O capítulo do relatório da ONG Human Rights Watch – a maior entidade de defesa dos direitos humanos do mundo – sobre o Brasil é uma longa lista de números assustadores sobre o país. O relatório é duro com governo. “Durante seu primeiro ano de mandato, o presidente Jair Bolsonaro assumiu uma agenda contra os direitos humanos, adotando medidas que colocariam em maior risco populações já vulneráveis. Os tribunais e o Congresso impediram algumas dessas políticas”, afirma o relatório.
LEIA MAIS: As violações de direitos humanos na Pan-Amazônia
LEIA MAIS: Cimi denuncia genocídio contra indígenas
Gostando do conteúdo? Nossas notícias também podem chegar no seu e-mail.
Veja o que já enviamosSuas políticas ambientais na prática deram carta branca às redes criminosas que praticam extração ilegal de madeira na Amazônia e usam intimidação e violência contra povos indígenas, comunidades locais e servidores de agências ambientais que tentam defender a floresta
[/g1_quote]O relatório e seu capítulo brasileiro foram apresentados, nesta quarta-feira (15/01), pela diretora da diretora da Human Rights Watch no Brasil, Maria Laura Camineu, em entrevista coletiva. “O governo tem culpado ONGs, voluntários brigadistas e povos indígenas pelos incêndios na Amazônia e, ao mesmo tempo, fracassado em agir contra as redes criminosas que estão derrubando árvores e queimando a floresta para dar lugar à criação de gado e agricultura, ameaçando e atacando aqueles que estão no caminho”, afirmou Laura Camineu.A parte do Brasil ocupa nove páginas com críticas ásperas ao presidente Bolsonaro sobre segurança pública, violações de direitos humanos, perseguições à mídia e a ONGs e falta de políticas públicas para mulheres e crianças . “Suas políticas ambientais na prática deram carta branca às redes criminosas que praticam extração ilegal de madeira na Amazônia e usam intimidação e violência contra povos indígenas, comunidades locais e servidores de agências ambientais que tentam defender a floresta”, aponta a Human Rights Watch antes de botar os números das ameaças aos direitos humanos no país.
O desmatamento na Amazônia aumentou em mais de 80%, de janeiro a outubro de 2019, em comparação com o mesmo período de 2018
Foram relatados 160 casos de extração ilegal de madeira, invasões e outras infrações nos territórios indígenas de janeiro a setembro.
De janeiro a 3 de outubro, o governo Bolsonaro havia aprovado 382 novos agrotóxicos, muitos deles restritos ou proibidos nos Estados Unidos e na Europa por sua toxicidade
Cerca de 1 milhão de casos de violência doméstica aguardavam julgamento em 2018, incluindo 4.400 feminicídios
As mortes cometidas pela polícia aumentaram 20% em 2018, atingindo 6.220
Em São Paulo, as mortes por policiais em serviço aumentaram 8% de janeiro a setembro de 2019.
No Rio de Janeiro, a polícia matou 1.402 pessoas de janeiro a setembro, o maior número já registrado para o período.
Até junho de 2019, as unidades socioeducativas no Brasil acolhiam mais de 21.000 crianças e adolescentes.
Mais de 830.000 adultos estavam presos nas instalações prisionais brasileiras: mais de 40% deles aguardavam julgamento
Em julho de 2019, mais de 5.100 mulheres com direito a prisão domiciliar, 310 delas grávidas, ainda aguardavam julgamento atrás das grades
Mais de 224.000 venezuelanos viviam no Brasil, dos quais mais da metade havia solicitado refúgio