metade do seu orçamento tem origem em doação de pessoas físicas e de captação com empresas, que investem em marketing de causa.

Fundada em 2001, a Acorde começou suas ações educativas em 2007 na cidade de Embu das Artes, na Região Metropolitana de São Paulo, na comunidade de Jardim São Tomé, próxima da divisa com Cotia, um bairro de alta vulnerabilidade social(que tem como principais problemas a segurança e a falta de rede pública de saúde). Por sua vocação de pólo cultural, “Embu inspira nos jovens uma natural vontade de mexer com expressões artísticas”, lembra Joana.

Nesses nove anos já fizeram 135 mil atendimentos. As 250 crianças e jovens recebem duas refeições diárias. Mensalmente, cerca de 4.700 jovens fazem algum tipo de atividade, nos três programas: Brincarte, Cativarte e Centro Cultural Comunitário. A proposta é que o participante possa definir a partir de uma descoberta própria qual a atividade que mais permite o seu desenvolvimento pessoal, de forma livre, com o apoio de um educador, que o acompanha em  todo o processo.

No Brincarte são 75 crianças, de 6 a 8 anos. A garotada é dividida em três grupos no contra turno escolar. Começam a entrar no universo da imaginação através de contação de histórias, instrumentos musicais e brincadeiras de roda.

Aula de culinária na Associação Acorde

O próximo passo é o Cativarte, onde cerca de 125 jovens, entre 9 e 17 anos, já começam a fazer oficinas de Papelada (artes plásticas); Culinarte (culinária); Capoeira; Teatro; Canto do Canto (violão); Acorde Dante em Foco (comunicação); e AcorDante(vivências). É onde eles começam a despertar para o fazer artístico. “Como estamos sintonizados com a liberdade do olhar, o próprio participante define seus conteúdos. É por isso, que algumas vezes, chegamos a ser vistos pela  comunidade com uma certa desconfiança. É como se não tivéssemos preocupados como a formalização do aprendizado”, comenta Joana.

O projeto pedagógico dos Programas Cativarte e Brincarte foi elaborado pelas educadoras Gisa Picosque e Mica Ribeiro com ênfase na formação cultural, na formação da sociabilidade e na formação cognitiva, criativa e expressiva. Cada formação tem como bússola metodológica diferentes procedimentos pensados para mover uma experiência formativa com as crianças e jovens.

Para se aproximar mais da comunidade, a Associação Acorda vislumbrou a oportunidade de ter um vínculo maior com as famílias. Em 2014, surgiu o Centro Cultural Comunitário com o atendimento de 120 pessoas por dia, realiza atividades para a comunidade a ocupar, cuidar e se sentir parte da Acorde. Através de atividades como maquiagem; percussão; danças e ritmos; alemão; karatê; capoeira e informática. Conta com o apoio da Prefeitura de Embu das Artes, no  no programa Segundo Tempo, do Ministério do Esporte, e de voluntários, os quais partilham seus saberes em oficinas abertas e eventos.

Felipe Porciuncula

Jornalista com 25 anos de estrada. Passou pelas redações de Jornal do Comercio, TV Pernambuco, Valor Econômico e GloboNews. Faz parte da Ashoka Society, onde teve apoio para seu projeto Agência Popular de Notícias. Foi consultor da Unicef e da Unesco. Editou o livro “Guia para o amanhã: sustentabilidade e mudanças climáticas”, publicado pela editora Senac (finalista do Prêmio Jabuti 2010). Adora cinema e viajar. Escreve ficção. Gosta muito de estudar a ciência da política.

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