ODS 1
Da Índia aos EUA, as desigualdades de renda entre os países do G20
Fórum que se reunirá no Rio em novembro representa 80% do PIB mundial e mais de 75% do comércio internacional
O G20, ou Grupo dos Vinte, é um fórum internacional que reúne as economias mais avançadas e os grandes países emergentes do mundo para discutir e promover a cooperação em questões globais nas áreas econômica, social e ambiental. O G20 é composto por 19 países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita, Argentina, Austrália, Brasil, Canadá, China, Coreia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Indonésia, Itália, Japão, México, Reino Unido, Rússia e Turquia, além da União Europeia. A União Africana foi admitida no ano passado.
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Criado originalmente em 1999 em resposta às crises financeiras dos anos 1990, o G20 a princípio reunia os ministros das Finanças e presidentes de bancos centrais de 19 países mais a União Europeia. Com a crise financeira de 2008, as reuniões foram elevadas a nível de cúpula de chefes de Estado. A primeira Cúpula do G20 foi realizada em Washington, em novembro de 2008.
O Brasil assumiu a presidência a partir da 18ª Cúpula, realizada na Índia, em 2023. Vai exercer a presidência até 30 de novembro de 2024. Durante a presidência brasileira, o país trabalhará em estreita colaboração com a Índia (Presidência de 2023) e a África do Sul (Presidência de 2025). A 19ª Cúpula de Líderes do G20 está marcada para os dias 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro.
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Veja o que já enviamosO G20 agrega cerca de 80% de todo o Produto Interno Bruto (PIB) do planeta, 75% do comércio internacional e 60% da população mundial (com a entrada da União Africana o total populacional aumentará bastante). Mas os países do G20 são muito diferentes em termos econômicos, demográficos e religiosos, como veremos a seguir.
Os dados de população e da renda per capita, de 1980 a 2029, são do Fundo Monetário Internacional (em preços constantes em poder de paridade de compra – ppp). Os dados do IDH, referente a 2022, são do Human Development Report (UNDP, 14/03/2024). E e os dados de religião, entre 2010 e 2050, são do PEW Research. Os dados do desempenho dos países nas Olimpíadas de Paris são do Comitê Olímpico Internacional.
Estados Unidos da América (EUA)
Os EUA são o membro do G20 com maior renda per capita, que estava em US$ 31,9 mil em 1980 e deve chegar a US$ 73,2 mil em 2029 (crescimento de 130%). No mesmo período a população variou de 227,6 milhões para 347,5 milhões (crescimento de 53% entre 1980 e 2029). Portanto, a renda per capita cresceu em ritmo superior ao crescimento da população. Contudo, a despeito de ter a maior renda per capita, os EUA possuiam um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 0,927 em 2022, ocupando o 20º lugar entre os 192 países do ranking global.
No perfil religioso dos EUA, os cristãos são maioria, representavam 78,3% da população em 2010 e devem ficar com 66,4% em 2050. Sendo que na década passada os evangélicos estavam em torno de 46%, os católicos em torno de 21%. As pessoas que se declaram sem religão eram 16,4% em 2010 e devem subir para 25,6% em 2050. E as outras religiões eram 5,3% e devem passar para 8% em 2050. Portanto, os EUA são um país cristão com maioria evangélica, mas com tendência de aumento dos sem religião e da pluralidade religiosa.
Nas Olimpíadas de Paris, em 2024, os EUA ficaram em 1º lugar no quadro olímpico, com 126 medalhas no total, sendo 40 de ouro, 44 de prata e 42 de bronze.
Arábia Saudita
A Arábia Saudita é o membro do G20 com a segunda maior renda per capita, que estava em US$ 97,2 mil em 1980 e deve cair para US$ 61,9 mil em 2029 (diminuição de 36%). A queda do preço do petróleo e o alto crescimento demográfico explicam a redução da renda per capita no período. A população variou de 8,4 milhões para 37 milhões (crescimento de 339% entre 1980 e 2029). Portanto, a população saudita teve o maior crescimento demográfico entre os membros de G20 e o país foi o único a ter queda na renda per capita entre 1980 e 2029. A Arábia Saudita tem um IDH de 0,875, ocupando o 40º lugar no ranking global.
