O Brasil é o país que mais busca por homofobia no mundo. Estamos realmente preocupados em correr atrás de mais informações e conteúdos sobre o assunto. Quem garante isso é o próprio Google, que fez recentemente um levantamento sobre as pesquisas relacionadas ao universo LGBT. Entre as boas notícias está a de que, desde 2015, o interesse de busca por direitos LGBT+ é superior ao por termos relacionados a retórica anti-LGBT. Temas como políticas públicas, educação, violência e empregabilidade se destacam entre as curiosidades mais usuais dos brasileiros. E, claro, há também muitas perguntas. Afinal, a maior visibilidade das questões que envolvem sexualidade e gênero acarreta uma série de novos significados, termos e contextualizações que precisam ser descobertos.
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O #Colabora procurou dois especialistas para responder as principais dúvidas envolvendo homofobia que fazem os internautas brasileiros correr para o Google. São eles: Henrique Rabello, advogado, professor da UFRJ e presidente da Comissão de Diversidade Sexual e Gênero da OAB/RJ, e a psicóloga Elisângela Pereira, especialista em sexualidade humana e psicoterapia comportamental, vertente que tem a fobia entre seus objetos de estudo.
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Veja o que já enviamosO que é ser homofóbico?
Elisângela Pereira: Ser homofóbico significa ter preconceito, raiva, ódio ou uma aversão total e repugnância contra pessoas homoafetivas.
Henrique Rabello: É justamente perceber todas as identidades de gênero e orientações sexuais diversas do padrão heteronormativo* como anormais, inferiores e patológicas. Isso se reflete por meio de agressões físicas e psicológicas praticadas por pessoas em caráter particular ou institucional.
* Padrão heteronormativo é ideia que traz a heterossexualidade como padrão de normalidade, na qual espera-se que todos sejam heterossexuais e, portanto, a existência de outros tipos de sexualidade é discriminada.
O que é preconceito homofóbico?
[g1_quote author_name=”Elisângela Pereira” author_description=”Psicóloga” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]A partir do momento em que a pessoa afirma com tanta veemência esse ódio, ela está o tempo todo tentando exaltar a sua heterossexualidade. Então, a gente pode dizer que o homofóbico teria origem no medo da sua própria homossexualidade
[/g1_quote]Henrique Rabello: O preconceito homofóbico se estabelece nas bases citadas acima, a partir de práticas e comportamentos em que todas as dissidências do padrão heteronormativo são rejeitadas e reprimidas. O preconceito homofóbico atinge inclusive pessoas heterossexuais que podem ser violentadas, em diversos níveis, se confundidas com pessoas LGBT+.
De que maneira a homofobia e a transfobia se materializam?
Elisângela Pereira: A materialização começa por pequenos atos, como a verbalização de intolerância por meio de xingamentos. Isso pode aumentar para a violência física, e, nos casos mais extremos, agressão seguida de morte. São atos de total intolerância e falta de respeito com a individualidade do outro.
Henrique Rabello: Desde ataques verbais a agressões físicas, seja na escola, no ambiente de trabalho ou em família. A homofobia e a transfobia se materializam por meio de práticas cotidianas de repulsa e não reconhecimento, que se manifestam de diversas formas: das mais sutis, naturalizadas no dia a dia, até a violência que pode levar à morte.
Quais as causas da homofobia?
Henrique Rabello: A homofobia está relacionada diretamente ao estabelecimento de um padrão heteronormativo hegemônico que orienta a relação entre as pessoas. Dessa forma, todos os corpos dissidentes desse padrão não são reconhecidos e, portanto, sujeitos à violências físicas e psicológicas.
[g1_quote author_name=”Henrique Rabello” author_description=”Advogado e professor” author_description_format=”%link%” align=”left” size=”s” style=”simple” template=”01″]O preconceito homofóbico é justamente perceber todas as identidades de gênero e orientações sexuais diversas do padrão heteronormativo como anormais, inferiores e patológicas
[/g1_quote]Elisângela Pereira: Freud, criador da psicanálise, defendia a teoria em que todos nós nascemos bissexuais, só que, ao longo do nosso desenvolvimento, fazemos uma força gigantesca para reprimir a atração por pessoas do mesmo sexo. A maioria dos homofóbicos, segundo a psicologia, tem origem exatamente no medo. Medo de se demonstrar ou de parecer homossexual. Porque a partir do momento em que a pessoa afirma com tanta veemência esse ódio, ela está o tempo todo tentando exaltar a sua heterossexualidade. Então, a gente pode dizer que o homofóbico teria origem no medo da sua própria homossexualidade.
O que é homofobia institucional?
Elisângela Pereira: É o tipo de discriminação homofóbica que pode ser percebida dentro das instituições, nas escolas e em cargos públicos, por exemplo. Em qualquer tipo de instituição onde é percebido, de forma explícita ou sutil, que houve um preconceito ou uma discriminação em decorrência da orientação sexual. Isso pode se dar durante o acesso a uma determinada vaga, em um concurso público, em um cargo dentro da empresa privada.
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Ninguém pode impedir ninguém de ser homofobico. O que pode ser impedido é a manifestação disso. É aquela conhecida declaração de que posso discordar de você, mas defenderei até a morte o seu direito de pensar o que quiser. Por mais que alguém não aceite esse tipo de relacionamento, não tem direito de interferir de forma alguma na vida dos que o aceitam e vivenciam.
Eu iria no radical da palavra: Homo/Igual e Fobia/Medo! Há uma certa generalização, ao incluir, aqueles/as que Não sentem atração pelo “Igual”! Digo isto porque parece insano quem não tenha motivo para sentir ciumes de um dos dois/duas, se importar que se relacionem intimamente! Até numa confraternização, primeira no apartamento, o corretor foi ficando por ultimo e a sós, começou a me “procurar” e perguntou sobre meus familiares, ao que eu disse que minha irmã noutro apartamento buscou saber se eu “recebia homem”, mas na questão dele, Não viria problema de eu e ele passarmos a noite juntos, até para ela saber que sou seletivo e Não da forma que ela “sugeriu” que eu pudesse ser!