ODS 1
Tecnologia sem preconceito
ADEVA - Associação de Deficientes Visuais
Este ano faz 25 anos da lei que obriga as empresas a ter 5% dos funcionários com alguma deficiência. Só que isso está longe de ser uma realidade no país. “Claro que algumas delas têm essa preocupação e até contratam além da cota, mas são casos raros”, afirma Markiano Cheran, presidente da Associação dos Deficientes Visuais e Amigos (Adeva). A organização surgiu em 1978, a partir da iniciativa de um grupo de amigos que já apoiavam a causa, mas sentiam falta de uma estrutura institucional. A entidade surgiu justamente para proporcionar acessibilidade ao mundo do trabalho.
[g1_quote author_description=”Markiano Cheran, presidente da Adeva” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]Não podemos nos esquecer que, apesar da tecnologia, o braile é a nossa referência de linguagem. O computador não o substitui
[/g1_quote]Tudo começou com cursos com linguagem COBOL, adaptadas para os cegos. Hoje, a entidade conta com cursos para deficientes visuais nas áreas de marketing, línguas, educação para o trabalho, além de uma gráfica que produz cardápios, relatórios e manuais, tudo em braile. “Não podemos nos esquecer que apesar da tecnologia, o braile é a nossa referência de linguagem. O computador não o substitui”, enfatiza Cheran.
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Veja o que já enviamosUm dos alunos foi Laercio Santana na turma de 1988. Na época, ele era músico e chegou a tocar com as duplas sertanejas Leandro e Leonardo e Zezé de Camargo e Luciano. “Fui convidado e resolvi conhecer melhor. Era um curso para trabalhar com grandes computadores. Em 2000, passei a me dedicar à essa profissão e estou, há 28 anos, trabalhando na área”, conta Santana, que é analista de sistemas da Prodam (Empresa de Tecnologia da Informação e Comunicação do Município de São Paulo).
Um dos grandes investimentos da Adeva é desenvolver plataformas em TI. Recentemente, criou junto com dois parceiros a E-HiperMedia e Web2Business, o portal de serviços Acesso para Todos, que oferece soluções de acessibilidade em vários formatos. Um dos principais exemplos é o site de compras online para deficientes visuais desenvolvido para a Gol Linhas Aéreas, onde são oferecidos serviços nas áreas de coerência e compreensão do conteúdo com a utilização de leitores de tela; opção de contraste de cores; alternância de tamanho da fonte; navegação por meio do teclado; alternativas de conteúdo como, por exemplo, vídeos em libras e criação de textos ajustados à linguagem das mídias digitais.
“É importante dizer que os cegos são apenas limitados. Se você permite adaptações na sua vida profissional, ele pode exercer sua profissão, ele se desenvolve como qualquer pessoa. Se uma empresa apoia um funcionário com recursos para ele cursar um MBA, porque não fazer isso para adaptar programas de acessibilidade?”, questiona Cheran, que promete para um futuro próximo a criação de aplicativos para celulares.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), existem no mundo quase 1 bilhão de pessoas com alguma deficiência. No Brasil, o ultimo Censo de 2010 apontou 45 milhões de pessoas. “Apesar das dificuldades, muita coisa melhorou e ficou mais acessível para os cegos”, lembra Santana.
Um dos problemas enfrentados é a falta de preparo dos departamentos de recursos humanos sobre a real capacidade dos cegos. “Eles não conseguem enxergar que a diferença não é uma barreira e que, se bem aproveitado, esses profissionais podem ter um desempenho de alta performance”, conclui Cheran.
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Jornalista com 25 anos de estrada. Passou pelas redações de Jornal do Comercio, TV Pernambuco, Valor Econômico e GloboNews. Faz parte da Ashoka Society, onde teve apoio para seu projeto Agência Popular de Notícias. Foi consultor da Unicef e da Unesco. Editou o livro “Guia para o amanhã: sustentabilidade e mudanças climáticas”, publicado pela editora Senac (finalista do Prêmio Jabuti 2010). Adora cinema e viajar. Escreve ficção. Gosta muito de estudar a ciência da política.