No perfil religioso da Arábia Saudita, os muçulmanos são ampla maioria da população, se mantendo sempre acima de 90%, sendo 9 em 10 pessoas sunitas e 10% xiitas. As pessoas que se declaram sem religão são menos de 1%. E as outras religiões se mantém em torno de 6% (estando presentes especialmente entre os imigrantes). Portanto, a Arábia Saudita é o país com o maior monopólio de uma única religião entre os países do G20.
Nas Olimpíadas de Paris, a Arábia Saudita, apesar de ser um país rico e relativamente grande em termos populacionais não conquistou qualquer medalha e ficou em 92º lugar (o número comum para todos os países “desmedalhados”).
Alemanha
A Alemanha é o membro do G20 com a terceira maior renda per capita, que estava em US$ 30,4 mil em 1980 e deve chegar a US$ 56,8 mil em 2029 (crescimento de 87%). No mesmo período a população variou de 76,8 milhões para 84,3 milhões (crescimento de 10% entre 1980 e 2029). O pico populacional na Alemanha será atingido em 2027, mas a renda per capita deve continuar crescendo em ritmo superior à variação da população. A Alemanha tem um IDH de 0,950, ocupando o 1º lugar entre os países do G20, mas estando no 7º lugar no ranking global.
No perfil religioso da Alemanha, os cristãos são maioria, representavam 68,7% da população em 2010 e devem ficar com 59,3% em 2050. Sendo que o grupo cristão está aproximadamente dividido ao meio entre os evangélicos e os católicos. As pessoas que se declaram sem religão eram 24,7% em 2010 e devem subir para 29,8% em 2050. Os muçulmanos eram 5,8% em 2010 e devem chegar a 10% em 2050. E as outras religiões ficam em torno de 1%. Portanto, a Alemanha deve continuar como um país majoritariamente cristão, mas com forte peso dos sem religião e uma presença muçulmana não desprezível.
Nas Olimpíadas de Paris, a Alemanha, apesar de ser o maior país europeu, ficou em 10º lugar no quadro olímpico, com 33 medalhas, 12 de ouro, 13 de prata e 8 de bronze.
Austrália
A Austrália é o membro do G20 com a quarta maior renda per capita, que estava em US$ 26,3 mil em 1980 e deve chegar a US$ 56,4 mil em 2029 (crescimento de 114%). No mesmo período a população variou de 14,8 milhões para 28,3 milhões (crescimento de 35% entre 1980 e 2029). O crescimento da renda per capita foi muito superior à variação populacional. A Austrália tem um IDH de 0,946, ocupando o 10º lugar no ranking global.
O perfil religioso da Austrália é mais diversificado, pois os cristãos que representavam mais de dois terços da população devem cair para menos de 50% em 2050, sendo que o peso de católicos e evangélicos é aproximadamente o mesmo. Os sem religão que eram pouco mais de 20% devem ultrapassar 40% em 2050. A presença de muçulmanos, budistas, hindus e outras religiões varia entre 2% e 4% do total populacional. A Austrália é uma nação bastante plural na área religiosa.
Nas Olimpíadas de Paris, a Austrália, apesar de ter uma população relativamente pequena, ficou em 4º lugar no quadro olímpico, com 53 medalhas, sendo 18 de ouro, 19 de prata e 16 de bronze.
