(Texto: Cristina Chacel) A melancolia está no ar. Sem gente, a arte impermanente de muros, fachadas, portas, janelas, becos, viadutos, feita ao improviso e sem pedir licença, invade a fotografia, que dela se apropria para provocar outro olhar, talvez mais distante, sem a referência da rua. Ou quem sabe mais intrigante, exatamente pela ausência dela.
A cidade é onipresente. Uma hipótese, uma sugestão de vazio. Ela se reflete em rastros, manchas, pistas, sombras, vestígios, tinturas, ranhuras, inscrições. Acumula impressões de uso e reuso dos suportes urbanos de obras que contêm passado e história. Marcas efêmeras da passagem do tempo. A tela, aqui, é a cidade do Rio de Janeiro.
arte sem plateia sem gente a arte permanente nas ruas talvez mais uma sugestao de vazio ela aparece em expressões diferentes e também aparece em muros, portas, janelas, becos e viadutos sta evocação virtuosa de acasos, as imagens são colhidas em tributo a quem inventa e transforma as ruas. Gente em trânsito, em circulação, que cria muitas narrativas, todas do tempo presente. Gente como Chico Silva, Kdoum, Cety, Tuiu, Di Couto, Amora, Dolores, Nobã, Iogs, Pia, Preá, Gais, Acme e Ment, narradores contemporâneos das grandes cidades do mundo.