ODS 1
Série de reportagens do #Colabora sobre hanseníase ganha prêmio

Especial da jornalista Letícia Lopes - 1Internação à força e filhos separados dos pais - mostra a violência do Estado contra pacientes e suas famílias por décadas

A série especial de reportagens ‘Hanseníase: internação à força e filhos separados dos pais’ – de Letícia Lopes, com a participação de Yuri Fernandes e Isabela Carvalho – conquistou o Prêmio NHR Brasil de Jornalismo, na categoria Webjornalismo. As reportagens vencedoras do 3º Prêmio NHR Brasil de Jornalismo foram anunciadas durante a cerimônia de abertura do 1º Congresso Digital da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical nesta segunda-feira, 25/10.
Leu a série premiada? Hanseníase: internação à força e filhos separados dos pais
A reportagem especial do #Colabora mostra que, durante quatro décadas, a política governamental de combate à hanseníase no Brasil era baseada na internação à força dos portadores da doença e sua separação da família, inclusive dos filhos recém-nascidos. Na série, publicada em maior de 2021, sobreviventes lembram as dores da separação e filhos cobram, na Justiça, a reparação do Estado. “Chorei tantas vezes, mas tantas vezes, que não tenho como enumerar”, contou a jornalista Letícia Lopes, ao lembrar da apuração da reportagem.
Viu este? Dona Santina e o isolamento compulsório na política contra a hanseníase
A série especial do #Colabora também é finalista do 10º Prêmio AMAERJ Patrícia Acioli de Direitos Humanos, na categoria Reportagens Jornalísticas, que teve 122 inscrições. Os vencedores serão conhecidos em 8 de novembro: além da série sobre Hanseníase, estão na disputa reportagens da Amazônia Real e do Repórter Brasil, em parceria, da Folha de S. Paulo, dos jornais Globo e Extra, também em parceria, e do UOL.
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Veja o que já enviamosA série foi inspirada no trabalho de conclusão de curso de jornalismo de Letícia, na Universidade Federal Fluminense, em 2019. A reportagem para o #Colabora incluiu atualizações, apurações e a realização de um vídeo em parceria com os jornalistas Yuri Fernandes e Isabela Carvalho. “Chorei pela dureza das histórias que ouvi: de Dona Santinha, Geraldo, Dona Dodô, Cleima, Seu Dutra. Infâncias entrecortadas por traumas e vidas inteiras dentro de uma cidade dentro da cidade, que parece até coisa de filme, mas foi política de saúde do Estado brasileiro”, destacou.
A jornalista Letícia Lopes também ficou emocionada com a premiação. ““Receber esse prêmio junto do Yuri Fernandes e da Isabela Carvalho é uma alegria gigante, ainda mais ao concorrer com reportagens tão importantes e necessárias sobre a hanseníase. A doença é ainda negligenciada e esquecida no nosso país, tratada por muitos com desprezo e desrespeito, mesmo que o Brasil ocupe a segunda posição em casos diagnosticados em todo mundo. Precisamos todos conhecer o que houve com milhares de brasileiros e brasileiras com hanseniase, crianças e adultos, durante tanto tempo para que nunca mais se repita, lutar pela prevenção e garantir que todos recebam o tratamento de maneira rápida e eficiente”, afirmou.
O Prêmio NHR Brasil de Jornalismo, desde 2018, busca reconhecer e estimular um olhar atento dos profissionais de comunicação para o tema da hanseníase e de doenças tropicais negligenciadas. A NHR é uma organização não-governamental internacional – com base na Holanda e funcionando no Brasil desde 1994 – que tem como foco a luta por um mundo livre da hanseníase. A NHR Brasil integra a Federação Internacional de Associações de Combate à Hanseníase (ILEP).
Além de ‘Hanseníase: internação à força e filhos separados dos pais’ na categoria Webjornalismo, também foram premiadas as reportagens ‘Hanseníase em Alagoas: Preconceito é maior que a doença’, de Ana Paula Omena e Lucas França, da Tribuna Independente, de Maceió (categoria Jornalismo Impresso); ‘Hanseníase – É preciso falar sobre isso’, de Christian Souza, da Rádio Antares, de Teresina (Radiojornalismo); ‘Hanseníase – Endemia presente, preconceito também’, de Suely Frota Bezerra, Cibele Fabrícia Couto Carvalho, Daniel Cardoso Teixeira, José Ribamar Júnior, José Félix Magalhães e José Reginaldo da Silva, da TV Assembleia do Ceará (Telejornalismo); e ‘Leishmaniose, retrato do abandono’, de Ana Graziela Aguiar de Oliveira, Amanda Cieglinski, Alexandre Silva, Alexandre Souza, Flávia Lima, André Eustáquio e Dinho Rodrigues, da TV Brasil, em Brasília (categoria Doenças Tropicais Negligenciadas).
A comissão julgadora do Prêmio NHR Brasil foi formada pelos jornalista Miguel Macedo, professor do curso de Jornalismo do Centro Universitário 7 de Setembro, Yanna Guimarães, mestre em Comunicação de Ciência pela Universidade de Nova Lisboa, o infectologista Alberto Novaes Ramos Jr, coordenador do Doutorado em Saúde Coletiva da Universidade Federal do Ceará (UFC), a professora Sacha Nogueira, orientadora da Liga Acadêmica em Doenças Estigmatizantes (Lades/UFC), e Luiz Antônio Botelho Andrade, coordenador do Laboratório de Audiovisual Científico da Universidade Federal Fluminense (UFF).
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