Coreia do Sul
A Coreia do Sul é o membro do G20 com a quinta maior renda per capita, que estava em US$ 5,5 mil em 1980 e deve chegar a US$ 53 mil em 2029 (crescimento muito significativo de 865%). No mesmo período a população variou de 38,1 milhões para 51,3 milhões (crescimento de 35% entre 1980 e 2029). A Coreia do Sul já chegou ao pico populacional em 2020 e na atual década tem apresentado decrescimento demográfico com aumento da renda per capita. A Coreia do Sul tem um IDH de 0,929 (19º lugar).
A Coreia do Sul tem maioria de pessoas que se declaram sem religião (em torno de 46%). Os cristãos aparecem em segundo lugar com tendência de aumento de 29% em 2010 para 33% em 2050. Os budistas aparecem em terceiro lugar com tendência de baixa de 23% em 2010 para 18% em 2050. As outras religiões estão em torno de 2%. Não existe nenhum grupo com maioria absoluta.
Nas Olimpíadas de Paris, a Coreia do Sul ficou em 8º lugar no quadro olímpico, com 32 medalhas, sendo 13 de ouro, 9 de prata e 10 de bronze.
França
A França é o membro do G20 com a sexta maior renda per capita, que estava em US$ 28,8 mil em 1980 e deve chegar a US$ 51 mil em 2029 (crescimento de 78%). No mesmo período a população variou de 53,7 milhões para 67 milhões (crescimento de 25% entre 1980 e 2029). Portanto, a renda per capita cresceu em ritmo superior ao crescimento da população. A França tem um IDH de 0,910, ocupando o 28º lugar.
O perfil religioso da França está mudando, pois os cristãos eram maioria com 63% em 2010 e devem cair para 43% em 2050 (entre os cristãos os católicos são ampla mairoria). O grupo das pessoas que se declaram sem religião era de 28% em 2010 e deve se tornar maioria em 2050 com 44% do total populacional. Em terceiro lugar, os muçulmanos devem subir de 7,5% em 2010 para 11% em 2050. As outras religiões ficam abaixo de 2%.
Nas Olimpíadas de 2024, a França, país sede do evento, ficou em 5º lugar, com 64 medalhas, 16 de ouro, 26 de prata e 22 de bronze.
Reino Unido
O Reino Unido é o membro do G20 com a sétima maior renda per capita, que estava em US$ 23,9 mil em 1980 e deve chegar a US$ 50 mil em 2029 (crescimento de 109%). No mesmo período a população variou de 56,3 milhões para 69,7 milhões (crescimento de 24% entre 1980 e 2029). Portanto, a renda per capita cresceu em ritmo superior ao crescimento da população. O Reino Unido tem um IDH de 0,940, ocupando o 15º lugar no ranking global.
O perfil religioso do Reino Unido também está mudando, pois os cristãos eram maioria com 64% em 2010 e devem cair para 45% em 2050 (entre os cristãos os anglicanos são ampla mairoria). O grupo das pessoas que se declaram sem religião era de 28% em 2010 e deve passar para 39% em 2050. Em terceiro lugar, os muçulmanos devem subir de 4,8% em 2010 para 11% em 2050. As outras religiões ficam em torno de 4%.
Nas Olimpíadas de Paris, o Reino Unido conseguiu mais medalhas (65) do que a França, mas ficou em 7º lugar, pois teve menos medalhas de ouro (14) além de 22 de prata e 29 de bronze.
Canada
O Canadá é o membro do G20 com a oitava maior renda per capita, que estava em US$ 30,3 mil em 1980 e deve chegar a US$ 50 mil em 2029 (crescimento de 64%). No mesmo período a população variou de 24,5 milhões para 43,4 milhões (crescimento de 77% entre 1980 e 2029). Portanto, a renda per capita cresceu em ritmo inferior ao crescimento da população (a taxa de imigração é elevada no Canadá). O Canadá tem um IDH de 0,935, ocupando o 18º lugar no ranking global.
