A nova onda dos casamentos falsos

Quando a gente acha que já viu de tudo em termos de modismos e que nenhum mais será capaz de nos surpreender, eis que surgem as apoteóticas festanças de casamento que andam animando as noites dos jovens argentinos e, mais recentemente, dos uruguaios. Do tipo concorridíssimos, os tais rega-bofes passam longe do conceito de sustentabilidade, mas não decepcionam os convidados no quesito diversão: são realizadas sempre em belas instalações, a decoração é um luxo, a cerimônia civil emociona, comida e bebida são de qualidade e DJs garantem boa música para deixar a pista cheia até o sol raiar. Ah, sim, os noivos se beijam apaixonadamente, após o “sim” diante do juiz de paz. E, como não poderia deixar de ser, às convidadas está reservado o disputado momento de pegar o buquê. Tudo perfeito se não fosse uma certeza: o casal jamais será feliz para sempre porque TUDOOOO é absolutamente fake!

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A falsa boda é um evento único, voltado para aqueles que têm o desejo de ir a um casamento, vestir-se, ir com amigos e desfrutar da energia transmitida apenas nesses eventos. Por que esperar um amigo para tomar a decisão? Casamento falso convida a viver uma experiência diferente, sendo o único evento que alcança uma mistura perfeita entre um espetáculo teatral e uma festa de gala, combinando emoção com elegância, magia e diversão.

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Isso mesmo! Essas festas-ostentação, que atendem pelo nome espanhol de “Falsa Boda” – e que chegam a reunir até 600 convidados -, viraram moda nos dois países vizinhos e seus organizadores, com sorrido de orelha a orelha, sonham agora realizá-las também em solo brasileiro. E já estão pesquisando como tornar isso possível. Até em Moscou, na Rússia, a festança já foi replicada, com sucesso, segundo relatos.

Os autores da proposta inusitada são cinco amigos argentinos, de Buenos Aires, sócios de uma agência de eventos. A turma chegou à conclusão de que as boas festas do gênero estavam se tornando raras porque as pessoas já não se casam tanto, pelo menos em grande estilo… E, sendo assim, ainda segundo eles, muitos jovens com menos 25 anos, provavelmente, nunca tinham ido a uma cerimônia de bodas. Então, por que não produzi-las? E assim surgiu a ideia, em 2013, de criar os casamentos fictícios. O primeiro aconteceu em Buenos Aires e a trupe não parou mais. Os convites giram em torno de US$ 50, por convidado, que precisam cumprir o dress code: roupas traje noite.

Enfim, tudo é um pretexto para que centenas de pessoas que não se conhecem se reúnam em noites memoráveis. Os noivos de mentirinha – são atores – embarcam na ilusão e não fazem feio, o que inclui até beijo cinematográfico. Para que as festas não tenham um tom careta, algumas delas trazem surpresas, como uma noiva que desiste do enlace na hora H… Os organizadores já criaram também casamentos homoafetivos, como mostra um vídeo da agência, com mais de 16 mil visualizações.

“A falsa boda é um evento único, voltado para aqueles que têm o desejo de ir a um casamento, vestir-se, ir com amigos e desfrutar da energia transmitida apenas nesses eventos. Por que esperar um amigo para tomar a decisão? Casamento falso convida a viver uma experiência diferente, sendo o único evento que alcança uma mistura perfeita entre um espetáculo teatral e uma festa de gala, combinando emoção com elegância, magia e diversão.” É assim que o conceito do evento é apresentado no site da Falsa Boda. Um vídeo exibindo os melhores momentos das festas desperta o interesse de quem entra na plataforma.

Bem longe do conceito “menos é mais”, os organizadores também incluem espetáculos de queima de fogos, performances de bailarinos, música ao vivo e DJs para não deixar a temperatura cair. Os organizadores se referem à Falsa Boda como a festa mais divertida do mundo: “Nós recriamos todos os momentos mais engraçados de um casamento real. Histórias de amor de ficção tornam-se protagonistas de uma noite de gala, onde todos os frequentadores são parte da experiência”, diz outro trecho do site.

Buenos Aires, Córdoba, Rosário, Mendoza, Paraná (cidade argentina) e Montevideo estão no circuito das festanças das Falsas Bodas. Prova do sucesso da empreitada está no número de seguidores da página do Facebook, que ultrapassou a barreira dos 18 mil e alcançou mais de 47 mil curtidas.

Ao #Colabora, um dos integrantes da organização do rega-bofe em terras argentinas, Gastón Gennai disse que não esconde o desejo de replicar a experiência no Brasil:

– Nos encantaría ir a Brasil a realizar una de nuestras ediciones!

O produtor de TV Rafael Monteiro, de 29 anos, um festeiro de carteirinha e sempre antenado com o circuito de eventos cariocas, conta já ter ouvido falar das festas da Falsa Boda e, claro, está curioso. Se uma das edições aportar no Rio, ele vai conhecer.

– Achei o conceito diferente e fiquei bastante curioso. Gosto de festas animadas, o que me parece ser o caso da Falsa Boda. Se uma chegar por aqui, vou comprar convite para ver se é isso tudo que dizem – promete o festeiro, que defende uma “pegada” mais sustentável nesses eventos.  – Não sei como, mas essas festas não podiam seguir um caminho um pouco mais sustentável, como, por exemplo, tentar reduzir a produção de lixo.