Mais um Guajajara é morto no Maranhão

Força Nacional está na região, onde foram assassinadas outras três lideranças nos últimos dias

Por Amazônia Real | ODS 15 • Publicada em 13 de dezembro de 2019 - 13:38 • Atualizada em 16 de dezembro de 2019 - 18:10

Foto das famílias que ficaram órfãos após as mortes de caciques Guajajara no sábado, dia 7 de dezembro (Divulgação)
Foto das famílias que ficaram órfãos após as mortes de caciques Guajajara no sábado, dia 7 de dezembro (Divulgação)
Foto das famílias que ficaram órfãos após as mortes de caciques Guajajara no sábado, dia 7 de dezembro (Divulgação)

*Por Izabel Santos e Kátia Brasil

Manaus (AM) – O site de notícias MídiaÍndia divulgou na manhã desta sexta-feira (13) um quarto assassinato de indígena Guajajara, no Maranhão. Erisvan Soares Guajajara, de 15 anos, foi encontrado esquartejado em um terreno na cidade de Amarante do Maranhão, a 683 quilômetros da capital São Luís. No mesmo local estava também o corpo de um homem não indígena, Roberto do Nascimento Silva, de 31 anos, morto também a facadas.

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Segundo o comandante do 34º Batalhão da Polícia Militar de Amarante do Maranhão, tenente-coronel Jorge Araújo Junior, a suspeita para os crimes é um suposto envolvimento com o tráfico de drogas. As lideranças Guajajara, no entanto, não confirmaram essa informação. As mortes aconteceram após os rapazes deixarem uma festa na localidade de Vila Industrial. Não há pistas dos criminosos.

O guardião Paulino Guajajara foi assassinado no dia 1º de novembro. Ele defendia a floresta e seu território (Foto: Patrick Raynaud/APIB)
O guardião Paulino Guajajara foi assassinado no dia 1º de novembro. Ele defendia a floresta e seu território
(Foto: Patrick Raynaud/APIB)

A coordenadora-executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB), Sonia Guajajara, que está denunciando a situação de ausência de poder público e invasão para exploração de madeira no território de seu povo, não concorda com essa versão da PM do Maranhão sobre a morte do quarto indígena. Em suas redes sociais, Sonia comentou a sequência de crimes brutais que vem tirando a vida dos Guajajara:

“São muitas falácias, muitas versões, acusações, não interessa, ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém. Não é apenas um cenário de guerra, estamos num campo de batalha onde o ódio disseminado pelas forças políticas conservadoras, autoritárias, racistas são estimuladas pelo fascismo que já extrapolou todos os seus limites. Esse já é o quarto assassinato registrado do povo Guajajara nos últimos meses. É preciso dar um basta urgentemente. Vidas estão sendo tiradas e outras colocadas em risco em nome da ganância”, afirmou a líder indígena e ex-candidata à vice-presidente na chapa de Guilherme Boulos (PSOL) em 2018.

“Os corpos dos dois rapazes estão no Instituto Médico Legal da cidade”, informou o site G1 Maranhão. Segundo lideranças ouvidas pela Amazônia Real, Dorivan Guajajara é da aldeia Funil, que fica na Terra Indígena Arariboia, a mesma de Paulino Guajajara, o Guardião da Floresta, que foi assassinado em 1º de novembro deste ano em conflito com madeireiros – um madeireiro também morreu e um indígena ficou ferido. Os guardiões já estavam ameaçados e pediram segurança de vida às autoridades estaduais e federais.

No último sábado (7) foram assassinados dois caciques na rodovia BR-226 no trecho próximo à Terra Indígena Cana Brava, no município de Jenipapo dos Vieiras, no oeste do Maranhão: Raimundo Benício Guajajara e Firmino Prexede Guajajara. Outros dois indígenas ficaram feridos. A Polícia Federal investiga as mortes das três lideranças.

Nesta segunda-feira (9), a reportagem da agência Amazônia Real divulgou vários áudios, que chegaram aos telefones celulares das lideranças Guajajara, ameaçando-os de morte e disparando discurso de ódio contra eles, aumentando assim o clima de tensão na região. Os áudios estão sendo analisados pelo Ministério Público Federal, que ainda não se manifestou sobre quais providências irá tomar.

O novo assassinato contra indígenas Guajajara acontece dois dias após a Força Nacional de Segurança chegar no Maranhão para garantir a integridade dos povos. O envio da Força Nacional foi determinado pelo ministro da Justiça, Sérgio Moro.

*Reportagem atualizada em 16/12/2019 para corrigir nome e idade do indígena assassinado

Amazônia Real

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