O perfil religioso do Canadá é também mais diversificado. Os cristãos canadenses (com maior peso dos católicos), representavam 70% da população em 2010 e devem cair para 60% em 2050 Os sem religão devem se manter em torno de 25% na primeira metade do século XXI. Os muçulmanos eram 2% em 2010 e devem alcançar 5,5% em 2050. Os Hindus eram 1,4% em 2010 e devem ficar com 2,6% em 2050. As outras religiões eram 3,8% em 2010 e devem ficar com 6,1% em 2050. Portanto, com o processo imigratório, a Austrália está se tornando uma nação mais plural na área religiosa.
Nas Olimpíadas de Paris, o Canada ficou em 12º lugar no quadro olímpico, com 27 medalhas no total, sendo 9 de ouro, 7 de prata e 11 de bronze.
Itália
A Itália é o membro do G20 com a nona maior renda per capita, que estava em US$ 29,8 mil em 1980 e deve chegar a US$ 47,2 mil em 2029 (crescimento de 58%). No mesmo período a população variou de 56,4 milhões para 58,2 milhões (crescimento de 3% entre 1980 e 2029). A Itália já chegou ao pico populacional em 2014 e tem apresentado decrescimento demográfico com aumento da renda per capita. A Itália tem um IDH de 0,906, ocupando o 30º lugar no ranking global.
A Itália é o país com maior proporção de cristãos da Europa. Os cristãos italianos (com grande peso dos católicos), representavam 83,3% da população em 2010 e devem diminuir um pouco para 72,8% em 2050 Os sem religão devem passar de 12,4% para 16,3% no período. Os muçulmanos eram 3,7% em 2010 e devem alcançar 9,5% em 2050. As outras religiões ficam em torno de 1%. Nas Olimpíadas de Paris, a Itália ficou em 9º lugar no quadro olímpico, com 40 medalhas no total, sendo 12 de ouro, 13 de prata e 15 de bronze.
Japão
O Japão é o membro do G20 com a décima maior renda per capita, que estava em US$ 22,3 mil em 1980 e deve chegar a US$ 46 mil em 2029 (crescimento de 106%). No mesmo período a população variou de 116,8 milhões para 120,8 milhões (crescimento de 3% entre 1980 e 2029). O Japão já chegou ao pico populacional em 2009 e tem apresentado decrescimento demográfico com aumento da renda per capita. O Japão tem um IDH de 0,920, ocupando o 24º lugar no ranking global.
O Japão é um país onde a maior parte da população se declara sem religião ou sem filiação religiosa. Este grupo majoritário era de 57% em 2010 e deve subir para 67,7% em 2050. Os budistas eram 36,2% em 2010 e deve cair para 25,1% em 2050. Os cristãos ficam em torno de 2%. As outras religiões variam em torno de 5% no período.
Nas Olimpíadas de 2024, o Japão ficou em 3º lugar no quadro olímpico, com 45 medalhas no total, sendo 20 de ouro, 12 de prata e 13 de bronze.
Turquia
A Turquia é o membro do G20 com a décima-primeira maior renda per capita, que estava em US$ 9,1 mil em 1980 e deve chegar a US$ 39,3 mil em 2029 (crescimento expressivo de 331%). No mesmo período a população variou de 45,3 milhões para 91,8 milhões (crescimento de 103% entre 1980 e 2029). O crescimento da renda per capita foi muito superior que a variação populacional. A Turquia tem um IDH de 0,855, ocupando o 45º lugar no ranking global.
No perfil religioso da Turquia, os muçulmanos são total maioria da população, com o monopólio de 98% das filiações religiosas (os sunitas são ampla maioria). As pessoas que se declaram sem religão constituem 1,2% e as outras religiões ficam em torno de 0,8%. Portanto, a Turquia tem uma presença muçulmana mais forte do que a da Arábia Saudita.
Nas Olimpíadas de Paris, a Turquia ficou em 64º lugar no quadro olímpico, com 8 medalhas no total, sendo zero de ouro, 13 de prata e 15 de bronze. A Turquia ficou atrás de Santa Lúcia, que é uma ilha do Caribe com 180 mil habitantes e ficou em 55º lugar no quadro olímpico, com 1 medalha de ouro e 1 medalha de prata.
