ODS 1
Velocidade do aquecimento surpreende cientistas
Em Junho, recorde histórico de calor foi batido pelo 14º mês consecutivo
O assunto é tão urgente que fez parte da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos, no Maracanã. A velocidade do aquecimento global preocupa cientistas do munto inteiro. O planeta vem esquentando no último século e meio, mas o aumento de temperaturas não é constante ano a ano. Na verdade, é superposto com a variabilidade que pode fazer com que o sinal do aquecimento desapareça ou acelere por décadas.
É justamente este o argumento usado pelos céticos da mudança do clima, que atribuem o fenômeno apenas à variabilidade, e não à queima desenfreada de combustíveis fósseis. Mas não é o que prova estudo publicado recentemente na Nature Geosciences e relatado pelo Niskan Center.
[g1_quote author_name=”David Carlson” author_description=”Diretor da Organização Meteorológica Mundial (OMM)” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]‘O que mais me preocupa é que não antecipamos estes saltos em temperatura”, disse David Carlson, diretor do programa de pesquisa do clima da OMM. “Previmos um calor moderado para 2016, mas nada do que estamos observando”
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Veja o que já enviamosOs céticos dizem que os estudos de variabilidade não são levados em conta pela comunidade da ciência do clima. Mas este estudo considera a variabilidade e descobre justamente o oposto. Basicamente, todo o aumento de temperaturas no século 20 pode ser atribuído a mudanças nos fatores externos que afetam o clima, e as influências humanas são dominantes.
Isto é mais um reforço ao que já se sabia. No entanto, o calor na primeira metade deste ano pegou os cientistas de surpresa, de acordo com o World Climate Research Programme.
A mudança do clima parece estar acelerando, e junho foi o 14º mês seguido a bater um recorde de calor, segundo a Organização Meteorológica Mundial (OMM). Os indicadores que apontam o problema são principalmente temperaturas registradas no hemisfério norte, juntas com um derretimento rápido e prematuro do gelo do Ártico e níveis mais altos de aprisionamento de gases de efeito estufa na atmosfera.
‘O que mais me preocupa é que não antecipamos estes saltos em temperatura”, disse David Carlson, diretor do programa de pesquisa do clima da OMM. “Previmos um calor moderado para 2016, mas nada do que estamos observando”, afirmou ele à Thomson Reuters Foundation. O cientista nota que aumentos súbitos de temperatura podem colocar em risco pessoas, animais e sistemas hídricos. Além disso, as pessoas combatem o calor usando ar condicionado, o que consome mais energia e provoca mais aquecimento.
Cientistas têm expressado a preocupação com eventos que poderiam aumentar dramaticamente a taxa de aquecimento, relata o Independent. O derretimento do gelo nos polos, por exemplo, reduz a quantidade de luz refletida com água mais escura ou com a terra absorvendo mais da energia do sol, o que teria um possível efeito catastrófico.
Enquanto isso, a mudança do clima começa também a provocar paranoia. Se houver catástrofe não será para já, mas uma pesquisa feita pela Universidade Yale mostra que um em cada sete americanos acreditam que o aquecimento global seja um sinal do apocalipse.
Os pesquisadores perguntaram a mais de 1.200 adultos suas crenças religiosas com relação ao apocalipse e descobriram que 4% acreditam que o aquecimento global é “definitivamente” um sinal, enquanto outros 10% acreditam que “provavelmente” seja. Dezoito por cento afirmaram não estarem certos se o aquecimento significava a proximidade do fim dos tempos. Mas 9% acham que o apocalipse virá em seus tempos de vida.
“Para um número significativo de americanos, a realidade, causas e significado do aquecimento são vistos através das lentes de suas crenças religiosas”, diz o Programa de Comunicação da Mudança do Clima da universidade, informa o Daily Caller. “Alguns rejeitam a evidência de que os humanos estejam causando o aquecimento por acreditarem que Deus controla o clima. Outros acham que a mudança do clima é uma evidência de que o fim está próximo”.
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Jornalista com passagens por publicações como Exame, Gazeta Mercantil, Folha de S. Paulo. Criador da revista Bizz e do suplemento Folha Informática. Foi pioneiro ao fazer, para o Jornal da Tarde, em 1976, uma série de reportagens sobre energia limpa. Nos últimos anos vem se dedicando aos temas ligados à sustentabilidade.
A gravidade dos fatos é muito maior do que tudo o que foi previsto, no entanto, a sociedade segue tocando a vida como se nada estivesse ocorrendo. Parece que vamos precisar de muitas mais calamidades irreversíveis para despertar. A grande incógnita é sobre a possibilidade de refrear ou reduzir a velocidade dos acontecimentos já em curso.