Rússia
A Rússia é o membro do G20 com a décima-segunda maior renda per capita. Não há dados para a renda per capita russa em 1980, mas, em 2029, deve dicar na casa de US$ 33 mil. A população russa era de 138,6 milhões de habitantes em 1980 e deve ficar com 141,8 milhões em 2029 (crescimento de 2% entre 1980 e 2029). A Rússia já chegou ao pico populacional em 1993 e tem apresentado decrescimento demográfico com aumento da renda per capita, especialmente nos anos 2000. A Rússia tem um IDH de 0,821, ocupando o 56º lugar no ranking global.
O perfil religioso da Rússia é marcado pela maioria de cristãos ortodoxos. Este grupo hegemônico se mantém acima de 70% da população. As pessoas que se declaram sem religião eram 16,2% em 2010 e devem cair para 11,3% em 2050. As filiações muçulmanas eram de 10% em 2010 e devem alcançar 16,8% em 2050. As outras religiões perfazem menos de 1% no período.
A Rússia não participou das Olimpíadas de Paris, em 2024. O banimento da participação oficial da Rússia nos Jogos Olímpicos foi devido à guerra da Ucrânia e se estende para Belarus, país aliado de Moscou no conflito ucraniano.
Argentina
A Argentina é o membro do G20 com a décima-terceira maior renda per capita, que estava em US$ 18,3 mil em 1980 e deve chegar a US$ 24,1 mil em 2029 (crescimento de 32%). No mesmo período a população variou de 28 milhões para 49,6 milhões (crescimento de 77% entre 1980 e 2029). O crescimento da renda per capita foi inferior ao da variação populacional. A Argentina tem um IDH de 0,849, ocupando o 48º lugar no ranking global.
No perfil religioso da Argentina, os cristãos são maioria e representavam cerca de 85% da população, sendo que dentro do grupo majoritário os católicos são pouco mais de 60% e os evangélicos pouco superior a 20%, mas com tendência de crescimento. As pessoas que se declaram sem religão são em torno de 12% e as outras religiões ficam em torno de 2%.
Nas Olimpíadas de 2024, a Argentina ficou em 52º lugar no quadro olímpico, com 3 medalhas no total, sendo uma de cada cor. A Argentina ficou atrás da Jamaica, que é uma ilha do Caribe com 2,8 milhões de habitantes e ficou em 44º lugar, com 1 medalha de ouro, 3 de prata e 2 de bronze.
China
A China é o membro do G20 com a décima-quarta maior renda per capita, que estava em somente US$ 674 em 1980 e deve chegar a US$ 24 mil em 2029 (um impressionante crescimento exponencial de 3.463%). No mesmo período a população variou de 987 milhões para 1,4 bilhão (crescimento de 42% entre 1980 e 2029). A China chegou ao pico populacional em 2021, foi ultrapassada pela Índia com a nação mais populosa do mundo e já vive o decrescimento demográfico e continua apresentando aumento da renda per capita. Nestes 50 anos a China deu o maior salto histórico no desenvolvimento de um país. A China tem um IDH de 0,788, ocupando o 75º lugar no ranking global.
Assim como o Japão, a China é também um país onde a maior parte da população (51%) se declara sem religião ou sem filiação religiosa. Em segundo lugar, aparece as religiões populares com 22%, seguido dos budistas com 18%. Os cristãos ficam em torno de 5%, os muçulmanos com cerca de 2% e as outras religiões com menos de 1% ao longo de todo o período. Na China não tem peso relevante as três grandes religiões (cristianismo, islamismo e judaísmo), que possuem enorme influência no Ocidente, mas são inexpressivas no território chinês.
A China, o segundo país mais populoso do mundo, com 1,42 bilhão de habitantes em 2024, disputou prova a prova o topo do quadro de medalhas com os Estados Unidos da América (EUA). No cômputo final das Olimpíadas de Paris, a China ficou em 2º lugar, com 40 medalhas de ouro, 27 de prata, 24 de bronze, em um total de 91 medalhas.
México
O México é o membro do G20 com a décima-quinta maior renda per capita, que estava em US$ 16,6 mil em 1980 e deve chegar a US$ 22 mil em 2029 (um aumento de 33%). No mesmo período a população variou de 68,1 milhões de habitantes para 137,2 milhões (crescimento de 102% entre 1980 e 2029). O crescimento da renda per capita foi inferior ao da variação populacional. O México tem um IDH de 0,781, ocupando o 77º lugar no ranking global.
No perfil religioso do México, os cristãos são maioria absoluta e representavam mais de 90% da população, sendo que dentro do grupo majoritário os católicos são ampla maioria. O México continua um país muito católico (embora os evangélicos estejam crescendo em ritmo lento). As pessoas que se declaram sem religão eram de 5% em 2010 e devem chegar a 8,4% em 2050. As outras religiões ficam com menos de 1%.
O México é o segundo maior país da América Latina, mas ficou em 65º lugar nas Olimpíadas de Paris, com 5 medalhas no total, nenhuma de ouro, 3 de prata e 2 de bronze. Atrás, inclusive, da Argentina.
Brasil
O Brasil é o membro do G20 com a quarta menor renda per capita, que estava em US$ 11,2 mil em 1980 e deve chegar a US$ 17,9 mil em 2029 (um aumento de 61%). No mesmo período a população variou de 121,2 milhões de habitantes para 210,8 milhões (crescimento de 74% entre 1980 e 2029). O crescimento da renda per capita foi inferior ao da variação populacional. O Brasil tem um IDH de 0,760, ocupando o 89º lugar no ranking global e sendo o 4º pior IDH do G20.
No perfil religioso do Brasil, os cristãos são maioria absoluta e representavam pouco menos de 90% da população, sendo que dentro do grupo majoritário os católicos são maioria, mas devem ser ultrapassados pelos evangélicos na década de 2030. As pessoas que se declaram sem religão variam em torno de 10% no período. As outras religiões ficam em torno de 4%. Com a transição religiosa, o Brasil pode ser o único país do G20 que deve ter mudança no grupo religoso hegemônico, com os evangélicos assumindo a liderança nos próximos 10 ou 15 anos.
O Brasil é o 7º país mais populoso do mundo e ficou em 20º lugar no quadro de medalhas das Olimpíadas de Paris, com 20 medalhas no total, sendo 3 de ouro, 7 de prata e 10 de bronze. O destaque é que as mulheres brasileiras ganharam 60% das 20 medalhas conquistadas, sendo as 3 medalhas de ouro 100% femininas.
Indonésia
A Indonésia é o membro do G20 com a terceira menor renda per capita, que estava em somente US$ 2,9 mil em 1980 e deve chegar a US$ 16,5 mil em 2029 (um aumento significativo de 480%). No mesmo período a população variou de 147,5 milhões de habitantes para 291,9 milhões (crescimento de 98% entre 1980 e 2029). A Indonésia é o quarto país mais populoso do mundo. O crescimento da renda per capita foi bem superior ao da variação populacional. A Indonésia tem um IDH de 0,713, ocupando o 112º lugar.
No perfil religioso da Indonésia, os muçulmanos são maioria da população, com quase 90% (os sunitas são ampla maioria). Há cerca de 10% de Cristãos e cerca de 2% de Hindus. As outras religiões ficam em torno de 1% no período.
Nas Olimpíadas de Paris, a Indonésia – o quarto país mais populoso do mundo – ficou em 39º lugar no quadro olímpico, com 3 medalhas no total, 2 de ouro, zero de prata e 1 de bronze. O contraste é marcante com a Nova Zelândia, que possui apenas 5,2 milhões de habitantes, mas ficou em 11º lugar no quadro olímpico, com 10 medalhas de ouro, 7 de prata e 3 de bronze.
África do Sul
A África do Sul é o membro do G20 com a penúltima menor renda per capita, que estava em US$ 12,3 mil em 1980 e deve chegar a US$ 13 mil em 2029 (um aumento de 6%). No mesmo período a população variou de 29,1 milhões de habitantes para 67,4 milhões (crescimento de 132% entre 1980 e 2029). O crescimento da renda per capita foi inferior ao da variação populacional. A África do Sul tem IDH de 0,717 (110º lugar).
No perfil religioso da África do Sul, os cristãos são maioria e representavam pouco mais de 80% da população, sendo que dentro do grupo majoritário os evangélicos são maioria. As pessoas que se declaram sem religão variam em torno de 15% no período. Os muçulmanos constituem cerca de 2% das filiações religiosas. As outras religiões ficam também em torno de 2% do total populacional.
Nas Olimpíadas de Paris, a África do Sul ficou em 44º lugar no quadro olímpico, com 6 medalhas no total, 1 de ouro, 3 de prata e 2 de bronze. Mas o país do continente africano melhor posicionado foi o Quênia, que ficou com 17º lugar (na frente do Brasil), com 11 medalhas, sendo 4 de ouro, 2 de prata e 5 de bronze.
Índia
A Índia é o membro do G20 com a menor renda per capita, que estava em US$ 1,3 mil em 1980 e deve chegar a US$ 10,6 mil em 2029 (um aumento significativo de 702%). No mesmo período a população variou de 697 milhões de habitantes para 1,5 bilhão (crescimento de 116% entre 1980 e 2029). A Índia se tornou o país mais populoso do mundo a partir de 2022, superando a China. Nos últimos 50 anos, o crescimento da renda per capita foi bem superior ao ritmo da variação populacional. A Índia tem um IDH de 0,644, ocupando o 134º no ranking global e ficando em último lugar entre os países do G20.
No perfil religioso da Índia, os hindus são maioria da população, com cerca de 80%. Os muçulmanos eram 14,4% em 2010 e devem chegar a 18,4% em 2050. Há cerca de 2,5% de Cristãos e cerca de 3% de outras religiões. A Índia é um dos países mais religiosos do mundo.
Apesar de ser o país mais populoso do mundo, a Índia ficou em 71º lugar na Olimpíadas de Paris, com 6 medalhas no total, nenhuma de ouro, 1 de prata e 5 de bronze. A Índia teve pior desempenho em relação a nações com menor população e menor renda per capita, como o Quênia, que ficou em 17º lugar no quadro de medalhas.
A 19ª Cúpula de Líderes do G20 do Rio de Janeiro
A cúpula do G20 no Rio de Janeiro, em novembro de 2024, promete ser um evento de grande importância para diversas áreas: conflitos econômicos globais, mudanças climáticas e sustentabilidade, tecnologia e inovação, geopolítica e segurança global; desigualdade e inclusão social, relações bilaterais, entre outras.
A própria composição dos países do G20 já demonstra que se trata de um fórum bastante plural, com países de alta renda (economias avançadas) e países de renda média (países emergentes e em desenvolvimento), países de diferentes escalas demográficas e países com diversas composições religiosas nacionais.
Cada um dos 19 países do G20 possui a sua própria dinâmica interna nas áreas econômica, demográfica, social, esportiva e religiosa. Esta diversidade contribui para a maior representatividade do grupo. Porém, as prioridades dos países são diferentes e não é fácil alcançar consenso sobre os temas internacionais mais candentes, como as guerras, a administração dos avanços tecnológicos, a regulação da Inteligência Artificial, as disputas comerciais, a regulamentação das redes sociais, a prioridade no combate às situações de pobreza e fome, a redução das desigualdades, o avanço na transição energética e a efetividade nas ações concretas para mitigar a crise climática e ambiental.
Sendo o anfitrião, o Brasil busca a formalização de uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Sem dúvida, é uma iniciativa urgente, pois o mundo não está no caminho de cumprir a meta número 2 dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030 da ONU, que diz: “Até 2030, acabar com a fome e garantir o acesso de todas as pessoas, em particular os pobres e pessoas em situações vulneráveis, incluindo crianças, a alimentos seguros, nutritivos e suficientes durante todo o ano”.
A FAO (Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura), junto com agências parcerias, lançaram, no final de julho, a edição anual do relatório “O Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo”, mostrando que os níveis de fome seguem persistentemente altos por três anos consecutivos, enquanto falta dinheiro para resolver o problema. O relatório mostra que 733 milhões de pessoas passaram fome em 2023, o equivalente a 1 em cada 11 pessoas no mundo, sendo 20% na África.
A meta de Fome Zero, dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), também está ameaçada pelo aquecimento global que já está dificultando a produção de alimentos no mundo e agravando a insegurança alimentar. Os últimos 10 anos foram os mais quentes do Holoceno, sendo que 2023 registrou um recorde bem acima do previsto e os dias 22 e 23 de julho atingiram temperaturas nunca vistas nos últimos 125 mil anos.
As lutas contra a pobreza, a fome e a emergência climática estão totalmente interligadas e requerem recursos financeiros substanciais. Mas a proposta de tributação dos super ricos, provavelmente, não deve sair do papel. Em enquanto isto, o mundo tem preferido “investir” em gastos de guerra e destruição em massa.
Segundo o Stockholm International Peace Research Institute (SIPRI), as despesas militares mundiais aumentaram pelo nono ano consecutivo e atingiram um recorde de US$ 2,44 trilhões em 2023. Sendo que apenas 5 países concentram mais de 60% de todas as despesas militares: EUA (37%), China (12%), Rússia (4,5%), Índia (3,4%) e Arábia Saudita (3,1%). O G20 responde por mais de 80% dos gastos militares globais. A redução dos gastos militares é um imperativo para a melhoria das condições sociais e ambientais do mundo.
Portanto, a Cúpula do G20 que acontecerá no Rio de Janeiro em novembro de 2024, a despeito das desigualdades demográficas, econômicas e religiosas entre os 19 países, tem os meios e os recursos para enfrentar os principais desafios do planeta. Resta saber se terão a grandeza de apresentar as respostas corretas e as soluções efetivas que a população humana e a natureza esperam e necessitam com urgência.
Referências:
ALVES, JED. A dinâmica econômica e demográfica do G20, # Colabora, 13/05/2024
ALVES, JED. Alguns países do G20 estão reduzindo as emissões per capita de CO2 e outros não, # Colabora, 24/06/2024 https://projetocolabora.com.br/ods13/alguns-paises-do-g20-estao-reduzindo-emissoes-de-co2-outros-nao/
World Economic Outlook (WEO), IMF, April 2024 https://www.imf.org/en/Publications/WEO
The 2023/24 Human Development Report. Breaking the gridlock: Reimagining cooperation in a polarized world, UNDP, MARCH 14, 2024
https://www.undp.org/sites/g/files/zskgke326/files/2024-03/hdr2023-24reporten_2.pdf
PEW Research. Religious Composition by Country for 2010-2050, December 21, 2022
https://www.pewresearch.org/religion/feature/religious-composition-by-country-2010-2050/
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José Eustáquio Diniz Alves é sociólogo, mestre em economia, doutor em Demografia pelo Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar/UFMG), pesquisador aposentado do IBGE, colaborador do Projeto #Colabora e autor do livro "ALVES, JED. Demografia e Economia nos 200 anos da Independência do Brasil e cenários para o século" (com a colaboração de F. Galiza), editado pela Escola de Negócios e Seguro, Rio de Janeiro, 2022.